No passado 27 de Outubro, ouvi na Antena 1, na rubrica “Dias do Avesso”, a jornalista Isabel Stilwell comentar com o psicólogo Eduardo Sá a grande “perca” que tinha sido a morte do Professor João Lobo Antunes. O vocábulo perca, usado em linguagem popular, caiu, no contexto, e perdoe-se, mas um plebeísmo requer outro, como ranho na parede!
Primeiro, chocou-me o facto de a senhora dizer perca, em vez de perda. É que perca é um peixe! Se se pesquisar no Google a palavra “perca”, o primeiro link é logo «perca no forno»! Depois, aplicado ao homem fantástico e plural, exímio no uso da língua portuguesa, que foi o Professor João Lobo Antunes, a “perca” ganhou dimensões quase ofensivas, ou, pelo menos, de menosprezo.
Por favor, senhora jornalista, perca (verbo – modo imperativo) algum tempo a reflectir no uso da língua portuguesa, sobretudo em programas de rádio, onde se espera, no mínimo, a prática da língua-padrão. Ora bogas!
Cf. Textos Relacionado (ao lado) + A perca (crónica de Martha Medeiros, in Português é legal!)
Texto escrito conforme a norma ortográfica de 1945