Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Como integrar o estudo da gramática nas aulas de Português? No contexto escolar, reconhece-se a necessidade de enquadrar o conhecimento explícito da língua na realidade e nas expetativas dos alunos. E, aceitando uma visão pluricêntrica da língua, também se atende à sua diversidade nos âmbitos e nos países onde é falada: de língua materna a língua segunda, de língua de herança a língua estrangeira. Ao encontro destas preocupações, Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, apresenta na Montra de Livros a obra Lugar da Gramática na Aula de Português, organizada pelos linguistas Paulo OsórioEulália Leurquin e Maria da Conceição Coelho, que reúnem um conjunto de textos centrados na problemática do ensino do português nos países lusófonos.

2. Que se sabe ao certo acerca da eficácia dos métodos aplicados ao ensino das línguas, em especial, ao do português, quer seja língua materna quer não? Em Portugal, parece que pouco, sustenta Ana Sousa Martins num apontamento intitulado "Números precisam-se", em linha na rubrica Ensino.

3. No consultório, uma pergunta dá relevo à análise gramatical a propósito da distinção entre adjetivos participiais e particípios passivos, enquanto outra regressa à identificação do complemento do nome. As restantes questões dizem respeito à morfologia, quando indagam pela boa formação dos termos obesogénico e representação icónica ou exigem pesquisa etimológica para criar o gentílico de Carnicães, um topónimo localizado no distrito da Guarda.

4. Das palavras, depende muito o clima das relações humanas, em casa ou no trabalho. Em O nosso idioma, transcreve-se um texto que a consultora linguística Sandra Duarte Tavares escreveu e publicou na edição digital revista Visão em 22/01/2019, a respeito da distinção dos vocábulos em categorias, de acordo com a sua capacidade de despertar ou neutralizar emoções positivas e negativas. Na mesma rubrica, disponibiliza-se igualmente uma lista curiosa, recolhida no portal Vortexmag, à volta de certos arcaísmos, ou seja, palavras que caíram ou vão caindo no esquecimento, como asinha, soer ou tença. Duas outras palavras menos usadas no léxico comum – almece e atabefe, ambas de origem árabe, denominando produtos do leite, – trá-las ao conhecimento público o colunista Miguel Esteves Cardoso nesta sua crónica no jornal Público deste dia. 

5. Voltando ao tema do ensino em países de língua oficial portuguesa, é de assinalar a preocupação sentida em Angola com o funcionamento das escolas, nestas notícias recentes do jornal angolano Nova Gazeta (nos títulos, mantém-se a ortografia de 1945, ainda em vigor em Angola):  "Mais de 45 por cento dos alunos não sabem ler" (29/11/2018); "Primária com materiais atualizados" (6/12/2018); "Professores com dupla efectividade têm os dias contados (23/01/2019). Da atualidade, merece igual destaque o lançamento, pela Anistia Internacional Brasil, do livro eletrónico Educação em Direitos Humanos 2018.

6. Respeitante ainda a conteúdos da Internet que veiculam informação (às vezes nem sempre com o rigor devido..) sobre a nossa língua ou, por causa dela, suscitam debate (nem sempre moderado), uma chamada de atenção para:

– a polémica que ainda rodeia a etimologia de mulato, há tempos reacesa pela historiadora brasileira Lita Chastan (ler notícia);

– uma lista dos "falsos amigos" que o português tem noutros idiomas (aqui);

– e o vídeo da saborosa conversa entre o brasileiro Gregório Duvivier e o português Ricardo Araújo Pereira, dois humoristas que glosam o tópico da diversidade do português no Brasil e em Portugal.

7. Em foco, no Língua de Todos, emitido na RDP África*, uma conversa com o professor universitário e tradutor Marco Neves acerca do seu Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português. O Páginas de Português, difundido na Antena 2*, centra-se numa entrevista com o novo diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), o linguista guineense Icanha Itunga, sobre a agenda para a promoção do português.

* Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 25 de janeiro,  13h15 , com repetição no sábado, dia 26 de janeiro, depois do noticiário das 09h00 + Páginas de Português, Antena 2, 27 de janeiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 2 de fevereiro, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A norma angolana para a leitura e escrita dos grandes números foi fixada por decreto legislativo presidencial. Trata-se de um documento que procura resolver as ambiguidades provocadas pela hesitação entre diferentes modelos de escrita e leitura de números ao optar pela norma seguida em quase todos os países europeus: a escala longa. Neste decreto angolano determina-se ainda que este será o modelo a adotar no ensino (para mais pormenores, consulte-se a notícia). 

     Ainda recentemente o Ciberdúvidas divulgou um artigo da autoria de Guilherme de Almeida, licenciado em física e autor do livro Sistema Internacional de Unidades – Grandezas e Unidades Físicas, Terminologia, Símbolos e Recomendações, relativamente à nomenclatura dos grandes números em países europeus e não europeus. 

