No caso apresentado, diria que ambos têm razão. Provavelmente, pronunciará «Pálhavã» devido a ter em conta o vocábulo «palha», acentuado no primeiro a.
A regra geral é que as palavras só têm uma sílaba tónica, ou seja, só há uma sílaba que é acentuada mais intensamente. Assim, as outras sílabas irão ser pronunciadas com menos som.
Tenhamos em conta os seguintes vocábulos:
— «palha» - pronunciada «pálha», sílaba tónica no primeiro a.
— «palhaço» - palavra derivada [palha + aço], pronunciada «palháço» [o acrescentamento do sufixo «-aço» tornou a palavra paroxítona.
— «palhaçada» - palavra derivada [palhaço + ada], pronunciada «palhaçáda» [o acrescentamento do sufixo «-ada» tornou a palavra paroxítona].
O caso de «Palhavã» é um pouco diferente [palha + vã], uma vez que a acentuação vai recair sobre a última sílaba, vã [palavra oxítona]. Este termo tem como significado, segundo o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, Livros Horizonte, 1990, página 1121 – idem no registo da Infopédia –, uma «casa coberta de palha, sem forro», mas tem, igualmente, valor de topónimo ou apelido. De notar que há palavras derivadas que mantêm as vogais abertas, apesar da derivação com sufixo que fez alterar a sílaba tónica. São os casos de cafezinho [ainda que «-zi» seja a sílaba tónica, o e da sílaba «-fe» continua a pronunciar-se aberto] ou alegremente [embora «-men» seja a sílaba tónica, o e da sílaba «-le» continua a pronunciar-se aberto]. Chamam-se a estas sílabas, antes das tónicas, subtónicas ou pretónicas. E é o que acontecia com Palhavã.
Ouvido sobre esta dúvida, D´Silvas Filho considera corretas as duas pronúncias. Pelo seguinte:
«Segundo o Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves, Coimbra Editora, Lda, 1966, página 746, a pronúncia correta deste termo é /Pà.lha.vã/. Apesar de a sílaba tónica surgir na última sílaba, a primeira, denominada pretónica ou subtónica, permanecia com a vogal aberta.
Por este motivo, o Vocabulário da Língua Portuguesa indicava a pronúncia acima citada. E escrevemos indicava, considerando que já lá vai meio século. Entretanto, a língua terá evoluído. Aconteceu que o topónimo terá perdido, com o uso dalguns falantes, o seu sentido de justaposição (palhavã /á/) para ser uma aglutinação, na qual o primeiro elemento palha perdeu a sua estrutura interna, por ensurdecimento da primeira vogal, também em posição átona no conjunto aglutinado (Alina Villalva, Gramática de Mira Mateus). Palhavã pronunciada |pâ| sofreu um processo de lexicalização semântica [topónimo] e formal nesses falantes. Foi um fenómeno semelhante ao que se passou em parapeito.
Assim, considero legítimas as duas pronúncias»