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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.   As siglas-acrónimos CAE e CMEC, tão estranhas quanto a sua muito específica e exclusiva utilização no setor energético português – a primeira denominando os chamados Contratos de Aquisição de Energia*, antes da liberalização do mercado ibérico, e a segunda, depois dela e da privatização da operadora nacional de eletricidade nacional, a EDP, significando Custos para Manutenção de Equilíbrio Contratual** – emergiram de súbito no espaço mediático. Tudo por via do processo judicial instaurado a dois dos seus principais gestores responsáveis dessas consideradas «rendas excessivas» e lesivas para o Estado português. O que querem elas dizer, de facto  – e o que faz uma sigla poder ser também um acrónimo –, é o que deixamos assinalado anteriormente. E, ainda, nestes outros esclarecimentos constantes do arquivo do Ciberdúvidas: A grafia das formas reduzidas: abreviaturas, siglas e acrónimos + Siglas e acrónimos + Ainda sobre as siglas e os acrónimos + Formação de siglas + O código da sigla + Ai, os "PALOPs"!

* Contrato de Aquisição de Energia (CAE): «Contrato celebrado ao abrigo do Decreto-Lei n.º 183/95, de 27 de Julho, entre um produtor vinculado e a entidade concessionária da RNT, através do qual o produtor se comprometeu a vender à entidade concessionária da RNT a capacidade total da instalação produtora de acordo com as condições técnicas e comerciais nele estabelecidas, tendo a REN Trading, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 172/2006, de 23 de Agosto, sucedido à entidade concessionária da RNT na sua posição contratual relativamente aos contratos não cessados de acordo com os mecanismos previstos no Decreto Lei n.º 240/2004, de 26 de Dezembro.» in Glossário da Entidade Reguladora os Serviços Energéticos (ERSE).

** Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC): «Custos definidos nos termos do Decreto-Lei n.º 240/2004, de 27 de dezembro. Ibidem. 

2.   A locução «até que» dever ser sempre acompanhada do verbo no conjuntivo/subjuntivo? «Água é bom para a saúde»: nesta frase não haverá um erro de concordância? Como classificar as palavras cabo (de vassoura) e cabo (termo geográfico)? Como se pronunciam os substantivos balaústre e balaustrada? As respostas, e os devidos esclarecimentos, ficam em linha no consultório.

3.    Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa desta semana:

•  A língua portuguesa no contexto da globalização, numa conversa com o professor universitário português Pedro Gomes Barbosa, no Língua de Todos – na sexta-feira, dia 16 de junho, às 13h15***, na RDP África, com repetição no sábado, seguinte, depois do noticiário das 09h00***.

• E sobre o recém-publicado livro Nova Peregrinação por Diversificadas Latitudes da Língua Portuguesa e o seu autor, Fernando Cristóvão, no Páginas de Português – no domingo, dia 18 de junho, na Antena 2, às 12h30***, com repetição no sábado seguinte, dia 24 de junho, às 15h30***.

*** Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

4.    Devido aos feriados dos dias 13 – Dia de Santo António****, padroeiro da cidade de Lisboa – e 15 – Dia de Corpo de Deus***** –, a próxima atualização do Ciberdúvidas ocorrerá na sexta-feira, dia 16.

**** Vide, por exemplo: Frase sobre Santo António de Lisboa + Sobre o Sermão de Santo António aos Peixes + Interpretação de excerto de Sermão de Santo António aos Peixes + O significado de um excerto do Sermão de Santo António aos Peixes.

***** Vide, por exemplo: As palavras Deus, Anjo e Alma + Razão do uso de Deus sem artigo

5.   Dois registos finais para:

• A assinatura no Rio de Janeiro – segunda etapa das comemorações do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, que neste ano se estenderam também ao Brasil – do protocolo de transferência do espólio do último chefe de Governo do Estado Novo, Marcello Caetano, para o Real Gabinete Português de Leitura, fundada em 1837 por emigrantes e refugiados portugueses. Trata-se de um acervo valiosíssimo composto por 17 963 títulos e por 21 506 volumes, entre os quais uma edição de 1731 das Memórias de D. João.

