Na frase
(1) «Ele veio acompanhado do fidalgo.»
o constituinte «do fidalgo» desempenha a função sintática de complemento do adjetivo.
Na frase
(2) «Ele fez-se acompanhar do fidalgo.»
podemos analisar o constituinte «fazer-se acompanhar» como um núcleo verbal complexo formado por um verbo causativo e por um verbo no infinitivo. Nestes casos, estamos perante uma situação designada união de orações, que corresponde à «amálgama de duas orações numa só» (in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1963). Este fenómeno identifica-se por não permitir a flexão do infinitivo e por o verbo no infinitivo não poder ter sujeito sintático (cf. Id., ibidem)
As frases originais que compõem a frase seriam então:
(2a) «Ele fez-se»
(2b) «O fidalgo acompanhou-o.»
Ora, ao procedermos à junção das duas orações, não é possível manter o sujeito da segunda, «o fidalgo», pelo que este sujeito semântico passa a ter a função de complemento agente da passiva (noutras situações, pode surgir como complemento indireto) (cf. id. Ibidem). Assim, a junção de orações poderia corresponder a uma destas duas possibilidades:
(2c) «Ele fez-se acompanhar pelo fidalgo.»
(2d) «Ele fez-se acompanhar do fidalgo.»
Nestas frases, o constituinte «do/pelo fidalgo» desempenha, como ficou dito, a função de complemento agente da passiva.