Começamos por excluir a formulação «"em" altas horas», por não estar atestada. No entanto, verifica-se o uso da locução a altas horas.
Veja-se então o que é aceitável:
(i) se excluirmos o advérbio mesmo, podemos ter:
– Fotos de alta qualidade até altas horas da noite;
– Fotos de alta qualidade até a altas horas da noite;
– Fotos de alta qualidade a altas horas da noite;
(ii) se incluirmos mesmo, temos:
– Fotos de alta qualidade mesmo até a altas horas da noite;
– Fotos de alta qualidade mesmo até altas horas da noite;
– Fotos de alta qualidade mesmo a altas horas da noite;
(iii) por fim, com a locução até mesmo1, aceita-se:
– Fotos de alta qualidade até mesmo a altas horas da noite. [neste caso, até é advérbio, e não preposição]
Ao uso das preposições a ou até nos diferentes exemplos associa-se um significado diferente. Ou seja, ao utilizarmos a preposição até, estamos a referir-nos ao limite de um intervalo de tempo («até altas horas da noite»), enquanto, se optarmos por a, estamos a situar temporalmente um estado de coisas («a altas horas da noite»).
Sublinhe-se, por último, que em todos os exemplos não há omissão (elipse) de preposição, dado que ocorrem até ou a. A oposição entre «tempo contínuo» e «período determinado de tempo» a que se refere a consulente – e que não parece ter enquadramento nas gramáticas de referência e nos dicionários gerais – talvez seja, portanto, uma maneira alternativa de realçar o acima referido contraste semântico entre até e a.
1 A palavra até pode ser preposição e advérbio. É preposição, com sentido espacial ou temporal, em frases como «fui até Lisboa» ou «esperei até ontem». É advérbio de inclusão, por exemplo, em «fala muitas línguas, até japonês». Mesmo pode ter valor idêntico: «ela zangou-se com toda a gente, mesmo com a melhor amiga». Até e mesmo podem ainda associar-se na locução adverbial (cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, s. v. até: «Ela zangou-se com toda a gente, até mesmo com a melhor amiga.»