• E, já em São Paulo, a disponibilidade manifestada pelo primeiro-ministro português, António Costa, do Estado Português para a reconstrução do Museu da Língua Portuguesa.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  O poeta e romancista português Manuel Alegre foi o vencedor do Prémio Camões 2017, o mais importante galardão literário em língua portuguesa. «Uma homenagem justíssima» [a quem] tanto «contribuiu e contribui para o enriquecimento literário e cultural, não apenas português, mas do mundo da lusofonia», nas palavras do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, acentuado «o simbolismo» de o prémio ter sido anunciado nas vésperas da data de 10 de junho, assinalada como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Neste ano, as principais comemorações têm sede na cidade do Porto e estendem-se pelo Brasil, às cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Profundamente ligada à língua e à sua maior figura literária, a festa justifica recordar também aqui alguns versos de Os Lusíadasos da última estrofe do canto I –, que podem bem ser metáfora da turbulência do mundo de ontem e de hoje:

No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida*!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?

*Avorrecida, arcaísmo por aborrecida (= «que causa desgosto, sofrimento»).

2.   Escrever bem será florear textos, ou produzir mensagens muito corretas mas impessoais? Entre estes extremos, define-se um leque de possibilidades que requerem uma constante avaliação do contexto social e afetivo da escrita. Ao encontro destas preocupações, na Montra de Livros, Sandra Duarte Tavares apresenta Cem Maneiras de Melhorar a Escrita, livro de Gary Provost (1944-1995) que o professor universitário Marco Neves traduziu para português.

3.   Ainda a propósito de escrita, refira-se a mudança trazida pelas tecnologias, suscitando o emprego de formas como tuitar, "facebookar" ou "whatsappar", entre outros. Na vizinha Espanha, a proliferação de neologismos é monitorizada criticamente pela Fundéu BBVA, que fixa e recomenda novos verbos como mensajear, textear e wasapear (ou guasapear), evidenciando a produtividade (legítima) do sufixo -ear* na língua espanhola. Quanto ao português, na falta de entidade semelhante que defina usos corretos, observa-se mesmo assim – pelo menos, em Portugal – certo comedimento, dada a preferência por perífrases como «enviar/mandar uma mensagem», com eventual referência à aplicação utilizada («enviar/mandar mensagem pelo WhatsApp).

* No português de Portugal, o sufixo correspondente -ear é menos frequente. Existe "scanear", é certo, mas -ar conhece maior favor, como sugerem formas como tuitar e "whatsappar", que, como se disse, aparentemente ainda não têm uso significativo, a ajuizar pela observação de ocorrências em páginas da Internet.

4. Da atualidade internacional, salientam-se acontecimentos que geram palavras novas, ou ativam outras mais antigas mais (ou menos) usadas no léxico português:

–   Em 8 de junho, as eleições no Reino Unido, com o pano de fundo de três atentados recentes e a saída da União Europeia (UE), o chamado Brexit, este acompanhado de outros neologismos, alguns talvez efémeros (ler aqui). Refira-se, por exemplo, "Brexitânia", palavra ironicamente empregada pelo historiador e político português Rui Tavares, nas crónicas que escreve para o jornal Público.

–  Dois depois, realiza-se a primeira volta das eleições legislativas em França – um bom pretexto pra rememorarmos o que já aqui se condensou sobre algumas da principais marcas do francês na nossa língua

–  A inauguração oficial da Expo 2017 em Astana, no Cazaquistão, país não frequentemente mencionado na atualidade noticiosa em língua portuguesa e que, por isso, suscita dúvidas, sobretudo a respeito dos seus gentílicos – cazaque ou cazaquistanês. Leiam-se, portanto, as seguintes respostas em arquivo: Cazaquistão, Azerbaijão, Cazaquistão, Andorra, etc. e Gentílicos usados pelos Serviços da União Europeia.

5.   No consultório, quatro respostas em linha: haverá razão para duvidar da gramaticalidade das expressões «disparar a matar» e «matar a tiro»? Ao verbo irromper, pode associar-se a preposição sobre? O que estará correto: «notei na cor dos seus olhos», ou «notei a cor dos seus olhos»? Por último: numa frase como «em se tratando de crime – e disso entendo bem –, não devemos ser lenientes», não será melhor suprimir a vírgula depois do travessão?

