Na verdade não se fala tão mal assim nos meios de comunicação social. Estudos feitos recentemente nessa área mostraram que os meios de comunicação social veiculam, de facto, «bom Português» (falo-lhe, nomeadamente, do Projecto REDIP - Rede de Difusão Internacional do Português: Rádio, Televisão e Imprensa, levado a efeito pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional).
Há, de resto, uma opinião generalizada que é a do mau uso da Língua nesses meios e que faz com que muitas vezes tenhamos, injustificadamente, algum preconceito relativamente ao assunto. Tal não corresponde, no entanto, à verdade. É certo que por vezes surgem incorrecções, mas daí a partir para a generalização de que se fala mal nos meios de comunicação social, parece-me um pouco excessivo.
Quanto aos exemplos que me dá são tipicamente “lapsus linguae”, aos quais qualquer um de nós está sujeito. Toda a gente, por pouco instruída que seja, sabe que se deve dizer «nós não vamos poder», «senhor presidente» e «todos devem saber». Porém, às vezes, por influência do discurso imediatamente antes ou depois, com a ansiedade e a necessidade de tomar da palavra, podemos antecipar o que queremos dizer, cometemos alguns lapsos, trocando sílabas ou inserindo segmentos inexistentes. Mas isso não significa que quem fala não saiba conjugar um verbo, fazer as devidas concordâncias ou construir um simples enunciado de sujeito, verbo e objecto. Apenas quer dizer que nem sempre pensamos antes de falar.