2. Na rubrica O Nosso Idioma, disponibilizamos duas abordagens distintas do conceito de metáfora e algumas ideias saídas de um evento que abordou as relações entre linguagem e sociedade:

— A disposição dos números num relógio é uma metáfora do tempo e da sua passagem. Quem o afirma é Sofia Nestrovski, mestre em teoria literária e colaborada de revistas brasileiras, num artigo onde explora o conceito de metáfora como forma de enriquecimento da língua e do modo de perceção do mundo (originalmente publicado no Nexo Jornal e aqui reproduzido com a devida vénia); 

Ana Martins, consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa, apresenta um apontamento que questiona a pertinência da metáfora usada recentemente pelo Papa, que associou a maledicência ao ato de terrorismo. Serão as consequências provocadas pelo ato de dizer mal de alguém comparáveis às que resultam de uma agressão física?

— A importância da linguagem como forma de combate ao populismo foi discutida num encontro realizado em Lisboa. Segundo Ruth Wodak, linguista austríaca, esta perspetiva pode ser desenvolvida por meio da exploração do significado da própria palavra. Defende a linguista que termos como «notícia falsa», «populismo» ou «politicamente correto» só devem ser usados na imprensa se claramente definidos, com conceitos bem claros, sendo de evitar a sua aplicação acrítica a situações distintas. Esta e outras abordagens da realidade por meio da linguagem foram as propostas de diferentes linguísticas presentes no encontro, que podem ser lidas num artigo que se transcreve do jornal Público, da autoria da jornalista Liliana Borges

3. No Consultório divulgam-se as respostas a várias dúvidas deixadas pelos nossos consulentes: o verbo magoar com o pronome reflexo se é transitivo ou intransitivo? A concordância negativa é sempre feita com duas palavras de sentido negativo? Na frase «Ele foi morto pela faca», qual a função sintática de «pela faca»? Qual o adjetivo adequado: ameaçante ou ameaçador, intimidante ou intimidatório e insultante ou insultuosa? Qual a diferença entre preço preçário?

4. Na atualidade relacionada com a língua, destaque para o projeto lançado em parceria pelos Institutos CamõesCervantes, que visa divulgar o potencial do português e do espanhol, através da publicação de obras de diversas áreas (literatura, comunicação, economia ou ciência). Este projeto – no âmbito das comemorações do 5.º centenário da circum-navegação, iniciada por Fernão de Magalhães e completada por Juan Sebastián Elcano – deu já o primeiro passo com o lançamento da obra Camões e Cervantes – contrastes e convergências, de Helder Macedo e Carlos Alvar

— Uma nota ainda para o termo hacker, que tem estado presente nos media portugueses devido à detenção de Rui Pinto, pirata informático português, num caso relacionado com o Football Leaks. O uso desta palavra levanta de novo a questão da tradução do termo para português, que pode ser resolvida por meio do recurso à expressão pirata informático.

    Recorde-se também a distinção entre hacker cracker e a respetiva tradução para português, numa resposta disponibilizada no consultório (aqui).

 5. Temas dos programas de rádio da presente semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa: uma conversa com o professor universitário e tradutor Marco Neves a propósito da sua mais recente publicação, o Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português, no Língua de Todos, emitido na RDP África*, onde o autor desmonta erros inventados e mitos sobre a linguagem e seus estudos; e uma entrevista o novo diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Icanha Itunga, sobre a agenda para a promoção do português, no Páginas de Português, difundido na Antena 2 *.

* Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 25 de janeiro,  13h15 , com repetição no sábado, dia 26 de janeiro, depois do noticiário das 09h00 + Páginas de Português, Antena 2, 27 de janeiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 2 de fevereiro, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1. Muitos falantes de português – diz a descrição linguística sobretudo no Brasil – tendem a pronunciar certos encontros de consoantes, por exemplo, o de corrupção ou o bs de absurdo, inserindo um "i" ou um "e", com o resultado de tais palavras soarem como "abissurdo" e "corrupição". Esta vogal metediça, censurada pela norma-padrão, que a vê como "pronúncia viciosa", decorre de um fenómeno do funcionamento mais abstrato do português e torna-se, portanto, mais difícil de controlar, como sugere uma resposta da presente atualização. Outros caprichos da língua abordados no consultório: como justifico a colocação pós-nominal de mais em «muitas pessoas mais», quando noutros casos o advérbio figura antes do nome («escrevi mais um livro»)? Como se explica que a raiz da palavra pedra, que é pedr-, passe a petr-, quando ocorre no adjetivo pétreo? Como aceitar que porém possa ser, afinal, um advérbio? Blá-blá-blápá-pá-pá são palavras?

2. De caprichos também se tomam os gentílicos e os nomes geográficos. Dê-se o caso do nome pátrio de Estados Unidos da América: americano, norte-americano, estadunidense (ou estado-unidense)? A escolha não é apenas linguística, observa a linguista Ana Sousa Martins num texto lido na rubrica "Cronicando" do programa Páginas de Português,  transmitido pela Antena 2, em 6/01/2019.

3. E que fazer dos deslizes com o verbo haver, o substantivo precariedade e o auxiliar modal dever? No Pelourinho, transcreve-se, com a devida vénia, um apontamento da revista Sábado 3/01/2019, a respeito de três tropeções do primeiro-ministro português António Costa no uso dos referidos vocábulos.

4. Foi em 2009 que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa começou a ser aplicado no Brasil, com obrigatoriedade legal a partir de 2016. A revista digital brasileira Nexo assinala os dez anos da sua entrada em vigor no país – em Portugal também no mesmo ano de 2009, em 13 de maio, de  e em Cabo Verde em 2015 –,  com um teste de conhecimentos sobre normas de acentuação e hifenização.

5. Registe-se, por último, mais um caso da abusiva intromissão do inglês na vida desportiva em Portugal. A Liga Portuguesa de Futebol chama Allianz Cup  à competição patrocinada pela seguradora Allianz Portugal e, à final, Final Four. Porque não "Taça Allianz", ou  "Taça da Liga", e "Final a quatro", ou, simplesmente, "finais" às meias-finais que se realizam em 22 e 23/01/2019 e à final propriamente dita, disputada em 26/01/2019? Casos como este, que  são antigos, já têm sido comentados no Ciberdúvidas – aqui, por exemplo.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No Pelourinho, um apontamento de Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, que denuncia as consequências de uma má tradução da palavra inglesa negro, colocando em evidência a dimensão ofensiva que introduz na versão portuguesa do livro A Estranha Morte da Europa, de Douglas Murray (texto divulgado na rubrica "Cronicando" do programa Páginas de Português (Antena 2, de 30/12/2018). 

2. A atualização do Consultório centra-se nas áreas da etimologia, sintaxe, semântica e pragmática, estando as questões relacionadas com a origem do apelido Albuquerque, a omissão do artigo definido num título de jornal, o uso do quantificador quanto, o significado de baixo-ventre e a opção pelo singular ou plural numa construção anafórica.

3. Quanto à atualidade relacionada com a língua, destacamos os seguintes eventos:

 – o lançamento da obra Sobre conflito linguístico e planificação cultural na Galiza contemporânea. Dez contributos, de Elias J. Torres e Roberto Samartim, com a chancela da Através/Editora, no dia 18 de janeiro, na Livraria Centésima Página, em Braga, pelas 18h00;

 – a apresenação da obra Camões e Cervantes – contrastes e convergências, de Helder Macedo e Carlos Alvar, uma edição do Camões, I.P. e do Instituto Cervantes, no dia 21 de janeiro, no auditório do Camões, I.P., pelas 16h30; 

– e  uma nova sessão de "Camões dá que falar", com a presença de Catarina Furtado, apresentadora de televisão e embaixadora do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), evento organizado pelo para Camões, I.P., no dia 22 de janeiro, pelas 18h00, no auditório do Camões, I.P., em Lisboa. 

4. No que respeita aos programas de rádio da responsabilidade do Ciberdúvidas, destacamos a conversa com o novo diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua PortuguesaIcanha Itunga, sobre projetos e perspetivas, no programa Língua de Todos, na RDP África, sexta-feira, 18 de janeiro às 13h15 (com repetição no sábado, dia 19 de janeiro), depois do noticiário das 09h00*. Destacamos também o programa Páginas de Português, que entrevista o linguista Afonso Miguel, que acabou de defender a tese de doutoramento intitulada Integração morfológica e fonológica de empréstimos lexicais bantos no Português Oral de Luanda, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (programa emitido na Antena 2, no dia 20 de janeiro, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, dia 26 de janeiro, pelas 15h30*).

*  Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui aqui.

5. Um registo final  para a resolução do Conselho de Ministros do Governo português, que aprovou no dia 18 p.p. uma proposta de lei que determina o uso da expressão Direitos Humanos nos documentos oficiais do Estado, em substituição de Direitos do Homem, decisão que foi apresentada como um contributo para a promoção da igualdade de género. Cf. Governo substitui “Direitos do Homem” por “Direitos Humanos” + Nada de escrever "direitos do Homem": Governo adota a expressão "direitos humanos"

A propósito da problemática da linguagem inclusiva, recordamos alguns textos disponíveis no Arquivo do Ciberdúvidas: A busca de harmonia de uma língua que une e divideA linguagem inclusiva, esse "perigo público"Infanta, um caso particular de femininoSobre o uso da forma presidenta no Brasil e em Portugal; A tropa no feminino; "Os sem palavras", de Helena Matos; "Car@s leitorxs (e utentas"), de António Bagão Félix«Amigas e amigos» e «amigos e amigas» ; "Os cidadãos e a gramática", de Maria Regina Rocha; "Calem-se", de Miguel Esteves Cardoso; "Dobrar a língua", de Fernanda Câncio;  O sexo das palavras, de Nuno PachecoGramática ainda não tem sexo, de Henrique Monteiro;  "O que fazemos com a linguagem?", de Anselmo Borges; "Quem fala assim não é gago nem gaga", de Ricardo Araújo Pereira; "Desigualdades sociais, desigualdades linguísticas", de Aldo Bizzocchi; etc,