6.   Quanto aos programas desta semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, são temas:

•  no Língua de Todos – na sexta-feira, dia 9 de junho, às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 10, depois do noticiário das 09h00* –, a língua portuguesa no contexto da globalização, em conversa com o professor universitário português Pedro Gomes Barbosa;

•  no Páginas de Português – no domingo, dia 11 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 17 de junho, às 15h30* – , a VI Bienal de Culturas Lusófonas, que decorreu em Odivelas, numa entrevista ao seu coordenador, o escritor português Mário Máximo.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.   Como comunicar com adequação, propriedade e eficazmente? Quais os principais mecanismos da língua  e as suas marcas  mais expressivas para o desejado impacto em quem se quer “tocar”, seja em texto escrito ou na oralidade? Sandra Duarte Tavares debruça-se sobre este tema, em mais um texto publicado na versão digital da revista Visão do dia 6 p.p –  e que, com a devida vénia, deixamos disponível na rubrica O nosso idioma.

2.  Na presente atualização, deixamos entretanto em linha quatro novas respostas a outras tantas perguntas, chegadas ao Consultório do Ciberdúvidas. O que significa e como se escreve: "trocaz" ou "torcaz"? O substantivo "rigorosidade" existirá? E os verbos "curiosar" e "curiosear" usam-se em Portugal? Por fim: a palavra "adicto", com o Acordo Ortográfico, perdeu o c?

3.   Já agora, e tendo em conta a atualidade internacional e a crise diplomática mais recente no Golfo Pérsico: se Catar já tem, e há muito, esta forma aportuguesada consagrada*, porquê a resistência dos media portugueses, optando, por regra, pela forma Qatar

* Além dos vários esclarecimentos no Ciberdúvidas sobre a grafia recomendada de Catar, incluindo o respetivo gentílico, vide, ainda, os registos no Dicionário de Gentílicos e Topónimos do Portal da Língua Portuguesa e no Código de Redação Interinstitucional da União Europeia, entre outras abonações no mesmo sentido. E, ainda, aqui, sobre os topónimos e os adjetivos pátrios estrangeiros as suas formas já aportuguesadas.

4.   Temas dos programas desta semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

•  No Língua de Todos – na sexta-feira, dia 9 de junho, às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 10, depois do noticiário das 09h00* –, fala-se da língua portuguesa no contexto da globalização, numa conversa com o professor universitário português Pedro Gomes Barbosa.

•  No Páginas de Português – no domingo, dia 11 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 17 de junho, às 15h30* –, o destaque centra-se na VI Bienal de Culturas Lusófonas, que decorreu em Odivelas, com uma entrevista ao seu coordenador, o escritor português Mário Máximo.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

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1.   «Os poetas e os intelectuais não têm problemas de escrita. No que à ortografia diz respeito são inimputáveis, mas dir-se-ia que alguns se julgam donos da língua. Têm saudades do tempo em que a qualidade da língua era aferida pelo número dos erros de ortografia.» A afirmação leva a assinatura dos linguistas portugueses João Malaca Casteleiro e Telmo Verdelho, em artigo que deixamos disponível na área das controvérsias da rubrica Acordo Ortográfico – a propósito da petição que reclama desvinculação de Portugal ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90) entregue na Assembleia da República no passado dia 9 de março. «Um tropismo de adesão emocional – assim consideram os autores* –, uma animação chique, intelectualoide, classista e reacionária».

* Um e outro são membros efetivos da Academia das Ciências de Lisboa, críticos por verem-na «embrulhada neste arraial de conservadorismo pobre e ignorante».

2.   "Covfefe", a palavra inglesa tuitada pelo presidente dos EUA Donald Trump para mais um dos seus recorrentes ataques à comunicação social norte-americana – que ninguém sabe o significado, como se pronuncia ou, sequer, se existe mesmo –, tratou-se afinal do quê? Seja uma gralha, de um lapso, de um neologismo arbitrário e idiossincrático, ou, muito provavelmente, de um simples erro de digitalização – em vez de coverage, o mesmo que «cobertura jornalística» –, e se tudo não for mais do que um «sinal preocupante de crescente e perigosa loucura» de quem, «cujos mesmos dedinhos [podem] digitar os códigos nucleares»? Em O Nosso Idioma, fica disponível a reflexão do historiador e político português José Pacheco Pereira, com o texto "Covfefe – o gerador de patetice", crónica publicada no jornal Público em 3/06/2017.

