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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Falar toda a gente sabe, mas, em público, quem já não encontrou dificuldades?  Em O nosso idioma, a linguista e consultora permanente do Ciberdúvidas Carla Marques identifica cinco erros a evitar para aprender uma competência que está longe de ser inata (artigo originalmente publicado na Leya Educação de janeiro de 2019). Na mesma rubrica, sobre o abuso de anglicismos, transcreve-se com a devida vénia um outro texto, da autoria de Lúcia Vaz Pedro, que o publicou na sua coluna semanal, "Portugal atual", no Jornal de Notícias de 13 de janeiro de 2018.

2. Quem melhora com o tempo é como o vinho do Porto – diz-se. Mas resistirá uma garrafa desse néctar a um rótulo mal redigido? No Pelourinho, comenta-se um exemplo da falta de cuidado nos textos que se leem em rótulos e embalagens.

3. No consultório, pergunta-se o que significa a sigla SJ, que aparece associada ao nome de vários sacerdotes católicos. Da atualização fazem igualmente parte questões a respeito de concordância verbal, orações relativas, determinação nominal, neologia e locuções adverbiais.

4. Quanto ao que é notícia com interesse para o conhecimento e promoção da língua portuguesa:

– Refira-se a realização do VI Fórum de Linguística Aplicada: Ensino e Aprendizagem de Línguas, que decorre entre 16 e 18 de janeiro de 2019, na Faculdade de Ciências Sociais e HumanasUniversidade Nova de Lisboa (UNL). O evento tem organização do Centro de Linguística da UNL de Lisboa e o Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará, através do Grupo Gramática & Texto e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada, Ensino e aprendizagem de Línguas. Saliente-se a participação da linguista brasileira Maria Helena de Moura Neves, autora de duas conhecidas obras descritivas: Gramática de Usos do Português (2000) e Guia de Uso do Português – confrontando Regras e Usos (2003). E assinale-se também a presença de Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, que fará uma comunicação (ler programa e resumos aqui).

– Entre 17 e 19 de janeiro, a editora galega Através apresenta em Lisboa uma nova coleção de arte e pensamento, a coleção Alicerces. São lançados quatro livros: Novas masculinidades. O feminismo a (de)construir o homem de Jorge G. Marín; Sobre a eutanásia. Quando decidir que uma morte é vital, de Brais Arribas; Nem tudo é arte? Mod@s de olhar, de Natalia Poncela; e Confio-te o meu Corpo. A Dramaturgia Pós-Dramática, de Afonso Becerra.  É uma iniciativa de justificado registo, porque esta editora publica textos sobre temas atuais, escritos por investigadores e ensaístas da Galiza, de acordo com as normas do português contemporâneo.

5. Ainda quanto a atualidades, o tópico do dia vem do Reino Unido (RU), onde em 15/01/2019 o Parlamento rejeitou o acordo proposto pela primeira-ministra Theresa May para a saída deste país da União Europeia (UE). É o chamado Brexit, que se arrasta desde 2016 e que parece não ter, para já, solução à vista. Sobre a formação do nome Brexit e o vocabulário ativado ou criado pelo debate à sua volta, leiam-se os seguintes artigos do arquivo do Ciberdúvidas: "Brexit vs. Bremain", "A Torre de Babel da União Europeia, sem O reino Unido", "O inglês, língua oficial da União Europeia, mesmo depois do Brexit?", "As línguas na Europa: o que mudará com o Brexit?", "Brexit e as patentes: uma oportunidade para Portugal".

N. E. (10/04/2019) – Em inglês, a palavra Brexit tem duas pronúncias: "bréksit", maioritária no Reino Unido, e "brégzit", mais frequente, por exemplo, nos Estados Unidos (ouvir o registo do canal Emma Saying, no Youtube, e os do sítio eletrónico da Oxford University Press). Em Portugal, coexistem as duas pronúncias: embora o único dicionário que, até à data, consigna a palavra – o da Porto Editora, disponível na Infopédia – a transcreva com [gz], ficando, portanto, "brégzit", há quem prefira a solução britânica e articule "bréksit" (cf. Helder Guégués, "Brexit: como se pronuncia? – Boa desculpa", Linguagista, 27/07/2017). Sobre as duas pronúncia concorrentes, ler, em inglês, David Shariatmadari, "The real Brexit debate: do you pronounce it Breggsit or Breckit?", The Guardian, 27/07/2017 (tradução: "O verdadeiro debate do Brexit: pronuncia-se Breggsit ou Brecksit?"; este artigo é mencionado por Helder Guégués, op. cit).

6. O programa Língua de Todos, na RDP África, sexta-feira, 18 de janeiro às 13h15 (com repetição no sábado, dia 19 de janeiro), depois do noticiário das 09h00*, dá destaque a uma conversa com o novo diretor-executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Icanha Itunga, sobre projetos e perspectivas. No programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 20 de janeiro, às 12h30** (com repetição no sábado seguinte, dia 26 de janeiro, pelas 15h30**), entrevista-se o linguista Afonso Miguel, que acabou de defender a tese de doutoramento intitulada Integração morfológica e fonológica de empréstimos lexicais bantos no Português Oral de Luanda, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

*  Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível posteriormente, aqui.

** Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível posteriormente, aqui.

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. 15 de janeiro assinala o aniversário do Ciberdúvidas, projeto que perfaz 22 anos mantendo toda a atualidade e pertinência no mundo da língua portuguesa, como o confirmam os cerca de 1,4 milhões de consultas mensais e as questões colocadas por consulentes oriundos de um pouco por todo o mundo. É esta realidade que continua a manter bem vivo o papel do Ciberdúvidas, sempre movido pelo interesse pela língua, numa ação que se tem desenvolvido sempre de forma graciosa e universal e que, para ultrapassar as dificuldades por que tem passado, tem contado apenas com os apoios dos seus consulente mais dedicados. Por tudo isto, é momento de proclamar: oxalá possa o Ciberdúvidas continuar, por muito anos, a receber os votos de parabéns que tantos consulentes generosamente lhe enviam.

(Imagem principal: Alexandre O'Neill, A Linguagem, 1948)

2. Dúvidas suscita a língua com as suas palavras, um meio privilegiado de comunicação mas também fonte de hesitações e de dúvidas, tal como ilustra a atualização do Consultório, onde se apresentam questões que se prendem com a origem de um topónimo (Burguel), a classe a que pertence uma palavra (muitas), a funcionalidade de determinados constituintes associados ao sujeito («esse sim» ou «esse, sim») e a correção de certas expressões («É claro que» ou «Claro que»). 

3. Perplexidade traz a investigadora Helena Matos, quando defende que os falantes procuram uma língua cada vez mais assética, ideia que sustenta o artigo que publicou no jornal digital Observador e que reproduzimos, com a devida vénia, na rubrica Controvérsias Esta tendência espelhará uma sociedade que procura a neutralidade (inclusive a linguística) em todos os campos: género, raça, sexualidade... Constrangimentos que forçam os falantes ao recurso a perífrases, a longas formulações para evitar dizer o óbvio, que pode, no entanto, ferir suscetibilidades. 

4. Perplexidade ainda parece oferecer a opção de um manual escolar (destinado ao ensino secundário em Portugal) de não reproduzir alguns versos do poema «Ode Triunfal» de Álvaro de Campos, um dos heterónimos pessoanos (notícia do semanário Expresso) – opção que, aliás, parece ser comum a outros manuais escolares. Relativamente a este assunto, é de referir que a edição citada pelo manual escolar em questão (Editora Ática, já extinta) também já não apresenta um verso integral e omite uma palavra de um verso. Acresce ainda que o mesmo manual escolar apresenta à margem, na versão do manual destinada a professores, os versos suprimidos, deixando, portanto, ao professor a decisão de os apresentar aos seus alunos. Perante estes factos, usar o termo censura para descrever o sucedido parece um pouco exagerado. Será talvez uma opção de pudor.

Na imagem, a página 151 da impressão de 1980 de Poesias de Álvaro de Campos, livro publicado em 1944 pels Editora Ática e integrado na coleção Obras Completas de Fernando Pessoa. Assinala-se na foto, a vermelho, o apagamento de uma palavra no quinto verso – trata-se do plural putas – e a omissão de todo o 22.º verso, correspondente a «Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada», conforme se pode comprovar pelo confronto com a versão integral do poema que o Arquivo Fernando Pessoa disponibiliza em linha. Estas supressões são conhecidas há décadas, mas não ocorriam no texto que o n.º 1 da revista Orpheu (pág. 81) apresentou em 1915. Também não se verificam noutra edição famosa, a da editora brasileira José Aguilar, num volume intitulado Fernando Pessoa. Obra Poética e publicado em 1960, com organização e anotação de Maria Aliete Galhoz [cf. artigo "História da edição nacional (até 2008)", do Projecto Modern!smo online: Arquivo virtual da geração de Orpheu]. Sobre a opção do manual Encontros – 12.º ano, da Porto Editora, de suprimir os referidos versos na versão do poema destinada a alunos, leia-se o esclarecimento publicado pelos respetivos  autores aqui. Acerca deste tema, ver ainda "Docentes repudiam corte de versos de Álvaro de Campos pela Porto Editora", trabalho da jornalista Carla Viana saído no jornal Público, em 15/01/2019.

