De acordo com Winfried Busse, no seu Dicionário sintáctico de verbos portugueses (1994), o verbo aborrecer-se pode usar-se com as preposições de ou com:
(1) «A criança aborreceu-se com os colegas.»
(2) «A criança aborreceu-se de brincar.» (exemplos do autor (cf. ibid., p. 5))
Assim, podemos concluir que a opção pela preposição de, na primeira frase apresentada, está correta.
Segundo Cunha e Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1988), os dois pontos empregam-se, entre outros usos, para indicar um esclarecimento (cf. idid., p. 651). Ora, no caso apresentado, o narrador afirma que Alice não tinha nada fazer e, de seguida, esclarece que a personagem tentou ocupar o seu tempo, o que não foi possível. Este esclarecimento é anunciado pelos dois pontos, pelo que a pontuação selecionada está correta.
Relativamente à última questão colocada, mas é uma conjunção coordenativa adversativa que pode ser utilizada em diversos contextos:
(i) coordena grupos de palavras: «O João é inteligente mas pouco estudioso.»
(ii) coordena orações: «Hoje fui ao café, mas não tomei chá.»
(iii) conecta frases: «O João riu. Mas ela não desviou o olhar.»
Em síntese, a opção mais comum de utilização das conjunções é no interior da frase. Todavia, por razões estilísticas ou de sentido, o autor pode optar por colocá-las em início de frase. Tudo depende da sua intenção.
Na frase em apreço, a utilização de mas no interior da frase é, pois, perfeitamente comum, sendo que, neste caso particular, mas assinala não um contraste de sentido entre as duas orações, mas um contraste pragmático, ou seja, marca o facto de a inferência extraída da primeira oração (o facto de a personagem tentar ver o que existia naquele local devia levar a que conseguisse perceber de que se tratava) contrasta com o conteúdo da segunda oração, introduzida por mas (o escuro não lhe permitiu realizar o seu intento)1.
Disponha sempre!
1. Para aprofundar este assunto, consulte-se Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1800-1801.