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1. Falar toda a gente sabe, mas, em público, quem já não encontrou dificuldades?  Em O nosso idioma, a linguista e consultora permanente do Ciberdúvidas Carla Marques identifica cinco erros a evitar para aprender uma competência que está longe de ser inata (artigo originalmente publicado na Leya Educação de janeiro de 2019). Na mesma rubrica, sobre o abuso de anglicismos, transcreve-se com a devida vénia um outro texto, da autoria de Lúcia Vaz Pedro, que o publicou na sua coluna semanal, "Portugal atual", no Jornal de Notícias de 13 de janeiro de 2018.

2. Quem melhora com o tempo é como o vinho do Porto – diz-se. Mas resistirá uma garrafa desse néctar a um rótulo mal redigido? No Pelourinho, comenta-se um exemplo da falta de cuidado nos textos que se leem em rótulos e embalagens.

3. No consultório, pergunta-se o que significa a sigla SJ, que aparece associada ao nome de vários sacerdotes católicos. Da atualização fazem igualmente parte questões a respeito de concordância verbal, orações relativas, determinação nominal, neologia e locuções adverbiais.

4. Quanto ao que é notícia com interesse para o conhecimento e promoção da língua portuguesa:

– Refira-se a realização do VI Fórum de Linguística Aplicada: Ensino e Aprendizagem de Línguas, que decorre entre 16 e 18 de janeiro de 2019, na Faculdade de Ciências Sociais e HumanasUniversidade Nova de Lisboa (UNL). O evento tem organização do Centro de Linguística da UNL de Lisboa e o Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará, através do Grupo Gramática & Texto e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada, Ensino e aprendizagem de Línguas. Saliente-se a participação da linguista brasileira Maria Helena de Moura Neves, autora de duas conhecidas obras descritivas: Gramática de Usos do Português (2000) e Guia de Uso do Português – confrontando Regras e Usos (2003). E assinale-se também a presença de Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, que fará uma comunicação (ler programa e resumos aqui).

– Entre 17 e 19 de janeiro, a editora galega Através apresenta em Lisboa uma nova coleção de arte e pensamento, a coleção Alicerces. São lançados quatro livros: Novas masculinidades. O feminismo a (de)construir o homem de Jorge G. Marín; Sobre a eutanásia. Quando decidir que uma morte é vital, de Brais Arribas; Nem tudo é arte? Mod@s de olhar, de Natalia Poncela; e Confio-te o meu Corpo. A Dramaturgia Pós-Dramática, de Afonso Becerra.  É uma iniciativa de justificado registo, porque esta editora publica textos sobre temas atuais, escritos por investigadores e ensaístas da Galiza, de acordo com as normas do português contemporâneo.

5. Ainda quanto a atualidades, o tópico do dia vem do Reino Unido (RU), onde em 15/01/2019 o Parlamento rejeitou o acordo proposto pela primeira-ministra Theresa May para a saída deste país da União Europeia (UE). É o chamado Brexit, que se arrasta desde 2016 e que parece não ter, para já, solução à vista. Sobre a formação do nome Brexit e o vocabulário ativado ou criado pelo debate à sua volta, leiam-se os seguintes artigos do arquivo do Ciberdúvidas: "Brexit vs. Bremain", "A Torre de Babel da União Europeia, sem O reino Unido", "O inglês, língua oficial da União Europeia, mesmo depois do Brexit?", "As línguas na Europa: o que mudará com o Brexit?", "Brexit e as patentes: uma oportunidade para Portugal".

N. E. (10/04/2019) – Em inglês, a palavra Brexit tem duas pronúncias: "bréksit", maioritária no Reino Unido, e "brégzit", mais frequente, por exemplo, nos Estados Unidos (ouvir o registo do canal Emma Saying, no Youtube, e os do sítio eletrónico da Oxford University Press). Em Portugal, coexistem as duas pronúncias: embora o único dicionário que, até à data, consigna a palavra – o da Porto Editora, disponível na Infopédia – a transcreva com [gz], ficando, portanto, "brégzit", há quem prefira a solução britânica e articule "bréksit" (cf. Helder Guégués, "Brexit: como se pronuncia? – Boa desculpa", Linguagista, 27/07/2017). Sobre as duas pronúncia concorrentes, ler, em inglês, David Shariatmadari, "The real Brexit debate: do you pronounce it Breggsit or Breckit?", The Guardian, 27/07/2017 (tradução: "O verdadeiro debate do Brexit: pronuncia-se Breggsit ou Brecksit?"; este artigo é mencionado por Helder Guégués, op. cit).