5. Novidades linguísticas surgem constantemente em meios sociais dinâmicos, como é o caso da política. A  contestação à liderança do  PSD, no desafio feito pelo ex-deputado Luís Montenegro ao presidente do seu partido, Rui Rio, motivou a criação do neologismo riogicídio por parte do jornalista Sebastião Bugalho, num artigo intitulado A tentativa de riogicídio (no jornal digital Observador). A formação desta palavra fez-se por analogia com regicídio, que significa «assassínio de um monarca» – substituindo o radical reg-  pelo apelido Rio (último nome do político português em causa), amalgamado com o elemento -gicídio, que exprime a noção de «ação que provoca a morte ou o extermínio» (cf. Dicionário Priberam em linha). 

6. Complexo é pensar a linguagem, questionar a linguagem, associar afetos à linguagem, reformular a linguagem. São as inúmeras ações que a linguagem envolve que servem de reflexão a um texto do poeta, crítico e comentador político português Pedro Mexia, num artigo dado à estampa na E, revista do  semanário Expresso e reproduzido em O Nosso Idioma.

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1. Nos países de língua portuguesa, como se faz referência a figuras públicas? Muitas vezes apenas pelo apelido (um ou dois): em Portugal,  Rio é Rui Rio, e Ferro Rodrigues é Eduardo Ferro Rodrigues; no Brasil, Lula é Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não é infrequente ocorrer somente o primeiro nome: o Jerónimo de certo título jornalístico deve muito provavelmente aludir a Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português; em Moçambique, por Samora entendia-se o presidente Samora Moisés Machel (1933-1986). É este o tema da pergunta chegada da Polónia, dum tradutor intrigado com o uso do nome próprio do PR português, em vez do seu nome completo. Outras questões que, no consultório, integram a presente atualização:

– como se denomina a combinação de duas letras num único sinal gráfico (ex. æ, œ) – ligadura ou ligatura?

– será uma criança de seis anos capaz de escrever palavras com hífen?

– a expressão «ouve lá!» pode ser ofensiva?

– na sequência «a decisão do juiz», que função tem «do juiz» na frase?

– que significa o regionalismo português "quantal"?

– como se explica que as palavras mãe e pai remontem ao latim vulgar MATRE e PATRE?

2. Em O nosso idioma, transcreve-se um texto que o ex-ministro da Educação português Nuno Crato escreveu e publicou em 2/03/2002, no semanário Expresso, sobre a história do sinal @.

Sobre os atuais usos de @, chamado arroba, leiam-se "O x e a @ para referir o masculino e o feminino" e  "O uso de @para marcar o género das palavras".

3. Está na ordem do dia falar dos millennials, também conhecidos como Geração Y, ou seja, as pessoas nascidas entre os anos 80 e meados dos anos 90 do século passado[1], que estão a definir modas e tendências. Haverá maneira de evitar o anglicismo millennials ou afeiçoá-lo ao vernáculo? Procurando exemplos do que se faz em outras línguas românicas, irmãs da portuguesa, assinale-se que, em Espanha, a Fundéu-BBVA sugere para o castelhano milénicos, mileniales e miléniales. Em português, podemos construir formas paralelas: milénicos e mileniais, mas encontrar forma homóloga de miléniales – "miléniais" (singular "milénial") – parece mais difícil ou até impossível, porque não ocorrem substantivos e adjetivos esdrúxulos (proparoxítonos) terminados em -l.

À volta do comportamento da geração do milénio (ou milenial), sobretudo no mundo do trabalho, assista-se ao vídeo da entrevista com o escritor anglo-americano Simon Sinek, especialista em motivação (legendas em português).

[1 Frase corrigida em 12/01/2019.]

4. Da Galiza, chega o o anúncio da realização de um documentário intitulado Pacto de Irmãos, a respeito de um dos mais antigos documentos medievais quer de Portugal quer da Galiza. Trata-se de um projeto da editora galega Através, que o tem  promovido de várias formas, entre elas, pela apresentação em vídeo disponível aqui.

5. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, recorde-se que o Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 11 de janeiro, pelas 13h15*, com repetição no sábado, 12/01) se centra nos projetos desenvolvidos pelo Centro de Língua do Instituto Camões na Universidade Pedagógica da Beira, em Moçambique, enquanto o Páginas de Português (Antena 2, domingo, 13 de janeiro, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, 19/01, às 15h30) dá destaque ao Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português, do professor universitário e tradutor Marco Neves.

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1. O provérbio italiano «Traduttore, traditore» parece continuar atual quando se fala de tradução automática, pois esta gera produtos que levantam muitas dúvidas. Apresentada como uma das novidades do século, fruto da investigação combinada entre linguística e computação, a tradução automática, quando aplicada a obras integrais, parece produzir alguns resultados estranhos, como assinala Ana Sousa Martins, consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa, num artigo intitulado Tradução desumana, disponível no Pelourinho

*Imagem principal: pintura de Brueghel, Torre de Babel, de 1563.

