Para esta opinião que solicita, ouvimos o arabista Adalberto Alves e três prestigiados estudiosos da língua portuguesa com conhecimentos de árabe, José Pedro Machado, Fernando V. Peixoto da Fonseca e José Neves Henriques.
Os quatro convergem no seguinte:
A palavra "al-Qaeda", em árabe coloquial, equivale a "al-Qáida" em árabe clássico, significando «a base, o fundamento».
A emergência da organização à volta de Ussama bin Laden e do chamado terrorismo internacional, desde os atentados às Torres Gémeas de Nova Iorque, a 11 de de Setembro de 2001, e neste passado 11 de Março em Madrid, impôs-lhe o nome por que passou a ser conhecido mundialmente: Al-Qaeda.
Acontece que quem (mais) o impôs foram os "media" anglófonos. Só que o "e" em inglês lê-se /i/ – e é assim que se pronuncia nas televisões e emissoras de rádio inglesas e americanas; como, de resto, em Espanha ou em França...
Em Portugal, quem fala no audiovisual é o que se sabe em matéria do bom uso da língua materna: pronuncia-se o Al-Qaeda escrito à inglesa, olvidando-se, porém, o pormenor de o tal "e" em inglês se ler /i/...
Acresce a ignorância de outra regra de ouro para as palavras e nomes estrangeiros entrados (ou instalados momentaneamente, como manda a prudência, no caso vertente) na língua portuguesa: pronunciá-los o mais próximo do original. E como em árabe o som é mesmo um gutural /al-qáida/, os especialistas acima citados desaconselham de todo o que aí se ouve na rádio e na televisão portuguesas.
Diga-se, pois – sustentam Adalberto Alves, José Pedro Machado, Fernando V. Peixoto da Fonseca e José Neves Henriques –, /Alcaida/.
E era também assim – concordam igualmente os quatro – que se devia grafar a palavra, transliterando correctamente segundo o alfabeto português: Alcaida.
Tal como sucedeu com outras palavras da mesma origem árabe há muito de uso corrente entre nós, como alcaide ou Alcorão, por exemplo.