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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Temas da presente atualização do consultório do Ciberdúvidas*: 

♦ Quando (e porque) é que o prefixo pré- emudece e se aglutina à palavra antes separada com hífen, perdendo o acento (como aconteceu com o substantivo precondicionamento)?

♦ À volta do predicado e do predicativo do verbo ser, e da sua concordância com o sujeito da frase. 

♦  O emprego do infinitivo impessoal (ou não flexionado) e o seu contrário. 

♦  O uso da vírgula antes da conjunção coordenativa e

♦  Qual é a expressão certa: «pico do verão» ou «pino do verão»?

2. Por via da atualidade internacional – a realização da  72.ª Assembleia Geral da ONU –, voltará a ouvir-se a má prolação do acrónimo referente à Organização das Nações Unidas. Vale então a pena lembrar que, em português,  ONU tem a tónica no u.

3. Finalmente, sobre a palavra calendário e as suas muitas aceções – «calendário lunar», «calendário solar», «calendário gregoriano», «calendário escolar», «calendário  eleitoral», «calendário desportivo»... –, assinalamos na rubrica O Nosso Idioma a crónica da jornalista Rita Pimenta, transcrita, com a devida vénia, do jornal “Público” de 17/09/2017. Tema já abordado no Ciberdúvidas em várias respostas anteriores: aqui e aqui, por exemplo.

* Tal como foi anunciado anteriormente, e dados os  constrangimentos no seu funcionamento regular, o Ciberdúvidas passou a assegurar as suas atualizações temáticas apenas uma vez por semana, à segunda-feira. Sempre que a atualidade ou a importância do assunto o justificar, não deixaremos de o noticiar, com o devido registo nos Destaques.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  É o regresso do consultório do Ciberdúvidas e as atualizações das demais rubricas temáticas, após a pausa das férias escolares de verão em Portugal. Nas condições possíveis, porém: agora, apenas com respostas e outros novos conteúdos disponibilizados só uma vez por semana, à segunda-feira*. As consabidas dificuldades no custeamento do serviço público que aqui se presta à volta da língua portuguesa não permitem manter a regularidade anterior, trissemanal e, muito menos, de segunda a sexta-feira, tal como funcionava o Ciberdúvidas antes da perda dos seus dois patrocinadores da altura.

* Sempre que atualidade ou a importância do assunto o justificar, não deixaremos de o noticiar, com registo nos Destaques.

2.  Quanto ao que fica em linha, desde este dia:

  Quatro novas perguntas ficam respondidas no consultório: Sobre os verbos copulativos (ou predicativos) + A concordância verbal com o sujeito + A argumentação e a retórica + O ponto final dentro das aspas. E, ainda, um mais fundamentado esclarecimento sobre os termos tsunami e maremoto, subscrito por D’Silvas Filho.

  Na rubrica Pelourinho, a professora Maria Eugénia Alves** debruça-se sobre a falta da obrigatória vírgula antes do vocativo no título de um livro de poemas recentemente editado em Portugal, com o texto A falta que fazem os revisores...

** A professora Maria Eugénia Alves é a nova coordenadora executiva do Ciberdúvidas, em substituição do professor Carlos Rocha, a quem deixamos público agradecimento pelo empenho, dedicação e competência dados ao Ciberdúvidas, desde o seu destacamento em junho de 2005.

•  Finalmente, chamamos a atenção para dois artigos transcritos, com a devida vénia dos jornais Público e Folha de S.Paulo, nas rubricas Diversidades e Nosso Idioma@ entre acentos, géneros e beijos, de António Bagão Félix, e Millôr contra a crase: Quem está errado, o brasileiro ou a regra?

•  E, ainda, para o estudo do professor João Andrade Peres sobre a etimologia da palavra somítico – «algo difícil e não resolvido nos dicionários», refere o autor. Intitula-se "Da etimologia da palavra somítico à memória da ética de Sodoma em línguas modernas", podendo ser acedido aqui.

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Coincidente com a reabertura do ano escolar em Portugal, o consultório do Ciberdúvidas volta a estar disponível a partir do dia 11 do presente mês de setembro para esclarecimentos ainda não constantes  no seu vasto e diversificado arquivo, de mais 40 mil textos sobre o idioma oficial dos oito países da CPLP. Com uma alteração entretanto no serviço que aqui se presta, gracioso, sem quaisquer apoios senão o resultante da generosidade dos seus consulentes mais dedicados: as atualizações do consultório e demais conteúdos passam a ser apenas semanais, sempre à segunda-feira. Maior regularidade – como acontecia anteriormente, que chegou  a ser diária, de segunda a sexta-feira –, não é possível garantirmos, nas presentes condições.

