Podemos considerar que a expressão em causa, para além de uma apóstrofe, evidencia também uma antonomásia e uma perífrase .
A antonomásia é, de facto, apontada nalguns compêndios como uma variedade de metonímia, sendo descrita como um recurso «que consiste em substituir o nome de um objeto, entidade, pessoa, etc. por outra denominação, que pode ser um nome comum (ou uma perífrase), um gentílico, um adjetivo, etc., que seja sugestivo, explicativo, laudatório, eufémico, irónico ou pejorativo, e que caracterize uma qualidade universal ou conhecida do possuidor» (Dicionário Houaiss). Assim sendo, a expressão «ó gente ousada» pode ser entendida como um constituinte laudatório usado em lugar de portugueses, sendo, portanto, interpretada como uma antonomásia.
Quanto à associação de expressão à perífrase, parece-me também ser possível, uma vez que a perífrase descreve a realidade de forma mais analítica. Neste caso, descreve-se a qualidade dos portugueses. Acresce que, como se observa na definição acima, a perífrase é uma das estratégias de operacionalização da antonomásia.