3.   Na presente atualização deixamos em linha cinco novas respostas a outras tantas perguntas chegadas ao consultório do Ciberdúvidas. Ficam assinaladas nos Destaques.

4.   Finalmente, esta informação que se lamenta: a RTP voltou a interromper, agora definitivamente, o magazine Cuidado com a Língua. O 11.º programa desta nona série, com o tema da estiva e com quem a assegura no porto de Lisboa, será por isso o último emitido pelo 1.º canal da televisão pública portuguesa na terça-feira, dia 6 de junho, às 21h00**. Quanto aos dois episódios que ficaram assim por emitir desta série tão destratada pela atual Direção de Programas da RTP – sobre Rafael Bordalo Pinheiro e no Panteão Nacional – nunca será antes de setembro, ao que foi possível saber, pelas (vagas) informações disponibilizadas à produtora do programa, a Até ao Fim do Mundo.

** Hora oficial de Portugal Continental, com repetição nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na sua página oficial. Outras informações aqui.

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1. Como motivar para a leitura dos clássicos da literatura os jovens que vivem em contextos socioculturais pouco expostos à tradição culta da língua? Na rubrica Ensino, a professora de Português Arlinda Mártires, a propósito de uma experiência pedagógica que, numa escola lisboeta, concilia Luís Sttau Monteiro ou José Saramago com a música rapescreve acerca das suas propostas de aliar o canto popular e moderno à literatura medieval e clássica como Os Lusíadas de Luís de Camões para maior motivação de alunos de meios sociais e culturais diversificados em diferentes países de língua portuguesa.

2. No consultório, descreve-se a significação ambivalente do adjetivo depressivo, explica-se diferença entre exógeno e endogéno, fala-se sobre a possibilidade de omitir a preposição antes do pronome relativo («os anos em que vivi na aldeia») e comenta-se a curiosa expressão «não fazer nestum», usada no calão do português de Portugal.

3. Portugal, bem perto da África e da América, é geograficamente um país ainda europeu. Não foi, portanto, com indiferença que, no rescaldo da visita do presidente americano Donald Trump a Bruxelas em 25/05/2017, se ouviu a chanceler alemã Angela Merkel dizer que a Europa tem de tomar o seu destino nas mãos. E, já que se fala de Alemanha, é inevitável mencionar o seu – para muitos – temível ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, cujo nome não se pronuncia "xóibal", como muito se diz na rádio e televisão de Portugal, mas, sim, "xóible".

4.  Quanto aos programas desta semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

•  No Língua de Todos de sexta-feira, 2 de junho (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 3, depois do noticiário das 09h00*), fala-se sobre a africanização do português em Moçambique, implicando variantes que os estudiosos explicam e escritores como Mia Couto exploram no sentido criativo.

•  No Páginas de Português (domingo, dia 4 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 10, às 15h30*), entrevista-se a linguista Rute Costa, responsável da Base de Dados Terminológica e Textual do parlamento português.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

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1.  Vinte e cinco escritores de língua portuguesa estão presentes na 76.ª Feira do Livro de Madrid, que decorre até 11 de junho no parque de El Retiro, com Portugal como país convidado. Destaque, entre eles, por exemplo, para os portugueses Eduardo LourençoGonçalo M. Tavares, João de Melo, Rui Cardoso Martins e Carlos Reis, o gramático brasileiro Evanildo Bechara, o angolano Ondjaki, o cabo-verdiano José Luís Tavares e o timorense Luís Cardoso.

2.  Já para a 87.ª Feira do Livro de Lisboa, que decorrerá de 1 a 18 de junho p.f., anunciam-se vários editores espanhóis, franceses, italianos e alemães para encontros com colegas portugueses e outras entidades ligadas à publicação livreira.

3.  Além das quatro novas respostas que entraram no consultório na presente atualização – devidamente assinaladas nos Destaques –, são estes os temas dos programas desta semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

•  No Língua de Todos de sexta-feira, 2 de junho (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 3, depois do noticiário das 09h00*), fala-se sobre a africanização do português em Moçambique, implicando variantes que os estudiosos explicam e escritores como Mia Couto exploram no sentido criativo.   