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1.  Como é habitual na presente época do ano, o Ciberdúvidas da língua Portuguesa faz uma pausa no seu regular funcionamento*, regressando com o novo ano escolar em Portugal – em data ainda por definir e nas condições que forem então possíveis. Sem outro apoio aos custos inerentes ao serviço que aqui se presta a todos quantos querem saber, sempre mais e melhor, sobre o idioma oficial dos oito países da CPLP, para a sua continuação muito tem contado a generosidade dos nossos consulentes mais dedicados. Bem hajam todos eles!

* Ficando encerrado o consultório do Ciberdúvidas, manter-se-á disponível, como sempre, a consulta do seu vasto e diversificado arquivo de mais de 40 mil textos, respostas e outros temas sobre a língua portuguesa. Novos conteúdos e outras informações determinadas pela atualidade ou relevância noticiosa deles daremos devido registo nos Destaques desta página. Entretanto, para qualquer outro assunto extralinguístico, lembramos os contactos possíveis aqui. Cf. Como (melhor) navegar e pesquisar no Ciberdúvidas.

2.  Pausa no Ciberdúvidas, mas não, de todo, na plataforma CiberEstudo – que junta as duas disciplinas consideradas basilares no ensino básico e secundário, em Portugal, o Português e Matemática. Além do que já foi anteriormente noticiado sobre a mais recente e singular iniciativa de estudo e aprendizagem via Internet, na rubrica Notícias facultam-se dados suplementares sobre as suas características inovadoras, e respetivo acesso. Tanto para alunos – numa primeira fase, dos 4.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade –, como para os seus encarregados de educação.

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1.  O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) vem promovendo um conjunto de ações relevantes para a promoção do português. Entre os dias 26 e 29 do corrente mês de junho, organiza uma formação em "Terminologias Científicas e Técnicas Comuns da Língua Portuguesa". O programa contempla uma abordagem à terminologia e a realização de duas oficinas que visam validar as listas parciais de termos identificados no Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, nas áreas da informática e do petróleo. Um passo importante para todos os falantes do português, pois facilita a comunicação do discurso científico. Promoveu igualmente a 1.ª Reunião Técnica sobre Dicionários de Autores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, ocorrida entre os dias 20 e 21 deste mês,  em Lisboa. Nela foi apresentado o projeto, identificadas atividades necessárias para criação da plataforma digital com os conteúdos. Finalmente realizou a 1.ª. Reunião Técnica do "Plano de Leitura da CPLP" que decorreu igualmente este mês de junho, nos dias 22 e 23, com objetivo de refletir sobre experiências realizadas e elaborar um projeto de plano de leitura dirigido a todos os países da CPLP.

2.  "Coabitar (ainda) a norma de 1945 e do AO90" é o novo contributo de D'Silvas Filho sobre  as alterações ao Acordo Ortográfico de 1990, na esteira da proposta da atual direção da Academia das Ciências Lisboa – comparando, neste texto, o que ele próprio propõe no vocabulário que elaborou e se encontra acessível na sua página pessoal. Nele advoga uma «moratória da fase de coabitação entre o critério da ortografia da norma de 1945 e o do AO90», no pressuposto de  uma «nova fase mais prolongada de tolerância» na aplicação da atual reforma, «que permitam aos dois critérios se irem adaptando na escrita, até que os falantes façam a sua escolha definitiva.» 

3.  Na presente atualização, deixamos disponíveis quatro novas respostas a outras tantas perguntas chegadas ao consultório do Ciberdúvidas: sobre a etimologia e a semântica do vocábulo humildade, e a sua evolução na história da língua portuguesa; uma dúvida sobre a frase «deixei alguma coisa a [ou com?] alguém»; uma outra à volta da expressão «ao fim e ao cabo» vs. «no fim e ao cabo»; e uma última a propósito da conjugação pronominal reflexa do verbo sentir

4.  Temas dos programas desta semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

  • No programa Língua de Todos (sexta-feira, dia 30 de junho, às 13h15*, RDP África, com repetição no sábado, dia 1 de julho, depois do noticiário das 09h00*), dá-se destaque ao Dicionário Global da Língua Portuguesa – obra elaborada para facilitar a aprendizagem a todos os que estudam o português como língua estrangeira, língua segunda ou língua não materna –, com uma conversa com um dos seus coordenadores, o padre missionário José Ribeiro Pereira.

