Embora a conjunção coordenativa mas seja classificada no grupo das adversativas, «que ligam dois termos ou duas orações de igual função, acrescentando-lhes uma ideia de contraste»¹, acontece que em determinados contextos adquire o sentido da adição, como é o caso apresentado nas duas frases da consulente. Estamos a falar do valor semântico da palavra que aqui adquire o da adição: «É um aluno estudioso, mas principalmente dedicado.»
A conjunção mas pode adquirir valor aditivo, como preconiza a Nova Gramática do Português Contemporâneo, «é uma partícula que apresenta múltiplos valores afetivos.¹». Além da ideia básica de oposição, de contraste, pode exprimir, entre outras, a de adição.
Exemplo: «É uma aluna estudiosa, mas (= e) essencialmente esperta.» [uma qualidade junta-se à outra]
«Anoitece, mas a vida não pára», Raul Brandão, Os Pescadores
Na situação inversa, a conjunção “e” (aditiva/copulativa) pode aparecer com valor adversativo.
Há, digamos, uma espécie de migração no que respeita a estas duas conjunções, transitando o e para a adversativa e o mas para a aditiva/copulativa.
¹Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra, p.587