•  No Páginas de Português (domingo, dia 4 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 10, às 15h30*), entrevista-se a linguista Rute Costa, responsável da Base de Dados Terminológica e Textual do parlamento português.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  Encontra-se já disponível a plataforma digital CiberEstudo, uma iniciativa da Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, concretizada graças ao patrocínio mecenático da Fundação Vodafone e a colaboração da Associação de Professores de Matemática. Servindo de complemento de estudo para as disciplinas consideradas basilares no ensino básico e secundário, em Portugal – e, numa primeira fase, dirigido a alunos dos 4.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade –, esta nova ferramenta promove o desenvolvimento do ensino das disciplinas de língua portuguesa e de matemática, conforme o programa aprovado pelo Ministério da Educação. São, de momento, mais de 2600 exercícios de correção automática com dicas e sugestões variadas. Engloba cerca de 72 exames e testes didáticos, aliando a esta parte pedagógica a uma vertente lúdica, contemplando jogos interativos suscetíveis de aquisição de conhecimentos de uma forma divertida e descontraída. Mais pormenores, e as respetivas condições de acesso, na rubrica Notícias e na própria página do CiberEstudo.

2.  Quatro novas respostas ficam em linha na presente atualização. Respeitam a outras tantas perguntas chegadas no consultório do Ciberdúvidas: o que distingue, entre si, os conceitos linguísticos referente, referência e denotação; os preceitos gramaticais da concordância de um adjetivo numa frase com dois substantivos de géneros diferentes; sobre a grafia (no masculino ou no feminino?) do nome do jogo Baleia-Azul (e porquê com hífen); e, no campo da poesia popular, o que se classifica como romance?

3.  Na terça-feira, dia 30 deste mês de maio, a RTP 1, depois de mais uma interrupção na semana transata, volta a emitir um novo episódio da nona série do magazine Cuidado com a Língua! Gravado no cenário natural da ilha de Porto Santo, passa no 1.º canal de televisão pública portuguesa, às 21h00. Mais informações aqui. Com repetição nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na sua página oficial. Outras informações aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  A tragédia do atentado ocorrido na noite de 22/05/2017 em Manchester fez o nome desta cidade ser proferido mais vezes na informação audiovisual. Como se pronuncia o topónimo? No padrão do inglês britânico, soa aproximadamente como "mâne-tchess-tâ", dando proeminência à sílaba Man, que recebe o acento tónico. Mas há muito que existe aportuguesamento fónico e gráfico – pelo menos, desde 1940, ano em que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa fixava a forma Manchéster, que se articula conforme as regras de correspondência fonema-grafema da ortografia portuguesa.

2.  Uma nova plataforma para promover a aprendizagem e desempenho nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática é apresentada em 27 de maio p. f. em Lisboa. Trata-se do CiberEstudo, um lançamento da Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa,  graças ao patrocínio da Fundação Vodafone que, com a colaboração da da Associação de Professores de Matemática, reúne conteúdos alinhados com os programas aprovados pelo Ministério da Educação português e que é dirigido a alunos do 4.º, 6.º e 9.º anos, bem como aos seus encarregados de educação e professores. Ler mais aqui.

3.  Na rubrica Acordo Ortográfico, um texto de D'Silvas Filho resume e comenta as propostas da Academia das Ciências de Lisboa para a aplicação, em Portugal, do Acordo Ortográfico de 1990.

4. Ainda sobre o Acordo Ortográfico e a Academia das Ciências de Lisboa (ACL). De assinalar que o plenário convocado pelo seu presidente, Artur Anselmo, para o dia 25 p.p., recusou pronunciar-se sobre o que estava inicialmente previsto na respetiva ordem de trabalhos*, reafirmando, antes, a posição aprovada em anterior plenário, no dia 26 de janeiro do presente ano, e constante do documento Sugestões para o Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

* No seu ponto único, constava assim a ordem de trabalhos da convocatória inicialmente distribuída aos sócios, efetivos e por correspondência da ACL (e que foi retirada): «Votação sobre a petição dirigiu à Assembleia da República, solicitando "a desvinculação de Portugal do Tratado e Protocolos Modificativos ao Acordo Ortográfico de 1990 e a revogação da Resolução n.º 8/2011 do Conselho de Ministros" de que é primeiro subscritor o advogado e ex-ministro português António Duarte Arnaut

