O caso relatado pelo consulente é próprio da variação regional da língua e pode ser exemplificativo de como nem sempre é possível atribuir a palavras semântica e referencialmente próximas definições válidas para o conjunto de comunidades que falam a mesma língua. É o que parece acontecer com persiana e estore nos territórios de Portugal, situação provavelmente generalizável a outros países de língua portuguesa.
A definição que o consulente dá de persiana é a que ressalta talvez mais familiar em Portugal: um painel protetor colocado no exterior de uma janela e constituído por lâminas imbricadas, de modo a facilitar a sua recolha, geralmente, por um mecanismo existente no interior da casa. Note-se, porém, que esta descrição é apenas uma das possibilidades de identificar uma persiana, atendendo à definição que dá o dicionário da Porto Editora (versão em linha, na Infopédia):
«1. peça composta por lâminas paralelas, fixas ou móveis, colocada no interior ou no exterior das janelas, que se destina a resguardar da luz do Sol e a impossibilitar a visão do exterior 2. peça constituída por lâminas de metal ou plástico que se enrolam e desenrolam por meio de um mecanismo adequado, e que se desce para tapar a luz»
Mesmo assim, querendo identificar protitipicamente aquilo a que, em Portugal, se tem chamado persiana, dir-se-ia que a imagem ao lado esquerdo seria um bom exemplo.
O termo estore é definido pelo referido dicionário de um modo mais vago, que permite identificá-lo à denotação de persiana:
« cortina lisa com um mecanismo apropriado para subir e descer»
Convém, porém, observar que um estore denota um painel interior, geralmente formado por lâminas sobrepostas, reguláveis, ou uma tela que se enrola, como se ilustra a imagem do lado direito.
Importa ainda dizer que a evolução da técnica permite que os dois tipos de proteção se confundam, como parece concluir-se das imagens de uma outra página. Não admira, pois, que não seja clara a diferença entre os dois termos em questão, mesmo quando se consultam glossários da área da engenharia civil – por exemplo, o sítio eletrónico português EngenhariaCivil.com:
«Estore Cortina de réguas, madeira, plástico, alumínio ou lâminas de aço, que recolhe por enrolamento, servindo para isolar da luminosidade ou criar privacidade, sendo aplicado principalmente em janelas.»
«Persiana Elemento utilizado em janelas para quebrar a luz do sol. Normalmente são pequenas ripas de plástico, madeira ou metal, que se ligam.»
Não se afigura, portanto, possível chegar a uma distinção clara entre os dois termos. O que foi dito terá algum consenso entre fabricantes, comerciantes e clientes, mas tenha-se em mente que haverá sempre margem para outras definições.