O significado é fácil de encontrar: alude à atitude de «fazer de conta que se desconhece a situação» (embaraçosa); dar a entender que nada se tem a ver com um problema.
No entanto, a origem é difícil de descortinar. Existe a expressão, de certo modo paralela, «Inês é morta» (ou seja, agora, já é tarde, já não há remédio) e a referência dirige-se evidentemente a Inês de Castro.
Apresentou-se-me a hipótese de a primeira expressão ter possivelmente a ver com a «Farsa de Inês Pereira», onde ela disfarça logo no princípio e, também, após a notícia da morte do primeiro marido. Reli a peça, mas o disfarce não apresenta bem o mesmo matiz. Apesar de tudo, acho que a expressão não se teria imposto sem a alusão a um lugar clássico, mais ou menos conhecido.
N.E. – Na pesquisa efetuada, encontrámos no Novo Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de Rodrigo Fontinha, a expressão «Inês-d'orta»: «pessoa que é ou se finge de idiota para levar a vida.», semanticamente idêntica à da pergunta do consulente.