  • No programa Páginas de Português (domingo, dia 2 de julho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 8 de julho, às 15h30), aborda-se, em balanço, o conteúdo das provas de aferição dos exames nacionais de Português, do 10.º e do 12.º anos de escolaridade, em Portugal. 

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

5.  Ainda sobre a interrupção abrupta** da 9.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua!, no primeiro canal da televisão pública portuguesa, vide o texto "'O Cuidado com a Língua da RTP' e a realidade dos factos", assinado pelo autor do programa, José Mário Costa – em resposta ao artigo "O Cuidado com a Língua da RTP" do diretor de Programas da RTP1, Daniel Deusdado. (publicados ambos no jornal Público do dia 28/06/2017 e do dia 21/06/2017), respetivamente.

** Cf. As notas 1 e 2 da notícia A estiva e os estivadores no Cuidado com a Língua! 

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1.  Em Portugal, a pretexto da entrada do verão, continuam as comemorações, velhas e novas; e entre elas, coincidente com o solstício, em 21 de junho, o Dia Internacional do Ioga (ver também aqui)*. Como escrever e pronunciar o nome desta prática de reflexão e exercício físico, de origem indiana**? As entidades que a promovem escrevem Yoga, com y maiúsculo inicial e geralmente pronunciada com o fechado; mas os dicionários e os vocabulários ortográficos recentes acolhem a palavra como substantivo masculino – no Brasil, atribui-se-lhe sobretudo o género feminino –, grafado com i (ioga) e com a indicação de poder articular-se com o aberto ("ióga") ou fechado ("iôga"). Existem argumentos de natureza filosófica, filológica ou mística passíveis de legitimar Yoga, como nome próprio, ou yoga, como substantivo comum – o qual, ao exibir um y, deverá escrever-se em itálico. Mesmo assim, no plano estritamente linguístico, é correto e, portanto, recomendável o aportuguesamento ioga, grafado com i e pronunciado com o aberto, prolação muito frequente em Portugal. Quanto ao praticante de ioga, além de se aceitar yogi, em itálico, disponibilizam-se os aportuguesamentos iogue e ioguim. Sobre estes vocábulos, leiam-se as respostas intituladas "Sobre a grafia das formas ioga e yoga", "Ainda o ioga" e "Os termos yogi, iogue e ioguim".

* Na imagem, "Um iogue sentado num jardim", miniatura proveniente do norte Índia e datada da primeira metade do século XVII (não foi possível determinar a atual localização).

** Observe-se que a palavra yoga ou ioga vem, provavelmente por via do francês ou do inglês, do sânscrito yoga-, que significa «união, junção», da raiz indo-europeia *yeug-, «unir», esta também na origem das palavras portuguesas jugo e jungir (cf. Dicionário Houaiss, Trésor de la Langue Française Informatisé e Online Etymology Dictionary).

2.  Ainda a propósito da alegada fuga de informação em Portugal sobre as soluções do exame nacional de Português do 12.º ano (ver Abertura de 21/06/2017), refira-se que as notícias dão conta de a Inspeção da Educação já estar a investigar este caso.

[Posteriormente, o ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues garantiu que o exame de Português do 12.º ano não vai ser anulado ou, sequer, repetido. «Se se comprovar que houve fuga de informação – declarou à rádio TSF –, o Ministério agirá civil, disciplinar o criminalmente contra os autores e quem tenha dela beneficiado».Vide ainda "Governo enfrenta prova diabólica jurídica ao não anular exame de Português", ""Expresso", 28/06/2017]

 

3. Publicado no blogue Escritoresonline, com data de 23 de junho de 2017, e com a devida vénia à autora, transcrevemos na rubrica O Nosso Idioma um texto da escritora portuguesa Isabel Rio Novo sobre os matizes que, afinal, distinguem os sinónimos.

4.  Das perguntas chegadas ao consultório do Ciberdúvidas, selecionaram-se as que abordam os seguintes tópicos: a adequação do substantivo internando, a diferença entre os substantivos piche e espiche, a sintaxe do verbo roubar e o uso do plural eleições.