5.  O que será uma «canção orelhuda»? A resposta está em mais uma atualização do consultório, que acolhe também novas perguntas sobre a importância da categoria gramatical do aspeto, o significado do adjetivo celeste, a sintaxe do verbo pensar e o uso do infinitivo composto. Ainda no consultório, faz-se uma chamada de atenção para uma resposta anterior sobe a distinção entre discurso direto livre e discurso indireto livre, conforme a formulação do Dicionário Terminológico (DT), que em Portugal se destina a apoiar o estudo da gramática nos ensinos básico e secundário. Uma nota adicional observa que o termo «discurso direto livre» teria vantagem em ser definido de forma mais clara no DT, de modo a não confundir-se com o bem conhecido e mais enraizado conceito de «discurso indireto livre».

6. Voltando ao espaço mediático, relevo para:

– em Portugal, a publicação do calendário escolar do ano letivo de 2017/2018 – a consultar aquiaqui e aqui;

– a visita do Presidente da República português Marcelo Rebelo de Sousa ao Luxemburgo, onde pôde apelar aos numerosos conterrâneos aí radicados «para que inscrevam os seus filhos no ensino [de Português] que foi recriado com um acordo entre os dois governos [o luxemburguês e o português]».

7.  Em foco nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa os recém-apresentados vocabulários ortográficos nacionais (VON) de Cabo Verde e de Moçambique – integrantes do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa :

•  No Língua de Todos de sexta-feira, 26 de maio (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 27, depois do noticiário das 09h00*), a linguista Adelaide Monteiro, coordenadora do Vocabulário Ortográfico Cabo-Verdiano da Língua Portuguesa (VOCALP), fala de como este reportório permitiu o primeiro registo lexicográfico de palavras da variedade cabo-verdiana.

•  No Páginas de Português (domingo, dia 28 de maio, na Antena 2, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, dia 3 de junho, às 15h30**), a entrevistada é Inês Machungo, coordenadora do Vocabulário Ortográfico Nacional de Moçambique.

** Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  Qual a diferença entre o discurso direto livre e o discurso indireto livre? E uma ação diz-se que «decorre», que se «passa» ou, antes, que se «localiza» aqui ou ali? E como é a concordância verbal de uma frase com dois infinitos substantivados («o pensar» e «o agir»)? Finalmente, a última das quatro perguntas a que se responde no consultório esclarece o significado da expressão «de que adianta?».

2.  Os recém-apresentados vocabulários ortográficos nacionais (VON) de Cabo Verde e de Moçambique – integrantes do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa – preenchem as emissões dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa desta semana:

•  No programa Língua de Todos (sexta-feira, dia 26 de maio, às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 27, depois do noticiário das 09h00*) com uma conversa com a coordenadora do Vocabulário Ortográfico Cabo-Verdiano da Língua Portuguesa (VOCALP), a linguista Adelaide Monteiro, a propósito da consagração lexical de palavras da variedade cabo-verdiana que não constavam em nenhum outro vocabulário ou dicionários de língua portuguesa.

•  E, no programa Páginas de Português (domingo, dia 28 de maio, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 3 de junho, às 15h30*), com uma entrevista à coordenadora do Vocabulário Ortográfico Nacional de Moçambique, a linguista Inês Machungo.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.

3.  Último registo da presente atualização: a apresentação em Lisboa, no passado dia 22/05 do estudo "Aprender a ler e a escrever em Portugal", uma parceria entre a EPIS e o Fórum das Políticas Públicas CIES – IUL. Com a coordenação da ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, o estudo** visa aprofundar o conhecimento sobre o problema do insucesso escolar nos primeiros anos do ensino, concluindo que a primeira causa de repetência no 2.º ano é o défice de competências de leitura dos alunos portugueses.