2. As dúvidas linguísticas estão presentes no Consultório e colocam o enfoque em diferentes aspetos: 

   — a possibilidade de diferentes combinações entre orações relativas introduzidas por preposição e o artigo definido, no português e no castelhano;

   — a posição na frase do quantificador mais quando especifica nomes;

   — o significado de expressões como «à mistura» ou «dez-réis de mel coado»;

   — a classe da palavra calmoso na expressão «um domingo perto do calmoso».

3. Após a divulgação de enfermeiro como a palavra do ano 2018 em Portugal, temos agora conhecimento de que em Moçambique foi eleita a palavra resiliênciaNa sequência destas iniciativas, o escritor brasileiro Sérgio Rodrigues veio propor ódio como palavra do ano de 2018 no Brasil.  

4. Se ouvir alguém dizer «É rapá», «É um poupo» ou «não tem tafulho», estará provavelmente em presença de um açoriano em pleno uso de expressões típicas das diferentes ilhas do arquipélago. Estes falares típicos são o tema do artigo publicado originalmente na revista Visão, de autoria do jornalista e locutor da RTP AçoresJoão Gago da Câmara

 

5. No programa de rádio Língua de Todos é entrevistado Paulo Serra, leitor da Universidade Pedagógica da Beira (Moçambique) e responsável pelo Centro de Língua do Instituto Camões, sobre os projetos desenvolvidos na referida universidade (na RDP África, na sexta-feira, dia 11 de janeiro, pelas 13h15*, com repetição no sábado, 12/01). O programa Páginas de Português, emitido pela  Antena 2, no domingo, 13 de janeiro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 19/01, às 15h30), passa uma conversa com o professor universitário e tradutor Marco Neves, sobre o seu recente livro Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português.

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1. De regresso às atualizações regulares e desejando a todos os nossos consulentes um excelente 2019, enumeramos os artigos que neste dia entram em linha, na rubrica O nosso idioma:

– No começo de um novo ano, abundam as previsões e os prognósticos, muitos introduzidos pelo modismo «é expectável». Porque não dizer simplesmente «espera-se que....» ou «tem grande probabilidade...»? Num comentário ao uso da estafada expressão, Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, lembra que há formas em alternativa, capazes de diversificar o discurso.

–  Mas, afinal, quanto é um bilião em Portugal? E no Brasil? O professor Guilherme de Almeida, especialista em grandezas e unidades físicas, dá os esclarecimentos necessários para evitar certas confusões.

– O plural de livro é livros, mas quantos, por exemplo, no Brasil, já não terão deparado com usos como «os livro», que a norma não aceita? Num texto transcrito, com a devida vénia, do blogue Certas Palavras, o professor universitário e tradutor Marco Neves dá conta de como as estruturas que marcam o plural são suscetíveis de grandes e curiosas variações nas línguas do mundo.

2. Outras rubricas acolhem também novos conteúdos:

– No Pelourinho, um apontamento de João Alferes Gonçalves, publicado originalmente no blogue do Clube de Jornallistas, esclarece a pronunciação do nome do norueguês Ole Gunnar Solskjaer (na foto), que substituiu o português José Mourinho, como treinador do Manchester United.

– Em Ensino, disponibiliza-se um texto de Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, a respeito da necessidade de devolver à memorização o papel que deve ter na aprendizagem.

– Nas Diversidades, transcreve-se um trabalho do economista Jorge Fonseca de Almeida e publicado em 3/01/2019 no semanário digital O Lado Oculto, à volta do lugar que cabe ao inglês na União Europeia e na sociedade portuguesa.

3. O consultório retoma igualmente a plena atividade: fala-se de discurso indireto, da polissemia do nome atualização, da história do chamado se apassivante, da relação semântica entre cãibra e contratura (ou contractura) e da ordem dos apelidos nos nomes pessoais completos.

4. Entre as várias notícias difundidas pelos media, seleciona-se a da escolha de enfermeiro como palavra do ano em Portugal, na edição de 2018 do passatempo organizado pela Porto Editora. Os outros vocábulos finalistas eram professor e toupeira. A votação incidiu, como é hábito, em palavras recorrentes ao longo do ano transato, em Portugal, como aconteceu com as já mencionadas, em referência aos conflitos laborais que têm envolvido a classe dos enfermeiros e a dos professores dos ensinos básico e secundário, bem como ao caso e-Toupeira, que implica figuras ligadas ao Sport Lisboa e Benfica.

