É mais apropriado denominar todo nas expressões «todo o leite» e «o leite todo» como um adjetivo, uma vez que este termo está associado ao substantivo para o determinar, não possuindo uma característica indefinida. Por outro lado, parece irrelevante, neste caso, a troca de posição deste termo para interpretar o significado da expressão.
Tenha-se em conta as seguintes frases:
- «Todo o leite que estava na garrafa foi desperdiçado!»
- «O leite todo que estava na garrafa foi desperdiçado!»
As duas frases pretendem dizer a mesma coisa: o leite que se encontrava dentro da garrafa foi desperdiçado [por exemplo, porque foi derramado no chão], não sobrando uma única gota.
No entanto, há adjetivos que, quando trocam de lugar com os substantivos, passam a ter um significado diferente. Por exemplo, nas frases:
- «Ele é um grande homem!» [Um homem que se destacou pela sua ação]
- «Ele é um homem grande.» [Um homem de grande estatura]
- «És uma menina linda!» [Menina que se destaca pela sua beleza]
- «És uma linda menina, fizeste os trabalhos de casa!» [Menina que se destaca pelo seu bom comportamento e atitudes]
Esta situação não é regra geral, só acontece em alguns casos. A regra geral é o substantivo vir seguido do adjetivo, existindo exceções: os superlativos relativos o maior, o menor, o pior, o melhor, etc., alguns adjetivos monossilábicos, como bom ou mau [exemplo: «Bom fim de semana»], adjetivos que nesta posição tenham um significado especial [«É um simples lenhador»] e quando o adjetivo anteposto tenha sentido figurado [«Um pobre escritor» é diferente de «Um escritor pobre»]. Esta última situação, como as que foram mencionadas em cima e que dizem respeito ao adjetivo anteposto ao substantivo, é de ordem subjetiva.
Sobre este assunto, poder-se-á consultar a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra [(1984) 2005)], nas páginas 268 a 270.