6. O programa Língua de Todos, na RDP África, sexta-feira, 18 de janeiro às 13h15 (com repetição no sábado, dia 19 de janeiro), depois do noticiário das 09h00*, dá destaque a uma conversa com o novo diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Icanha Itunga, sobre projetos e perspectivas. No programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 20 de janeiro, às 12h30** (com repetição no sábado seguinte, dia 26 de janeiro, pelas 15h30**), entrevista-se o linguista Afonso Miguel, que acabou de defender a tese de doutoramento intitulada Integração morfológica e fonológica de empréstimos lexicais bantos no Português Oral de Luanda, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

*  Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível posteriormente, aqui.

** Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível posteriormente, aqui.

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. 15 de janeiro assinala o aniversário do Ciberdúvidas, projeto que perfaz 22 anos mantendo toda a atualidade e pertinência no mundo da língua portuguesa, como o confirmam os cerca de 1,4 milhões de consultas mensais e as questões colocadas por consulentes oriundos de um pouco por todo o mundo. É esta realidade que continua a manter bem vivo o papel do Ciberdúvidas, sempre movido pelo interesse pela língua, numa ação que se tem desenvolvido sempre de forma graciosa e universal e que, para ultrapassar as dificuldades por que tem passado, tem contado apenas com os apoios dos seus consulente mais dedicados. Por tudo isto, é momento de proclamar: oxalá possa o Ciberdúvidas continuar, por muito anos, a receber os votos de parabéns que tantos consulentes generosamente lhe enviam.

(Imagem principal: Alexandre O'Neill, A Linguagem, 1948)

2. Dúvidas suscita a língua com as suas palavras, um meio privilegiado de comunicação mas também fonte de hesitações e de dúvidas, tal como ilustra a atualização do Consultório, onde se apresentam questões que se prendem com a origem de um topónimo (Burguel), a classe a que pertence uma palavra (muitas), a funcionalidade de determinados constituintes associados ao sujeito («esse sim» ou «esse, sim») e a correção de certas expressões («É claro que» ou «Claro que»). 

3. Perplexidade traz a investigadora Helena Matos, quando defende que os falantes procuram uma língua cada vez mais assética, ideia que sustenta o artigo que publicou no jornal digital Observador e que reproduzimos, com a devida vénia, na rubrica Controvérsias Esta tendência espelhará uma sociedade que procura a neutralidade (inclusive a linguística) em todos os campos: género, raça, sexualidade... Constrangimentos que forçam os falantes ao recurso a perífrases, a longas formulações para evitar dizer o óbvio, que pode, no entanto, ferir suscetibilidades. 

4. Perplexidade ainda parece oferecer a opção de um manual escolar (destinado ao ensino secundário em Portugal) de não reproduzir alguns versos do poema «Ode Triunfal» de Álvaro de Campos, um dos heterónimos pessoanos (notícia do semanário Expresso) – opção que, aliás, parece ser comum a outros manuais escolares. Relativamente a este assunto, é de referir que a edição citada pelo manual escolar em questão (Editora Ática, já extinta) também já não apresenta um verso integral e omite uma palavra de um verso. Acresce ainda que o mesmo manual escolar apresenta à margem, na versão do manual destinada a professores, os versos suprimidos, deixando, portanto, ao professor a decisão de os apresentar aos seus alunos. Perante estes factos, usar o termo censura para descrever o sucedido parece um pouco exagerado. Será talvez uma opção de pudor.

Na imagem, a página 151 da impressão de 1980 de Poesias de Álvaro de Campos, livro publicado em 1944 pels Editora Ática e integrado na coleção Obras Completas de Fernando Pessoa. Assinala-se na foto, a vermelho, o apagamento de uma palavra no quinto verso – trata-se do plural putas – e a omissão de todo o 22.º verso, correspondente a «Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada», conforme se pode comprovar pelo confronto com a versão integral do poema que o Arquivo Fernando Pessoa disponibiliza em linha. Estas supressões são conhecidas há décadas, mas não ocorriam no texto que o n.º 1 da revista Orpheu (pág. 81) apresentou em 1915. Também não se verificam noutra edição famosa, a da editora brasileira José Aguilar, num volume intitulado Fernando Pessoa. Obra Poética e publicado em 1960, com organização e anotação de Maria Aliete Galhoz [cf. artigo "História da edição nacional (até 2008)", do Projecto Modern!smo online: Arquivo virtual da geração de Orpheu]. Sobre a opção do manual Encontros – 12.º ano, da Porto Editora, de suprimir os referidos versos na versão do poema destinada a alunos, leia-se o esclarecimento publicado pelos respetivos  autores aqui. Acerca deste tema, ver ainda "Docentes repudiam corte de versos de Álvaro de Campos pela Porto Editora", trabalho da jornalista Carla Viana saído no jornal Público, em 15/01/2019.