5. Uma última chamada de atenção para o novo texto de Marco Neves (ver mais acima), no seu blogue Certas Palavras, desta vez a respeito de diferentes sistemas de expressar as horas, começando pelo suaíli, língua com estatuto oficial na Tanzânia, no Quénia e no Uganda. Que horas são quando, na cidade queniana de Nairóbi, os relógios (já de si, peculiares) marcam as sete da tarde?

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1. Fazendo coincidir a sua tradicional interrupção com a pausa escolar do 1.º período em Portugal, o Ciberdúvidas regressará com as suas atualizações regulares no dia 7 de janeiro de 2019*. Aproveitamos a época para deixar a todos aqueles que se interessam pela língua portuguesa e que acompanham as nossas atividades os votos de boas festas e de um feliz ano novo.

* Com esta pausa na atividade regular do Ciberdúvidas, fica igualmente interrompido o consultório linguístico, mas sempre que a atualidade noticiosa ou a relevância informativa o justificar, não deixaremos de o assinalar nos DestaquesE, como sempre, também, manter-se-á permanentemente disponível o acesso ao vasto e diversificado arquivo do Ciberdúvidas – de perto de 50 mil respostas e textos de toda a natureza sobre a língua portuguesa. Para qualquer outro assunto extralinguístico, deixamos os contactos aqui.

A época natalícia é lexicalmente muito rica em expressões que, em diversos casos, trazem dúvidas aos falantes. Nesta ocasião – além dos  cinco exemplos de erros de português muito comuns nesta época do ano assinalados pela professora Sandra Duarte Tavares, em artigo transcrito da edição digital da revista Visão do dia 12 de dezembro de 2018 –, recordamos algumas questões para as quais deixámos resposta no consultório: «Qual o plural de pai natal?», «E de Natal?», «E o plural de bolo-rei e de filhó?», «Natal é nome próprio?», «Diz-se «boa festa» ou «boas festas»?», «Ano novo escreve-se com maiúscula?» e «As expressões boas festas e ano novo levam hífen

Imagem: Natal no FunchalIlha da Madeira (in Sapo Viagens

2. No Consultório ficam em linha novas resposta relacionadas com a área da sintaxe («Qual a posição do pronome átono numa frase introduzida pela locução «mais uma vez»?» e «Qual a diferença entre «a que» e à qual»?), com a coesão textual («A seleção de um pronome na frase pode implicar referentes distintos?»), com a morfologia («Qual a origem das palavras garagem manada?») e com a fonética («Como se pronuncia o ditongo ei em Portugal?»).

 3. O final de um ano é sempre uma época de balanço. Neste contexto, o Ciberdúvidas dá a conhecer aos seus consulentes alguns dados relacionados com a sua atividade ao longo do ano de 2018:

–  Deu-se resposta a 1661 questões, das quais 401 foram tornadas públicas no consultório, por abordarem assuntos ainda não tratados, tendo as restantes 1260 sido respondidas diretamente aos consulentes;

– As questões foram colocadas por consulentes oriundos de Portugal, Brasil, Espanha, Alemanha, Angola, Namíbia, México, China (incluindo Macau), Reino Unido, USA, Polónia, Holanda e Suécia, entre outros países;

– Foram divulgados 131 artigos, entre textos produzidos exclusivamente para publicação na plataforma e outros reproduzidos da imprensa de língua portuguesa;

– Foram apresentados 18 livros, na Montra de Livros;

– 44 foi o número de notícias divulgadas;

–  A plataforma teve cerca de 1,4 milhões de visitas mensais, contando com uma média de 55 000 acessos diários, com origem sobretudo no Brasil e em Portugal, mas também em Moçambique, Angola e Estados Unidos.

4. A propósito do léxico típico da época natalícia, recordamos um texto de 1944, que integra a obra Língua e Má Língua, da autoria de Agostinho Campos  (1870 –1944), que foi professor universitário, jornalista e escritor, no qual o autor esclarece que Natal é uma palavra exclusivamente portuguesa, recordando a história da sua evolução e também da evolução de palavras que designam a mesma época, pertencentes a outras línguas. A autor esclarece igualmente a origem de palavras como réveillon  ou pai natal (texto disponível na rubrica O Nosso Idioma).

