O verbo roçar , na aceção de «tocar ao de leve alguém ou alguma coisa», ocorre em duas construções:
a) com complemento direto:«Os lábios dele roçavam os meus» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, 2001, s. v. roçar);
b) com um complemento oblíquo (isto é, um complemento introduzido por preposição): «O gato roçou nas minhas pernas» (idem, ibidem).
Outros exemplos, colhidos na literatura do século XIX:
(1) «O seu braço roçava o ombro do pároco: Amaro sentia o cheiro da água-de-colônia que ela usava com exagero.» (Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro, 1875)
(ii) «Não foi, não! Este burel que há tantos anos me roça no corpo, estes cilícios que mo desfazem, os jejuns, as vigílias, as orações nada obtiveram ainda de Deus» (Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, 1846; note-se que o me tem valor de posse em relação «corpo», pelo que não faz parte da sintaxe do verbo).
O verbo em apreço pode ainda ser usado reflexivamente e, nesse caso, vem acompanhado da preposição por: «O gato roçou-se pelas minhas pernas» (idem, ibidem). Além disso, aparece com o significado de «ter semelhanças com qualquer coisa («Aquela situação roçava o grotesco») e «cortar rente o mato, as ervas» («Ainda não roçaram o mato») – idem, ibidem.