5. Novidades linguísticas surgem constantemente em meios sociais dinâmicos, como é o caso da política. A  contestação à liderança do  PSD, no desafio feito pelo ex-deputado Luís Montenegro ao presidente do seu partido, Rui Rio, motivou a criação do neologismo riogicídio por parte do jornalista Sebastião Bugalho, num artigo intitulado A tentativa de riogicídio (no jornal digital Observador). A formação desta palavra fez-se por analogia com regicídio, que significa «assassínio de um monarca» – substituindo o radical reg-  pelo apelido Rio (último nome do político português em causa), amalgamado com o elemento -gicídio, que exprime a noção de «ação que provoca a morte ou o extermínio» (cf. Dicionário Priberam em linha). 

6. Complexo é pensar a linguagem, questionar a linguagem, associar afetos à linguagem, reformular a linguagem. São as inúmeras ações que a linguagem envolve que servem de reflexão a um texto do poeta, crítico e comentador político português Pedro Mexia, num artigo dado à estampa na E, revista do  semanário Expresso e reproduzido em O Nosso Idioma.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Nos países de língua portuguesa, como se faz referência a figuras públicas? Muitas vezes apenas pelo apelido (um ou dois): em Portugal,  Rio é Rui Rio, e Ferro Rodrigues é Eduardo Ferro Rodrigues; no Brasil, Lula é Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não é infrequente ocorrer somente o primeiro nome: o Jerónimo de certo título jornalístico deve muito provavelmente aludir a Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português; em Moçambique, por Samora entendia-se o presidente Samora Moisés Machel (1933-1986). É este o tema da pergunta chegada da Polónia, dum tradutor intrigado com o uso do nome próprio do PR português, em vez do seu nome completo. Outras questões que, no consultório, integram a presente atualização:

– como se denomina a combinação de duas letras num único sinal gráfico (ex. æ, œ) – ligadura ou ligatura?

– será uma criança de seis anos capaz de escrever palavras com hífen?

– a expressão «ouve lá!» pode ser ofensiva?

– na sequência «a decisão do juiz», que função tem «do juiz» na frase?

– que significa o regionalismo português "quantal"?

– como se explica que as palavras mãe e pai remontem ao latim vulgar MATRE e PATRE?

2. Em O nosso idioma, transcreve-se um texto que o ex-ministro da Educação português Nuno Crato escreveu e publicou em 2/03/2002, no semanário Expresso, sobre a história do sinal @.

Sobre os atuais usos de @, chamado arroba, leiam-se "O x e a @ para referir o masculino e o feminino" e  "O uso de @para marcar o género das palavras".

3. Está na ordem do dia falar dos millennials, também conhecidos como Geração Y, ou seja, as pessoas nascidas entre os anos 80 e meados dos anos 90 do século passado[1], que estão a definir modas e tendências. Haverá maneira de evitar o anglicismo millennials ou afeiçoá-lo ao vernáculo? Procurando exemplos do que se faz em outras línguas românicas, irmãs da portuguesa, assinale-se que, em Espanha, a Fundéu-BBVA sugere para o castelhano milénicos, mileniales e miléniales. Em português, podemos construir formas paralelas: milénicos e mileniais, mas encontrar forma homóloga de miléniales – "miléniais" (singular "milénial") – parece mais difícil ou até impossível, porque não ocorrem substantivos e adjetivos esdrúxulos (proparoxítonos) terminados em -l.

À volta do comportamento da geração do milénio (ou milenial), sobretudo no mundo do trabalho, assista-se ao vídeo da entrevista com o escritor anglo-americano Simon Sinek, especialista em motivação (legendas em português).

[1 Frase corrigida em 12/01/2019.]

4. Da Galiza, chega o o anúncio da realização de um documentário intitulado Pacto de Irmãos, a respeito de um dos mais antigos documentos medievais quer de Portugal quer da Galiza. Trata-se de um projeto da editora galega Através, que o tem  promovido de várias formas, entre elas, pela apresentação em vídeo disponível aqui.

5. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, recorde-se que o Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 11 de janeiro, pelas 13h15*, com repetição no sábado, 12/01) se centra nos projetos desenvolvidos pelo Centro de Língua do Instituto Camões na Universidade Pedagógica da Beira, em Moçambique, enquanto o Páginas de Português (Antena 2, domingo, 13 de janeiro, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, 19/01, às 15h30) dá destaque ao Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português, do professor universitário e tradutor Marco Neves.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O provérbio italiano «Traduttore, traditore» parece continuar atual quando se fala de tradução automática, pois esta gera produtos que levantam muitas dúvidas. Apresentada como uma das novidades do século, fruto da investigação combinada entre linguística e computação, a tradução automática, quando aplicada a obras integrais, parece produzir alguns resultados estranhos, como assinala Ana Sousa Martins, consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa, num artigo intitulado Tradução desumana, disponível no Pelourinho

*Imagem principal: pintura de Brueghel, Torre de Babel, de 1563.

2. As dúvidas linguísticas estão presentes no Consultório e colocam o enfoque em diferentes aspetos: 

   — a possibilidade de diferentes combinações entre orações relativas introduzidas por preposição e o artigo definido, no português e no castelhano;

   — a posição na frase do quantificador mais quando especifica nomes;

   — o significado de expressões como «à mistura» ou «dez-réis de mel coado»;

   — a classe da palavra calmoso na expressão «um domingo perto do calmoso».