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1.  A literatura em língua portuguesa afirma-se internacionalmente. Da Irlanda, vem o anúncio de que o romance Teoria Geral do Esquecimento, do escritor angolano José Eduardo Agualusa e traduzido para o inglês por Daniel Hahn, é o vencedor do prestigiado Prémio Internacional de Literatura de Dublin*, criado em 1996. Da Itália, chega a notícia de que o poeta português Nuno Júdice recebeu o prémio internacional Camaiore, pelo livro Fórmulas de uma Luz Inexplicável. Mas também no âmbito nacional a literatura ganha relevo: em Portugal, o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores foi atribuído à escritora Teolinda Gersão, pelo seu livro Prantos, Amores e outros Desvarios.

* Na imagem, uma placa bilingue que apresenta o nome inglês Dublin a par do irlandês Baile Átha Cliath. Curiosamente, é de notar que Dublin tem origem no irlandês Dubhlinn, que terá significado originalmente «laguna negra» (dubh = «negro», linn = «laguna»). O nome em irlandês moderno (trata-se de uma língua céltica, também conhecida como gaélico) é Baile Átha Cliath, ou seja, «cidade (baile) do vau (átha) da cerca de canas (cliath)».

2.  A propósito do prémio que José Eduardo Agualusa arrebatou, diga-se que, apesar da disponibilidade da forma portuguesa Dublim (cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966 e Dicionário Onomástico da Academia Brasileira de Letras), continua a dominar em Portugal a grafia Dublin, pronunciada "dâbline". Disto mesmo dá conta José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), quando regista Dublin como entrada do nome da capital irlandesa e duvida do sucesso do equivalente português com uma interrogativa: «Quem usa entre nós a grafia Dublim [...]?» Sintomático de o nome vernáculo ter pouco ou nenhum uso é o facto de o próprio dicionário da Academia das Ciências de Lisboa definir dublinense como «natural ou habitante de Dublin», ou seja, mencionando a capital irlandesa com a forma inglesa.

3. Em Portugal, o mês de junho é preenchido pelas festas dos Santos Populares (no Brasil, Festas Juninas) – Santo AntónioSão JoãoSão Pedro –, cuja origem vem do encontro da devoção cristã com rituais pagãos que marcavam o solstício de verão no hemisfério norte. Assinalemos, pois, em 24 de junho, o dia de São João Batista, festejado com particular euforia não só no Porto mas também noutras cidades e vilas portuguesas, e participemos no bailarico com esta quadra por mote:

Posso andar de boca em boca...
Posso andar de mão em mão;
A dançar, S. João, sou louca...
Mas não sou fruta do chão!

(quadra do 88.º Concurso de Quadras organizado em 2016 pelo Jornal de Notícias, in São João no Porto – Quadras de S. João, consultado em 23/06/2017)

4.  Como se explica que o pronome pessoal o tenha a forma -lo em «ganhá-lo»? Até que ponto se aceita uma vírgula no meio da locução «ou por outra»? Como se usa a palavra bebé, quando esta modifica um substantivo: «urso bebé» ou urso-bebé? E diz-se «filiar-se num movimento» ou «filiar-se a um movimento»? As respostas estão no consultório.

5.  A respeito dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

• Assinalando-se em Moçambique, no dia 25 de junho, o 42.º aniversário da sua independência nacional, o professor universitário moçambicano Lourenço do Rosário faz um balanço histórico da presença da língua portuguesa neste país, no Língua de Todos (sexta-feira, dia 23 de junho, às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 24, depois do noticiário das 09h00*).

• A criação da Associação de Estudos de Língua Portuguesa da Ásia (AELPA), com sede na cidade chinesa de Macau, é o tema em foco no Páginas de Português (domingo, dia 25 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 1 de julho, às 15h30).

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

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1.  Se, num exame de Português, a prova incluir um poema não coincidente com o original, divergindo a obra citada de outras edições, como avaliar esse facto no mínimo insólito? Foi o que aconteceu com o poema O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, incluído no exame nacional do 12.º ano, em Portugal. A confusão provocada nos examinandos e a explicação-esclarecimento da entidade responsável estão contadas neste trabalho do jornal digital Observador: "Erro no exame de Português? Não, apenas uma versão diferente do poema".

[Uma notícia difundida posteriormente pelo jornal "Público" acrescenta outro elemento, bem mais problemático, a esta prova de Português do exame nacional do 12.º ano realizado na segunda-feira passada: "Alegada fuga de informação do exame de Português está a ser investigada".]

