Texto da jornalista Dina Dias, agência Lusa, a propósito dos 25 anos do envio do primeiro SMS (sigla de Short Message Service, em inglês, «serviço de mensagens curtas»),enviado no dia 3 de dezembro de 1992, no Reino Unido, por Neil Papworth, um jovem engenheiro informático, então com 22 anos de idade, a um colega de trabalho.
Lisboa, 01 dez (Lusa) – O uso “desenfreado” das mensagens escritas no telemóvel (SMS) pelos jovens mudou a forma como escrevemos [provocando o uso inapropriado das] abreviaturas e dos emojis, na opinião da coordenadora executiva do Ciberdúvidas, Maria Eugénia Alves.
«Mudou muita coisa: um dos aspetos mais evidentes da mudança tem a ver com o desaparecimento dos sinais de pontuação. Hoje em dia vemos um adolescente a escrever sem [esses] sinais e isso tem a ver com essa prática, com o uso desenfreado do SMS», disse à agência Lusa a propósito dos 25 anos do SMS (Short Message Service), que se assinalam no domingo [3/12/2017].
No entender desta professora, o SMS acarretou algumas consequências na maneira como comunicamos, como escrevemos [provocando o uso inapropriado] das abreviaturas e dos ‘emojis’. «Aquilo que era traduzido por palavras passou a ser traduzido por bonecos e abreviaturas [quase sempre mal escritas]”, disse Maria Eugénia Alves.
O problema, segundo a coordenadora executiva do Ciberdúvidas, é que depois esta «escrita vai refletir-se, por exemplo, dentro das salas de aulas».
«É levado para as salas de aulas, para os testes. Encontrei ao longo dos tempos dentro das salas de aulas, alunos que escreviam como se estivessem a escrever um SMS», disse.
Contudo, Maria Eugénia Alves considera que com o tempo e a evolução da tecnologia, mudaram também algumas coisas.
«Os SMS hoje em dia aparentam estar mais cuidados do que anteriormente. O uso dos ‘smartphones’ [conferiram] um caráter mais positivo [à escrita]. As palavras começam a ser escritas e o telefone faz o resto [a escrita automática]», disse.
O Serviço de Mensagens Escritas, cujo nome em inglês (Short Message Service), deu origem à sigla SMS pela qual é conhecido, foi desenvolvido na altura pela Vodafone no Reino Unido.
Coube ao engenheiro informático Neil Papworth, então com 22 anos e a trabalhar em Newbury, a 100 quilómetros a oeste de Londres, enviar a primeira mensagem para Richard Jarvis, um diretor da companhia britânica. Porém, passaram vários anos até a comunicação por mensagens escritas se tornar num fenómeno, potenciado por, em 1999, ter passado a ser possível trocar SMS entre redes de telemóvel diferentes.
Os principais responsáveis pela explosão terão sido os jovens, cujo acesso à tecnologia foi facilitado durante os anos 1990, devido à chegada das tarifas pré-pagas e ao baixo custo do serviço em relação às comunicações de voz.
Foram estes que rapidamente se habituaram a escrever com os polegares e criaram uma gramática paralela, feita de abreviações e mistura de números e letras.
Esta nova linguagem surgiu da necessidade de aproveitar o máximo do limite de 160 carateres, estabelecido para restringir o número de dados a transmitir.
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