 

5. Decorre até ao final de dezembro de 2018 a votação para a seleção palavra do ano 2018, numa iniciativa da Porto Editora, já com dez anos. Estes ano, as palavras selecionadas são assédio, enfermeiro, especulação, extremismo, paiol, populismo, privacidade, professor, sexismo e toupeira

 

6. Recordamos que o programa Língua de Todos (na RDP África, sexta-feira, dia 14 de dezembro, pelas 13h15*; com repetição no sábado, 15/12) passa uma conversa com a professora Renata Junqueira de Souza a propósito da apresentação do texto literário aos bebés. O Páginas de Português  (na Antena 2, no domingo, 16 de dezembro, às 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 22 de dezembro, às 15h30) entrevista Joaquim Coelho Ramos, o novo diretor do Instituto Português do Oriente

     * Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

7. A terminar, brindamos os nossos consulentes com um poema alusivo à época natalícia, da poetisa portuguesa Natália Correia (1923-1993):

 

       Falavam-me de Amor

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas 
porque do fogo o nome antigo tinhas 
e em sua eternidade colocavas 
o que a infância pedia às andorinhas. 

Depois nas folhas secas te envolvias 
de trezentos e muitos lerdos dias 
e eras um sol na sombra flagelado. 

O fel que por nós bebes te liberta 
e no manso natal que te conserta 
só tu ficaste a ti acostumado.

in O Dilúvio e a Pomba                                                                                                                                                                                                                                                                                                    Visitação. Maria Aurélia Martins de Sousa (Séc. XIX-XX)

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1. Ao consultório, regressa a discussão do uso do masculino plural em referência aos dois géneros: será «todas e todas» mais correto que «todos»? Ou a escolha de um dos usos pouco tem que ver com a correção gramatical? Outro tópico retomado, mas numa perspetiva diferente: o da pronúncia das vogais átonas do nome da cidade turca de Antioquia. E volta o tema do emprego de obrigado, só que, desta vez, como substantivo. Completam esta atualização perguntas sobre a boa formação do adjetivo eudemónico – que, entre outras aceções, pode significar «relativo ao bem-estar» –  e acerca do modo verbal mais adequado a uma oração começada por «não porque....» –  «não porque seja...», com verbo no conjuntivo, ou «não porque é», no modo indicativo?

Imagem retirada e adaptada do sítio eletrónico espanhol Clases de Periodismo (18/12/2015).

2. Uma chamada de atenção para a Pedipedia, uma enciclopédia pediátrica em linha, lançada no dia 11 de dezembro p. p. na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. Trata-se de um recurso com intuitos pedagógicos e acesso gratuito, concebido, segundo o respetivo texto de apresentação, «para apoio à prática clínica, à formação na área da saúde infantil e simultaneamente um meio de divulgar conhecimentos práticos na área da saúde às famílias (pais e cuidadores), às crianças, aos jovens e adolescentes». É de realçar o papel que este projeto atribui à língua portuguesa, como veículo internacional de informação especializada e, sobretudo, útil: «A Pedipedia pretende ser ainda um canal privilegiado de cooperação entre os diversos países lusófonos na área da saúde.»

Sobre o nome próprio Pedipedia,  observe-se que a sua formação constitui uma amálgama de dois termos, pediatria, «especialidade médica que estuda as crianças e suas doenças» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001, s. v. pediatria), e enciclopédia, «obra que reúne considerável soma de conhecimentos» (idem, s. v. enciclopédia).

3. A apresentação do texto literário aos bebés? A pergunta causa estranheza. Que texto? Que literatura? Contudo, se falamos de língua materna conexões haverá, filamentos invisíveis, uma luz vibrátil do som da voz materna, no entorno familiar da língua. Este é o tema principal do programa Língua de Todos (transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 14 de dezembro, pelas 13h15*; com repetição no sábado, 15/12), numa conversa com a professora Renata Junqueira de Souza. No Páginas de Português (nova emissão na Antena 2, no domingo, 16 de dezembro, às 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 22 de dezembro, às 15h30), fala-se da diplomacia cultural em Macau, a partir de Macau, para o vasto continente chinês e para o arquipélago cultural dos países vizinhos, do Vietname à Indonésia. O Instituto Português do Oriente tem um novo diretor, Joaquim Coelho Ramos, e as relações entre Portugal e essa zona do globo é antiga de séculos. Por via dos interesses financeiros, das trocas económicas, da constelação de países da CPLP, das integrações regionais – União Europeia incluída – o idioma de Camões conhece um significativo interesse nas universidades chinesas. O Páginas de Português conversa com Joaquim Coelho Ramos, diretor do Instituto Português do Oriente.

 * Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

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1. A história que Portugal e o Brasil partilham motiva uma dúvida relacionada com a possibilidade de existência de arcaísmos comuns entre as variantes do português de Pernambuco e a do português europeu. É esta mesma língua que leva falantes do lado de cá e de lá do Atlântico a colocarem questões sobre funções sintáticas: «Qual a função dos constituintes «de bobo» ou «linda» com o verbo fazer-se?» e «Qual a função de um constituinte dependente do adjetivo costumado?» A busca da correção da língua justifica a questão «Qual a melhor opção: «Devora-os a todos» ou «devora-os todos»?» e «Qual o gentílico do topónimo Lobão?» (respostas disponíveis no Consultório)

2. Na rubrica Controvérsias, regressamos ao tema do género na língua com um artigo de opinião (publicado originalmente no jornal Público) de António Bagão Félix, economista e professor universitário, que aborda ironicamente as possíveis consequências dos excessos associados ao princípio da linguagem inclusiva: desde as redundâncias, à hipotética formação de novas palavras, sem esquecer o uso de símbolos que buscam um género "neutro", como @, x ou até *.

