As orações subordinadas adjetivas são maioritariamente regidas pelo pronome relativo que. Elas têm o valor de um adjetivo. Por exemplo, na frase: «O Carlos tem um amigo que é muito inteligente», a subordinada adjetiva relativa restritiva é: «[…] que é muito inteligente.» De notar que esta oração pode ser substituída pelo adjetivo inteligente, mantendo o seu significado: «O Carlos tem um amigo inteligente» O pronome relativo que tem como antecedente «um amigo». A oração subordinada adjetiva relativa restritiva precisa o significado do antecedente, sendo imprescindível para a frase.
Vejamos a seguinte frase:
«Este rapaz, que é inglês, demonstra grandes capacidades.». O enunciado: «[…] que é inglês» é uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa. Note-se que a oração pode ser suprimida, mas mesmo assim a frase respeita o sentido da mensagem: «Este rapaz demonstra grandes capacidades». A oração explicativa pode ser substituída pelo adjetivo inglês [rapaz inglês].
Nas orações adjetivas, o que relativo pode ter as funções sintáticas de sujeito ou complemento. Por exemplo:
- «O vizinho que é artista tem grande criatividade» [que - sujeito]
- «O telemóvel que compraste é bonito» [que -complemento direto]
- «A rapariga a que me referi é inteligente» [complemento indireto]
- «O comboio em que viajaste é o intercidades» [complemento oblíquo]
As orações subordinadas adverbiais* também podem ser regidas por que [conjunção]. Por exemplo:
- «Nevou tanto, que as estradas ficaram bloqueadas» [Consecutiva]
- «Não vou ao trabalho, que estou de férias» [Causal]
- «Tu, que as gentes da Terra toda enfreias,/ que [para que] não passem o termo limitado» (Os Lusíadas, de Luís de Camões).
Outras são regidas por locuções em que o que está presente [caso das concessivas, causais, condicionais, finais, comparativas, temporais, consecutivas].
Fora das adjetivas e das adverbiais, ainda há as subordinadas substantivas completivas, iniciadas por que.
Por exemplo,
«Quero que te despaches.»
«Penso que este jovem terá futuro.»
«Creio que a equipa vai ganhar hoje.»
Têm valor de substantivo e completam as ideias expressas por verbos volitivos, sensitivos**, declarativos e outros.
* «[As orações subordinadas adverbiais] exprimem várias circunstâncias – causa, fim, meio, etc. – podem ser condicionais, causais, finais, concessivas, consecutivas, comparativas, temporais e infinitivas.», Eunice Barbieri de Figueiredo e Olívia Maria Figueiredo, Itinerário Gramatical, a gramática na língua e a língua no discurso, Porto Editora, 1998, pág. 89.
** «Auxiliares causativos e sensitivos – Assim se chamam os verbos deixar, mandar e sinónimos [causativos] e ver, ouvir, olhar, sentir e sinónimos [sensitivos] que, juntando-se a infinitivo ou gerúndio, não formam locução verbal, mas, muitas vezes, se comportam sintaticamente como tal, isto é, segundo as relações internas que se estabelecem dentro do grupo entre o infinitivo e os termos que o acompanham, como veremos no lugar próprio», Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Editora Nova Fronteira, Editora Lucerna, Rio de Janeiro, 2009, 37.ª.edição, 2009.