3. Após a divulgação de enfermeiro como a palavra do ano 2018 em Portugal, temos agora conhecimento de que em Moçambique foi eleita a palavra resiliênciaNa sequência destas iniciativas, o escritor brasileiro Sérgio Rodrigues veio propor ódio como palavra do ano de 2018 no Brasil.  

4. Se ouvir alguém dizer «É rapá», «É um poupo» ou «não tem tafulho», estará provavelmente em presença de um açoriano em pleno uso de expressões típicas das diferentes ilhas do arquipélago. Estes falares típicos são o tema do artigo publicado originalmente na revista Visão, de autoria do jornalista e locutor da RTP AçoresJoão Gago da Câmara

 

5. No programa de rádio Língua de Todos é entrevistado Paulo Serra, leitor da Universidade Pedagógica da Beira (Moçambique) e responsável pelo Centro de Língua do Instituto Camões, sobre os projetos desenvolvidos na referida universidade (na RDP África, na sexta-feira, dia 11 de janeiro, pelas 13h15*, com repetição no sábado, 12/01). O programa Páginas de Português, emitido pela  Antena 2, no domingo, 13 de janeiro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 19/01, às 15h30), passa uma conversa com o professor universitário e tradutor Marco Neves, sobre o seu recente livro Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. De regresso às atualizações regulares e desejando a todos os nossos consulentes um excelente 2019, enumeramos os artigos que neste dia entram em linha, na rubrica O nosso idioma:

– No começo de um novo ano, abundam as previsões e os prognósticos, muitos introduzidos pelo modismo «é expectável». Porque não dizer simplesmente «espera-se que....» ou «tem grande probabilidade...»? Num comentário ao uso da estafada expressão, Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, lembra que há formas em alternativa, capazes de diversificar o discurso.

–  Mas, afinal, quanto é um bilião em Portugal? E no Brasil? O professor Guilherme de Almeida, especialista em grandezas e unidades físicas, dá os esclarecimentos necessários para evitar certas confusões.

– O plural de livro é livros, mas quantos, por exemplo, no Brasil, já não terão deparado com usos como «os livro», que a norma não aceita? Num texto transcrito, com a devida vénia, do blogue Certas Palavras, o professor universitário e tradutor Marco Neves dá conta de como as estruturas que marcam o plural são suscetíveis de grandes e curiosas variações nas línguas do mundo.

2. Outras rubricas acolhem também novos conteúdos:

– No Pelourinho, um apontamento de João Alferes Gonçalves, publicado originalmente no blogue do Clube de Jornallistas, esclarece a pronunciação do nome do norueguês Ole Gunnar Solskjaer (na foto), que substituiu o português José Mourinho, como treinador do Manchester United.

– Em Ensino, disponibiliza-se um texto de Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, a respeito da necessidade de devolver à memorização o papel que deve ter na aprendizagem.

– Nas Diversidades, transcreve-se um trabalho do economista Jorge Fonseca de Almeida e publicado em 3/01/2019 no semanário digital O Lado Oculto, à volta do lugar que cabe ao inglês na União Europeia e na sociedade portuguesa.

3. O consultório retoma igualmente a plena atividade: fala-se de discurso indireto, da polissemia do nome atualização, da história do chamado se apassivante, da relação semântica entre cãibra e contratura (ou contractura) e da ordem dos apelidos nos nomes pessoais completos.

4. Entre as várias notícias difundidas pelos media, seleciona-se a da escolha de enfermeiro como palavra do ano em Portugal, na edição de 2018 do passatempo organizado pela Porto Editora. Os outros vocábulos finalistas eram professor e toupeira. A votação incidiu, como é hábito, em palavras recorrentes ao longo do ano transato, em Portugal, como aconteceu com as já mencionadas, em referência aos conflitos laborais que têm envolvido a classe dos enfermeiros e a dos professores dos ensinos básico e secundário, bem como ao caso e-Toupeira, que implica figuras ligadas ao Sport Lisboa e Benfica.

5. Uma última chamada de atenção para o novo texto de Marco Neves (ver mais acima), no seu blogue Certas Palavras, desta vez a respeito de diferentes sistemas de expressar as horas, começando pelo suaíli, língua com estatuto oficial na Tanzânia, no Quénia e no Uganda. Que horas são quando, na cidade queniana de Nairóbi, os relógios (já de si, peculiares) marcam as sete da tarde?

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Fazendo coincidir a sua tradicional interrupção com a pausa escolar do 1.º período em Portugal, o Ciberdúvidas regressará com as suas atualizações regulares no dia 7 de janeiro de 2019*. Aproveitamos a época para deixar a todos aqueles que se interessam pela língua portuguesa e que acompanham as nossas atividades os votos de boas festas e de um feliz ano novo.