3. A propósito ainda da visita do Presidente chinês Xi Jinping, José Ribeiro e Castro, político e advogado português, deixa, num artigo originalmente divulgado no jornal Público, dois grandes desafios: o desenvolvimento de zonas do interior do país em parceria com a indústria asiática e a aposta na aprendizagem do mandarim de forma alargada pelos jovens portugueses (acompanhada de uma política de promoção da aprendizagem do português na China), como forma de construir uma real vantagem para os portugueses no quadro do mercado global. Uma reflexão também sobre a importância do multilinguismo na economia e sociedade globais.  

4. No âmbito da atualidade internacional, destaque para os eventos, em Lisboa, assinalando o 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento aprovado pela Assembleia Geral da ONU, a 7 de dezembro de 1948, em Paris (notícias aqui e aqui):

– A cerimónia comemorativa na Assembleia da República Portuguesa, a 10 de dezembro, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa;

– A entrega do Prémio Direito Humanos 2018 à Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos, numa sessão anterior à comemoração do aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos;

– O lançamento da obra Livres e Iguais – Os Direitos Humanos na Escola, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada e com ilustrações de Ana Seixas;

– A exposição 70 anos depois: o que ainda há por fazer? – organizada pela Rede Ação Jovem, uma rede de jovens ativistas da Amnistia Internacional, e com o objetivo de estabelecer um paralelo entre os 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e as ações desenvolvidas atualmente pela Amnistia Internacional ;

– Análises divulgadas pela comunicação social portuguesa a propósito do que ainda falta cumprir para que a Declaração se torne uma realidade, com especial destaque para os casos da violência sobre as mulheres, do racismo e da pobreza (no Diário de Notícias) e ainda o crescimento do discurso do ódio em Portugal (num alerta da Amnistia Internacional).

5. No domínio da literatura de língua portuguesa, registamos a atribuição do prémio Oceanos de Literatura 2018 à escritora brasileira Marília Garcia, pela sua obra Câmera Lenta. Na mesma cerimónia foram também anunciados os vencedores dos 2.º, 3.º e 4.º lugares deste prémio, atribuído anualmente desde 2002.*

* O prémio do 2.º lugar foi atribuído ao escritor português Bruno Vieira Amaral, com a obra "Hoje estarás comigo no paraíso"; para o 3.º lugar foi  escolhido o poeta português Luís Quintais, com a obra "A noite imóvel"; e o prémio do 4.º lugar distinguiu o poeta moçambicano Luís Carlos Patraquim, com a obra "O deus restante". Mais pormenores aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Estendendo-se também à atividade financeira, a tecnologia digital cunha, como sempre, a sua terminologia em inglês. Sem haver distinção gramatical de género nesta língua, que fazer, por exemplo, com o empréstimo blockchain («tecnologia de cadeia de blocos»)? Usá-lo como nome feminino, à semelhança da sua tradução para português? A questão, que pode não ter resposta óbvia, é comentada no consultório, onde se fala ainda da grafia do advérbio alacremente, se procura identificar a classe de palavra de «o outro», se avalia o uso de «chamar de» e se discute o contraste entre as orações coordenadas conclusivas e as subordinadas consecutivas.

2. Fazer o papel do Diabo não é tarefa fácil, porque exige conhecer-lhe o estilo e as palavras. Para os mais desassombrados, na Montra de Livros apresenta-se uma obra que reúne vocábulos incómodos e definições que só podiam lembrar àquele cujo nome convém não proferir: da autoria do norte-americano Ambrose Bierce (1842-1914), trata-se do Dicionário do Diabo, traduzido em português por Rui Lopes.

3. As Controvérsias disponibilizam um texto – transcrito do blogue Diário de um Linguista (5/12/2018) –, no qual o autor, o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi, relaciona a variação linguística com a desigualdade social, defendendo o direito ao conhecimento e ao uso coletivos da norma-padrão.

