1. Em referência a tudo o que tem impacto, matraqueia-se cada vez mais o adjetivo impactante, de intenção superlativa, mas com o seu quê de cacofónico. Em O nosso idioma, uma crónica de Carla Marques, linguista e consultora permanente do Ciberdúvidas, dá conta da evolução semântica desta palavra que está na moda para prejuízo dos nossos ouvidos.
Na imagem, ilustração do artigo "Hipótese do grande impacto", na Wikipédia (consulta em 8/02/2019).
2. No Consultório, enquanto se pondera a criação de formas portuguesas para os nomes próprios dos viquingues das sagas escandinavas, remonta-se às origens do nome Gonçalo, por entre as brumas das memórias góticas. Outras questões viram-se para a contemporaneidade da língua e da sua análise: a palavras ambos pode ser um pronome indefinido? Como se usa o verbo configurar numa frase? Que tipo de oração pode constituir uma sequência como «minimamente que seja»? Finalmente, buscando um intemporal refúgio bucólico, depressa o desidealizamos com a expressão «pensar as vacas».
3. Na Montra de Livros, evoca-se a memória do humorista, cartunista e pintor português José Vilhena (1927-2015)* na apresentação de um dos seus livros de maior sucesso, o Dicionário Cómico, que, publicado em 1963, tem nova edição em Portugal.
*Sobre a obra de Vilhena, ler também aqui.
4. Já aqui se falou de viquingues, mas o Pelourinho conta outra saga: a dos erros de vária ordem detetados nas emissões televisivas da RTP, que parece atravessar mais uma fase aguda de disparates linguísticos. É uma constatação do próprio Provedor do Telespetador da televisão pública portuguesa, que no seu último programa, Voz do Cidadão – emitido no dia 2 de fevereiro de 2019, com a participação da professora Sandra Duarte Tavares –, adiantou três propostas específicas para diminuição dos «múltiplos e demasiado frequentes» erros no uso do idioma nacional nos diversos canais da RTP
5. O conceito de lusofonia suscita a polémica, mas importa igualmente compreender a sua génese e refletir sobre o que tem sido e pode ser (ou não) o seu alcance prático. Convergindo com as preocupações de História Sociopolítica da Língua Portuguesa (2016), conhecida obra do linguista brasileiro Carlos Alberto Faraco, justifica-se realçar aqui uma outra, da autoria do investigador português Vítor de Sousa, especialista em Teoria da Cultura: trata-se Da "Portugalidade" à Lusofonia, livro publicado em 2017, que constitui a refundição da tese que o autor defendeu em 2015, na Universidade do Minho.
6. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, lembramos, no Língua de Todos, (RDP África**), a conversa com Afonso Miguel, linguista angolano, que defendeu recentemente a tese de doutoramento Integração morfológica e fonológica de empréstimos lexicais bantos no Português Oral de Luanda, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. No Páginas de Português (Antena 2**), o entrevistado é José Carlos Adão, adjunto da coordenação do Instituto Camões em Nova Iorque, que fala a respeito da introdução do ensino do português na Escola Internacional da ONU, em Nova Iorque.
** Língua de Todos, RDP África, sexta-feira, 8 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 9 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00 + Páginas de Português, Antena 2, 10 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 16 de fevereiro, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.