* Com esta pausa na atividade regular do Ciberdúvidas, fica igualmente interrompido o consultório linguístico, mas sempre que a atualidade noticiosa ou a relevância informativa o justificar, não deixaremos de o assinalar nos DestaquesE, como sempre, também, manter-se-á permanentemente disponível o acesso ao vasto e diversificado arquivo do Ciberdúvidas – de perto de 50 mil respostas e textos de toda a natureza sobre a língua portuguesa. Para qualquer outro assunto extralinguístico, deixamos os contactos aqui.

A época natalícia é lexicalmente muito rica em expressões que, em diversos casos, trazem dúvidas aos falantes. Nesta ocasião – além dos  cinco exemplos de erros de português muito comuns nesta época do ano assinalados pela professora Sandra Duarte Tavares, em artigo transcrito da edição digital da revista Visão do dia 12 de dezembro de 2018 –, recordamos algumas questões para as quais deixámos resposta no consultório: «Qual o plural de pai natal?», «E de Natal?», «E o plural de bolo-rei e de filhó?», «Natal é nome próprio?», «Diz-se «boa festa» ou «boas festas»?», «Ano novo escreve-se com maiúscula?» e «As expressões boas festas e ano novo levam hífen

Imagem: Natal no FunchalIlha da Madeira (in Sapo Viagens

2. No Consultório ficam em linha novas resposta relacionadas com a área da sintaxe («Qual a posição do pronome átono numa frase introduzida pela locução «mais uma vez»?» e «Qual a diferença entre «a que» e à qual»?), com a coesão textual («A seleção de um pronome na frase pode implicar referentes distintos?»), com a morfologia («Qual a origem das palavras garagem manada?») e com a fonética («Como se pronuncia o ditongo ei em Portugal?»).

 3. O final de um ano é sempre uma época de balanço. Neste contexto, o Ciberdúvidas dá a conhecer aos seus consulentes alguns dados relacionados com a sua atividade ao longo do ano de 2018:

–  Deu-se resposta a 1661 questões, das quais 401 foram tornadas públicas no consultório, por abordarem assuntos ainda não tratados, tendo as restantes 1260 sido respondidas diretamente aos consulentes;

– As questões foram colocadas por consulentes oriundos de Portugal, Brasil, Espanha, Alemanha, Angola, Namíbia, México, China (incluindo Macau), Reino Unido, USA, Polónia, Holanda e Suécia, entre outros países;

– Foram divulgados 131 artigos, entre textos produzidos exclusivamente para publicação na plataforma e outros reproduzidos da imprensa de língua portuguesa;

– Foram apresentados 18 livros, na Montra de Livros;

– 44 foi o número de notícias divulgadas;

–  A plataforma teve cerca de 1,4 milhões de visitas mensais, contando com uma média de 55 000 acessos diários, com origem sobretudo no Brasil e em Portugal, mas também em Moçambique, Angola e Estados Unidos.

4. A propósito do léxico típico da época natalícia, recordamos um texto de 1944, que integra a obra Língua e Má Língua, da autoria de Agostinho Campos  (1870 –1944), que foi professor universitário, jornalista e escritor, no qual o autor esclarece que Natal é uma palavra exclusivamente portuguesa, recordando a história da sua evolução e também da evolução de palavras que designam a mesma época, pertencentes a outras línguas. A autor esclarece igualmente a origem de palavras como réveillon  ou pai natal (texto disponível na rubrica O Nosso Idioma).

 

5. Decorre até ao final de dezembro de 2018 a votação para a seleção palavra do ano 2018, numa iniciativa da Porto Editora, já com dez anos. Estes ano, as palavras selecionadas são assédio, enfermeiro, especulação, extremismo, paiol, populismo, privacidade, professor, sexismo e toupeira

 

6. Recordamos que o programa Língua de Todos (na RDP África, sexta-feira, dia 14 de dezembro, pelas 13h15*; com repetição no sábado, 15/12) passa uma conversa com a professora Renata Junqueira de Souza a propósito da apresentação do texto literário aos bebés. O Páginas de Português  (na Antena 2, no domingo, 16 de dezembro, às 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 22 de dezembro, às 15h30) entrevista Joaquim Coelho Ramos, o novo diretor do Instituto Português do Oriente

     * Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

7. A terminar, brindamos os nossos consulentes com um poema alusivo à época natalícia, da poetisa portuguesa Natália Correia (1923-1993):

 

       Falavam-me de Amor

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas 
porque do fogo o nome antigo tinhas 
e em sua eternidade colocavas 
o que a infância pedia às andorinhas. 

Depois nas folhas secas te envolvias 
de trezentos e muitos lerdos dias 
e eras um sol na sombra flagelado. 

O fel que por nós bebes te liberta 
e no manso natal que te conserta 
só tu ficaste a ti acostumado.

in O Dilúvio e a Pomba                                                                                                                                                                                                                                                                                                    Visitação. Maria Aurélia Martins de Sousa (Séc. XIX-XX)