4. Entre a rejeição liminar e o apoio ativista, assim se acolhem em Portugal os ecos das recomendações do movimento PETA para combater linguagem antianimal. Num documento originalmente escrito em inglês, esta organização não governamental dedicada aos direitos dos animais sustenta que as palavras têm o seu peso e que é preciso criar novas expressões, que substituam as alusivas a maus-tratos infligidos aos animais. Propõe, por exemplo, que em vez de se dizer «matar dois coelhos de uma cajadada» – em inglês, «to kill two birds with a stone» (em tradução literal, «matar dois pássaros com uma pedra») –, se passe a empregar qualquer coisa como «dar de comer a dois coelhos com uma cenoura», numa adaptação (muito livre) da versão em alternativa – «feed two birds with a scone» (literalmente, «alimentar dois pássaros com um scone»). Será a militância capaz de revolucionar as expressões idiomáticas e apagar a inscrição de tempos em que a humanidade se mostrava menos preocupada com os direitos dos animais?

5. Ainda no contexto da visita a Portugal de Xi Jinping, presidente da República Popular da China, uma chamada de atenção para o artigo que o político e advogado português José Ribeiro e Castro assina no Público de 6/12/2018, para defender o ensino do mandarim aos Portugueses como investimento em recursos humanos capazes de competir numa economia globalizada.

6. A atualidade fica também marcada por algumas notícias respeitantes à promoção internacional da língua:

– na Escola Internacional da ONU, em Nova Iorque, o português vai começar a ser ensinado como língua extracurricular, graças à ação conjunta das missões do Brasil e de Portugal;

– em Lisboa, no Instituto Camões, tomou posse em 6/12/2018 o novo diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Incanha Intumbo (na foto), assinalando nesta sua primeira intervenção pública o problema do financiamento do organismo e o seu empenho na «sensibilização» junto dos países-membros da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que ainda não adotaram o Acordo Ortográfico de 1990. 

6. Voltamos a lembrar que, no programa Língua de Todos, (na RDP África, sexta-feira, dia 7 de dezembro, pelas 13h15*; com repetição no sábado, 8/12), é entrevistado José Viale Moutinho, a propósito da publicação da Camiliana, pelo Círculo de Leitores. O Páginas de Português  (na Antena 2, no domingo, 9 de dezembro, às 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 15 de dezembro, às 15h30) foca o contacto fronteiriço entre o português e o castelhano numa conversa com a professora Iolanda Ogando, da Universidade da Extremadura

 Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. As palavras novas nascem das necessidades de comunicação. É neste contexto que, na presente atualização do Consultório, se analisa a possibilidade de formar o adjetivo preletivo a partir do nome preleção. Também a pronúncia de uma palavra "nova" para o falante pode dar azo a dúvidas: é o que acontece com a forma verbal esmero. O uso do singular no complemento do nome na expressão «crimes de leso-patriotismo» é alvo de explicação numa outra resposta. E a que classe de palavras pertence a expressão «graças a Deus» e qual a sua função sintática? Por fim, as orações de uma frase poética e a elevação do sujeito a complemento direto dão matéria para uma última questão

Na imagem, pintura de René Magritte, Golconde, de 1953. 

2. A questão das palavras que se gastam dá mote a um novo apontamento de Carla Marques, professora e consultora do Ciberdúvidas, desta feita à volta do verbo fazer, cuja interpretação exige, por vezes, um esforço interpretativo acrescido, disponível na rubrica O Nosso Idioma.  

3. No mundo da lusofonia, registe-se a atribuição do Prémio Literário Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM)/ Eugénio Lisboa (2.ª edição) a Aurélio Manuel Furdela, contista e dramaturgo moçambicano, pela obra Saga d'Ouro. Um prémio que incentiva a criação literária moçambicana.  

4. A propósito da difusão e alargamento da língua portuguesa no mundo, destacamos as seguintes notícias:

– No México, no próximo ano letivo (com início do verão de 2019), o ensino secundário orientado pela Universidade Latina da América passará a contar com o português língua estrangeira como disciplina obrigatória no ensino do "bachillerato" (correspondente ao ensino secundário), conforme noticia o Instituto Camões (ler nota informativa aqui); 

 A criação de um leitorado de português no México, na Universidade de Guadalajara;

– O aumento da frequência de cursos de português na África do Sul, em resultado de um esforço para firmar a importância da língua portuguesa em África. 

5. O programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, dia 7 de dezembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 8/12), entrevista José Viale Moutinho, a propósito da publicação da Camiliana, pelo Círculo de Leitores, em quatro volumes. Páginas de Português emitido pela Antena 2, no domingo, 9 de dezembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 15 de dezembro, às 15h30), conversa com a professora Iolanda Ogando, da Universidade da Extremadura, sobre os portuguesismos e espanholismos que marcam os falares das gentes que habitam do lado de cá e do lado de lá do Guadiana e sobre a utilidade dos portuguesismos para ensinar o idioma de Camões como língua estrangeira. 

 Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português  ficam  disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.