2.  Na presente atualização, deixamos em linha quatro novas respostas a outras tantas perguntas chegadas ao consultório do Ciberdúvidas: o contraste entre os verbos pensar e achar, a (quase) equivalência das expressões «água do mar» e «água de mar», a origem do vocábulo briol e, finalmente, sobre a pronúncia da palavra escolho, no plural.

3.  Ainda sobre o terrível incêndio florestal em Pedrógão Grande, no centro de Portugal, a sua incontrolada devastação, até à data, levou, já, inclusive, à evacuação de várias aldeias. Assim o têm designado, e bem, as alarmantes notícias deste fogo que tudo «lavra e devora», já espalhado entretanto ao concelho limítrofe de Góis. Porque é mesmo disso que se trata: aldeias e residências evacuadas. Não é o caso das pessoas – que, em situações desta gravidade e emergência absolutas, são retiradas, deslocadas ou transferidas para outros lugares de salvação. Sobre esta (im)propriedade lexical muito há disponível no arquivo do Ciberdúvidas. Por exemplo: Os equívocos do verbo evacuar + «Os sinistrados foram "evacuados"» + Evacuação + As palavras NÃO são como o vento.

4.  Temas dos programas desta semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

• No programa Língua de Todos (sexta-feira, dia 23 de junho, às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 24, depois do noticiário das 09h00*), o professor universitário moçambicano Lourenço do Rosário faz um balanço histórico da presença da língua portuguesa no seu país, que assinala no dia 25 o 42.º aniversário da sua independência nacional.

• No programa Páginas de Português (domingo, dia 25 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 1 de julho, às 15h30, dá-se relevo à criação da Associação de Estudos de Língua Portuguesa da Ásia (AELPA), com sede na cidade chinesa de Macau.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

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1.  É uma das possíveis definições da palavra tragicamente mais lida e ouvida no espaço mediático dos últimos dias. Primeiro – como se lhe referia a jornalista Rita Pimenta na sua crónica semanal do jornal Público do dia 18 p.p., a propósito do incêndio num prédio de 23 andares e 200 apartamentos em Londres e das 58 vítimas mortais até esta data contabilizadas, fora os residentes ainda não encontrados. Depois, no ainda mais devastador e trágico incêndio – este florestal – em Pedrógão Grande, no centro de Portugal, em perdas humanas, animais e destruição absoluta, pelo fogo que tudo «lavra e devora», quilómetros a fio.

[Algumas respostas e artigos relacionados com as palavras fogo e incêndio disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: A etimologia de fogo (a propósito de Terra do Fogo) + Metáfora, personificação e catacrese na expressão «esse vento que sopra e ateia os incêndios» + O uso do aumentativo de fogo + «Não há fumo sem fogo» + «Brincar com o fogo!» + FOGO DE ARTIFÍCIO + FOGO-FÁTUO + Qual o feminino de bombeiro? + «Surgem...», ou «surge grande parte dos incêndios»? + «quando se faz fogueiras», ou «quando se fazem fogueiras»? + [O correto uso do verbo] evacuar]

2.  No último episódio emitido pela RTP da nona série do magazine Cuidado com a Lingua!com o tema da estiva e dos estivadores, uma precisão aí resgistada teve que ver com o diferente significado das palavras estada e estadia. Sendo um facto que o seu uso indistinto diluiu a respetiva diferença semântica, a verdade é que ela prevalece, do ponto de vista do rigor vocabular. É o que sustenta a professora Maria Regina Rocha, consultora linguística do programa, no texto A confusão (recente) entre estada e estadia, que deixamos disponível na rubrica O Nosso Idioma.

3.  A interrupção da atual série do Cuidado com a Língua! e a sua transmissão errática e irregular pela televisão pública portuguesa – tendo ficado por emitir os seus dois últimos episódios, e sem qualquer aviso aos telespectadores –  gerou várias observações críticas a quem assim procedeu na RTP.*

* Foram os casos da deputada e ex-ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, no programa Um Certo Olhar, na Antena 2, do dia 16/06 [entre o minuto 04'10'' e o minuto 05'56'']; do advogado e escritor Domingos Lopes ("Cuidado com a Língua e sobretudo com a RTP1") e do economista e ex-ministro António Bagão Félix ("Cuidado com a Língua!"), ambos no jornal "Público"; e, no jornal "i" do dia 14/06, o jornalista Eduardo Oliveira e Silva, referindo-se igualmente à situação de «morte lenta» do Ciberdúvidas (no ponto 3 da crónica "Política e politiquice").