** "Aprender a ler e a escrever em Portugal" contou ainda com a participação de uma outra ex-ministra da Educação, a escritora Isabel Alçada, que publicou recentemente o livro O Plano Nacional de Leitura, Fundamentos e Resultados. Nesta obra, além de descrever detalhadamente a intervenção desenvolvida pelo Plano Nacional de Leitura (PNL), durante a sua liderança, Isabel Alçada debruça-se, igualmente, sobre a fundamentação científica do PNL em que assentou as estratégias desenvolvidas nas áreas da leitura e da sua aprendizagem, e da leitura em suporte digital. E aponta ainda novas áreas de intervenção que, no futuro o PNL, em sua opinião, deverá vir a contemplar.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  A Academia das Ciências de Lisboa, na figura do seu presidente, o filólogo Artur Anselmo, convocou para o dia 25 p. f., quinta-feira, um plenário dos seus membros – sócios efetivos e os por correspondência também –, com um ponto único, conforme a respetiva convocatória: «Votação sobre a petição que um grupo de cidadãos dirigiu à Assembleia da República, solicitando "a desvinculação de Portugal do Tratado e Protocolos Modificativos ao Acordo Ortográfico de 1990 e a revogação da Resolução n.º 8/2011 do Conselho de Ministros" de que é subscritor [o advogado e ex-ministro português] António Duarte Arnaut.» Mais se informa que o resultado da votação [por via de um boletim de voto com três quadrículas, "Sim", "Não" e "Abstenção"] deverá ser comunicado à Assembleia da República até ao dia 28 do corrente mês de maio.

* Segundo os seus organizadores, a petição Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de 1990 conta com 20 mil subscritores, neles se destacando personalidades variadas do meio cultural, universitário, musical e político português..

[Atualização posterior: o plenário da Academia das Ciências de Lisboa, como se noticia no ponto 4 da Abertura do dia 26/05/2017, descartou esta ordem trabalhos, reafirmando o que fora anteriormente aprovado e constante no documento Sugestões para o Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.] 

Cf.  Sobre o Acordo Ortográfico de 1990 e o que (não) foi alterado com a nova reforma do português escrito

2.  Uma década depois da primeira reforma ortográfica da língua portuguesa, em 1911 – que pôs termo ao «caos gráfico» das nenhumas regras minimamente fixadas até aí para a escrita do português, como apontou à época Agostinho de Campos –, as reações hostis nos meios intelectuais portugueses de há 100 anos não podiam ser mais coincidentes com o que se passa hoje com o Acordo Ortográfico de 1990. É o que, sobre a «saga da procura da unificação ortográfica da língua portuguesa» e as razões históricas de ainda hoje andarmos «às turras com o Acordo Ortográfico», assinala o linguista João Malaca Casteleiro, em artigo que deixamos disponível na rubrica Acordo Ortográfico. Em representação da Academia das Ciências de Lisboa, ele fez então parte da delegação portuguesa ao Encontro de Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, realizado na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, em 1986, e cujos trabalhos conduziram ao Anteprojeto de Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa, em 1988. E, dois anos mais tarde, no novo encontro realizado na Academia das Ciências de Lisboa, de aprovação final do novo Acordo Ortográfico, com a participação das delegações dos então sete países da CPLP e da Galiza (com o estatuto de observador). «Foi, pois, com muita tristeza – escreve agora João Malaca Casteleiro – que vimos o atual presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Artur Anselmo, atuar, nos últimos tempos, em movimentações públicas, primeiro, para tentar reverter o Acordo Ortográfico, e, depois, vendo que tal era impossível, a apadrinhar uma revisão atabalhoada, linguisticamente mal fundamentada e inoportuna, numa verdadeira afronta à memória da própria Academia e dos ilustres académicos e filólogos, dos dois lados do Atlântico, já falecidos, que tanto se esforçaram para que a língua portuguesa tivesse uma ortografia unificada.»

3.  Temas restantes da presente atualização do Ciberdúvidas:


• Na rubrica O Nosso Idioma, e a propósito ainda da vitória do cantor português Salvador Sobral no festival Eurovisão 2017 – a primeira de um representante de Portugal, cantando em português –, deixamos a transcrição de um artigo publicado no jornal Público do dia 19 p. p, cujo autor, Francisco Louçã, nos convida à seguinte reflexão: «Como se vence cantando em português? O que é o mesmo que perguntar o que nos diz a nós e porque é que também diz a tanta gente que não sabe a [nossa] língua?»

• E, no consultório, responde-se a três novas perguntas. Qual a origem da expressão «Nem por sombras»? Diz-se «atirar pagaias» no sentido de «dar palpites»?

Finalmente: é «a aula "de campo"» ou, antes, «a aula "em campo"»?