Para clarificar a questão da classificação, quanto à acentuação, da palavra silêncio, transcrevemos do texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), Base XI: Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas, o seguinte:
«Levam acento circunflexo:
(...) as chamadas palavras proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam vogais fechadas na sílaba tónica/tônica, e terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes: amêndoa, argênteo, côdea, Islândia, Mântua, serôdio.»
Assim, silêncio poderia ser considerada uma palavra paroxítona (grave), porque a sequência final, pós-tónica (-io) é praticamente um ditongo crescente e não pode ser dividido na translineação (não é conveniente deixar uma vogal isolada numa das linhas), mas é pronunciado com hiato, isto é, como duas sílabas. As palavras com estas características designam-se proparoxítonas (esdrúxulas) aparentes.
Outras fontes:
BECHARA, Evanildo, Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009:
«Os encontros ia, ie, io, ua, ue, uo finais, átonos, seguidos, ou não, de s, classificam-se quer como ditongos, quer como hiatos, uma vez que ambas as emissões existem no domínio da Língua Portuguesa: histó-ri-a e histó-ria; sé-ri-e e sé-rie; pá-ti-o e pá-tio; ár-du-a e ár-dua; tê-nu-e e tê-nue; vá-cu-o e vá-cuo» p.52
«São proparoxítonas (incluindo-se os vocábulos terminados por ditongo crescente)» p.71
CUNHA, Celso & Luis Filipe Lindley CINTRA. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Ed. J. Sá da Costa,1984:
«Todas as palavras proparoxítonas devem der acentuadas graficamente (...) Incluem-se neste preceito os vocábulos terminados em encontros vocálicos que costumam ser pronunciados como ditongos crescentes: área, espontâneo, ignorância, imundície, lírio, mágoa, régua, vácuo, etc.» p. 70