4.  Da presente atualização do Ciberdúvidas, no consultório, prestamos quatro esclarecimentos: sobre o pretérito perfeito do indicativo explicado a estrangeiros, a regência do verbo telefonar e o latinismo vico; e por que razão dizemos (e escrevemos) «duzentos e cinquenta» e «vinte e cinco».

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1.  Faleceu no dia 13 p.p. Alípio de Freitas (Bragança, 1929 – Lisboa, 2017) – Alípio Cristiano de Freitas, de seu nome completo. Símbolo maior da resistência à ditadura militar do Brasil,  estava radicado em Portugal desde 1984, onde foi jornalista na RTP e ativista de um sem-número de iniciativas de natureza político-social. De vasta cultura e para quem a língua portuguesa foi sempre tratada com esmero e um particular talento, fosse como orador ou no registo escrito – fruto da sua sólida formação clássica de antigo sacerdote católico –, muito lhe fica tributário o Ciberdúvidas. Foi graças a ele que o Ciberdúvidas não só encontrou as indispensáveis condições logísticas, em instalações cedidas então pela Universidade Lusófona, para a sua continuação, após o súbito falecimento de João Carreira Bom, como contou sempre com o seu generoso apoio, até ao fim dos seus dias. Fica-nos a eterna saudade, e a gratidão, deste Homem, com H grande, e a dimensão como pessoa que tanto tocou quantos com ele privaram em vida. E que, por isso, não quiseram deixar de manter o concerto-homenagem marcado para este sábado, dia 17 de junho, no Fórum Lisboa, às 21h30.

2.  O verbo ser e o verbo ir têm formas iguais no pretérito perfeito do indicativo – fui, fostefoi, etc. – e noutros tempos verbais (mais-que-perfeito do indicativo, bem como no imperfeito e no futuro do conjuntivo). Como se explica que verbos tão diferentes na significação venham a identificar-se morfologicamente? A questão, levantada pelo filósofo português Fernando Belo, foi pretexto para Gonçalo Neves elaborar para O Nosso Idioma um interessante apontamento de gramática histórica.

3.  No consultório, deixamos disponíveis respostas sobre o uso de mãe como elemento de composição (instituição-mãe), o brasileirismo treita, o presente do indicativo com valor genérico («os tigres são animais ferozes») e o coloquialismo português "tá-se".

4. Desde o dia de ontem, 15 de junho, chegaram ao fim os custos para comunicar por telefone no território comum dos 28 países da União Europeia, mais conhecidos pelo anglicismo roamingComo poderia ser designado em português este «serviço de um operador que permite a utilização de uma rede móvel no estrangeiro» (in dicionário Priberam)? Itinerância é o termo mais consensual. Além da sua vantagem vernacular, no mesmo sentido são as propostas noutras línguas românicas, com formas homólogas em alternativa à palavra inglesa. Por exemplo, em espanhol, a Fundación para el Español Urgente (Fundéu BBVA) recomenda itinerancia; e em francês, diz-se e escreve-se itinérance (cf. Office Québécois de la Langue Française).

5.  Na rubrica Acordo Ortográfico, disponibilizam-se três novos contributos para o debate da questão ortográfica em Portugal:

a declaração que Mário Vieira de Carvalho, professor catedrático jubilado de Sociologia Musical e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), dirigiu a esta instituição, recomendando-lhe que não tome «uma posição negativa quanto ao processo iniciado com o Acordo Ortográfico de 1990»;

uma reflexão de D'Silvas Filho sobre o papel que a ACL tem desempenhado no processo de aplicação da nova ortografia.

– e, em sentido contrário, o artigo de Francisco Miguel Valada "Sobre a 'opinião dos linguistas', a arrogância, a ignorância e a continência" (in jornal Público de 14/06/2017).

6.  Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, são temas em foco:

• a língua portuguesa e a globalização, numa conversa com o professor universitário português Pedro Gomes Barbosa, no Língua de Todos – na sexta-feira, dia 16 de junho, às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado seguinte, depois do noticiário das 09h00*;

• o recém-publicado livro Nova Peregrinação por Diversificadas Latitudes da Língua Portuguesa e o seu autor, Fernando Cristóvão, no Páginas de Português – no domingo, dia 18 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 24 de junho, às 15h30*.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.