DÚVIDAS

«Pelo arco-íris» vs. «por o arco-íris»

Tenho uma dúvida suscitada por um amigo meu brasileiro.

Esse meu amigo referiu há uns dias que, no Brasil, a frase «estou fascinado pelo arco-íris» é considerada pouco apropriada para um texto erudito. Isto por muitos escritores brasileiros considerarem que a contração pelo, que é resultado da aglutinação da antiga preposição per com o artigo ou pronome lo ou resultado da aglutinação de por e o, é informal e deve ser substituída por «por o», ficando: «Estou fascinado por o arco-íris.»

Eu, que sou português, pergunto agora se aqui em Portugal se segue similar ideia. O que será mais conveniente para um texto erudito do português europeu?

«Estou fascinado pelo arco-íris», ou «Estou fascinado por o arco-íris»?

Desde já agradeço a atenção dispensada.

Resposta

Em Portugal, se o grupo nominal – o arco-íris – não tiver função sintática noutra oração, então dá-se a contração da preposição com o artigo: «estou fascinada pelo arco-íris». No entanto, se o grupo nominal tiver função sintática noutra oração, como por exemplo «estou fascinado por o arco-íris ter tantas cores», em que o grupo nominal se insere na oração infinitiva, não se dá a contração da preposição com o artigo.

O mesmo acontece no português do Brasil. Veja-se, por exemplo, o que diz Celso Cunha: «Quando a preposição que precede  o artigo está relacionada com o verbo, e não com  substantivo que o artigo introduz, os dois elementos ficam separados [por o]» (Gramática do Português Contemporâneo. Editora Bernardo Alvares S. A.: Belo horizonte, 1970, p. 146). O mesmo autor afirma que « antiga preposição per contraía-se com lo(s), la(s), formas primitivas do artigo definido, produzindo pelo(s), pela(s). Essas contrações ainda hoje se usam em lugar de por o(s), por a(s)» (idem).

A regra aplica-se, portanto, tanto em Portugal como no Brasil e até mesmo nos restantes países de língua portuguesa.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa