No Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, não há qualquer referência ao uso do verbo ser + preposição a.
No entanto, esta fórmula é usada em registos epistolares com carácter de mais formalidade, como se exemplifica nesta carta da DECO: «Exmos Senhores, Conforme solicitado por V.Exas, somos a enviar os nossos comentários sobre o documento de consulta relativo ao tema supra identificado, desde já solicitando a V.Exas que relevem o atraso verificado na presente resposta.(...)» ou nesta da Associação dos Municípios Portugueses: «Na sequência do v/ ofício n.º 82 sobre o assunto em epígrafe indicado e da nossa comunicação de 13 de Janeiro de 2015 – OFI:18/2015-SF) somos a enviar, em anexo, o parecer da Associação Nacional de Municípios Portugueses relativo a (...)».
Note-se que esta expressão é usada há muito tempo, fazendo parte de um formulário muito em voga na administração pública na segunda metade do século XX.
Também neste tipo de documentos, encontramos a expressão equivalente «somos a informar...»
Finalmente, para interpretar a frase citada pelo consulente, atente-se que, desde, pelo menos, o século XIII, ser é sinónimo de estar: «somos contentes com a tua chegada», por exemplo. (Dicionário Houaiss)
Assim, atendendo à origem etimológica de ser, do latim sedeo, -ere, «estar sentado» (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado), é correto aceitar «sou a enviar em anexo», pois está subjacente o sentido de estar, ficar, e a expressão está consagrada pelo uso, que muitas vezes estabelece a norma de uma língua.