1. A relação entre a língua e a sua norma é um processo que vive de pontos de equilíbrio atingidos depois de momentos de tensão entre os limites impostos pelos gramáticos e as tentativas de libertação ditadas pelos usos. Neste quadro, é natural que o filólogo e gramático Napoleão Mendes de Almeida tenha condenado, no século passado, o uso de locuções como «face a» ou «frente a», que, atualmente, não são rejeitadas pela norma. Também algumas locuções com o verbo fazer, como «fazer dinheiro» ou «fazer música», que já foram consideradas galicismos, são hoje usadas como corretas, mas o mesmo já não se verifica com «fazer erros». Na atualização do Consultório, identificam-se ainda algumas palavras que contribuem para a polaridade negativa de uma frase e discute-se a aceitabilidade da frase «Ao cortarem-lhe as tranças, a menina ficou triste». Para terminar, analisa-se a função sintática do adjetivo inicial num verso da poetisa portuguesa Ana Luísa Amaral.
2. No Pelourinho, alerta-se para a confusão presente numa notícia da RTP, que se referiu à síndrome de Kawasaki, estudada como uma possível manifestação do novo coronavírus em crianças, como "síndrome de Nagasaki", trocando, deste modo, o nome da doença pelo de uma das cidades onde os Estados Unidos efetuaram bombardeamentos atómicos na II Guerra Mundial.
3. A crise sanitária evoluiu, em Portugal, para uma nova fase: o país encontra-se agora em estado de calamidade. Tendo assim terminado o estado de emergência, Portugal prepara-se para o desconfinamento e para a reabertura da economia e do ensino presencial. O avanço da situação traz consigo novas palavras que passam a integrar o glossário de A covid-19 na língua, tais como acrílico, afetos, alarmismo, app, a.C. e d.C., cadeia de transmissão, confeção, funerais, índice de transmissão, medo ou tempo (de pandemia), entre outros termos que poderão ser consultadas no documento sujeito a uma permanente atualização. Ainda relativamente às palavras que se usam mais frequentemente no contexto atual, sublinhemos a palavra hostel, um anglicismo que, entretanto, entrou na língua portuguesa, que se deve pronunciar "hostél", como hotel ou motel, e não "hóstel", como se ouve na comunicação social ou como é dito pelo próprio primeiro-ministro de Portugal, António Costa.
4. A RTP continua a repor o magazine Cuidado com a Língua! No dia 5 de maio, pelas 14h30, poderá ser acompanhado o episódio dedicado ao tema da enologia (ver notícia).
5. Celebra-se na terça-feira, 5 de maio, o primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa, proclamada em 2019 pela UNESCO. As comemorações decorrerão em linha numa colaboração entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a representação portuguesa na UNESCO, a ONUNews e a RTP e contarão com a participação de duas dezenas de personalidades lusófonas da política, das letras, da música e do desporto. Em entrevista ao Jornal de Letras, “O reconhecimento do português como língua global” é destacado pelo embaixador de Portugal na UNESCO António Sampaio da Nóvoa, na qual aborda a questão da projeção internacional da língua portuguesa, que, a seu ver, deveria assentar nos pilares do ensino, cultura, criação e ciência (aqui).
6. Na véspera, foi o Dia da Mãe, em Portugal. Uma data marcada, este ano, pela distância entre muitas famílias e pela procura de outras formas de transmitir afetos. O tradutor e professor universitário Marco Neves assinalou o dia com um apontamento que viaja até ao indo-europeu, em busca da origem dos lexemas utilizados para designar mãe em diferentes línguas europeias. Uma viagem pela língua para celebrar afetos.
7. Uma língua que une e que separa. Este poderia ser o subtítulo do artigo do jornalista português João Almeida Moreira, correspondente do Diário de Notícias em São Paulo. Um texto onde nos fala de diferenças fonéticas e lexicais entre o português europeu e o português do Brasil e parte em busca de uma tentativa de explicação para as dificuldades que um brasileiro sente em compreender um português (aqui transcrito com a devida vénia).
8. Como a distância continua a marcar o nosso quotidiano, deixamos como sugestão para atividades a realizar em confinamento o acompanhamento das M-Talks 4All, que são pequenas conversas diárias organizadas pelo Festival MENTAL, que contam com a participação de profissionais de várias áreas que ajudam a refletir sobre a situação que se vive atualmente, disponíveis no canal oficial do festival no Youtube.
1. Entre ritos muito antigos e ecos de lutas sociais, chega a celebração do 1.º de Maio, também ela marcada em Portugal, e um pouco pelo resto do mundo, pelo estado de emergência, embora com a perspetiva do seu levantamento muito em breve. Espera-se o alívio de várias restrições, mas, dado o surto pandémico não estar no fim, impõem-se precauções como o uso de máscara em transportes e espaços comerciais. Na rubrica O nosso idioma, mantém-se, portanto, a atualização do glossário "A covid-19 na língua" com palavras e expressões recorrentes no discurso mediático, como sejam plano de contingência, Serviço Nacional de Saúde, retoma ou restrições. Em referência aos testes feitos para deteção de infetados, salienta-se também a expressão «kit de diagnóstico»*, em que o anglicismo kit resiste teimosamente a tradução estável. Mesmo assim, apesar da polissemia do termo inglês e da extrema variabilidade da sua tradução, observa-se tal kit de diagnóstico, e descabido não será considerá-lo de modo mais vernáculo um «conjunto de diagnóstico» ou «material de diagnóstico» (esta última formulação encontra-se no sítio de tradução Linguee). Fica a sugestão.
Devido ao feriado do 1.º Maio, o CIberdúvidas regressa às atualizações na segunda-feira, 4 de maio p. f.
* Fonte da imagem: revista Sábado, 11/04/2020.
2 Do alívio progressivo das restrições à mobilidade e ao contacto social também se fala no Consultório, a propósito do regresso à normalidade, ao retomar do dia a dia, enfim, ao que se pode chamar quotidianidade, palavra cuja formação é esclarecida na presente atualização. Incluem-se ainda perguntas relativas à expressão «par de jarras», ao hífen em compostos como bem-ensinado, à coincidência de vírgula com sinalefa num verso e ao uso do verbo ajudar com o pronome isso.
3. Com o combate à pandemia do novo coronavírus, Portugal foi dos países que suspenderam as aulas presenciais — o que veio pôr à prova alunos, professores e encarregados de educação sob uma realidade nunca antes vivida. A dar conta desta experiência na 1.ª pessoa, transcreve-se com a devida vénia na rubrica Ensino, um artigo de opinião da professora Lúcia Vaz Pedro, saído no jornal Público em 29/04/2020 com o sugestivo título "Se fosse preciso, preparávamos aulas na Lua".
4. Ainda sobre o covid-19, corre a suposição de o coronavírus ter migrado de certas espécie de animais selvagens para os humanos. Mencionam-se, portanto, zoónimos, isto é, nomes designativos de animais, como pangolim e cão-mapache ou cão-guaxinim (ou, ainda, tanuki, como se lê aqui em espanhol). Mas, longe do tema inquietante dos vírus e das pandemias, anda a ave domesticada a que chamamos peru, cuja origem se encontra no nome do conhecido Estado andino. Porquê dar o nome de um país a uma ave? Em O nosso idioma, o professor João Nogueira da Costa dá uma explicação e mostra que o caso da língua portuguesa não é único quanto à fonte da denominação desta ave.
5. Em 5 de maio celebra-se o Dia Mundial da Língua Portuguesa, que em 2020 é festejado pela primeira vez, só que igualmente pela Internet. Em declarações à agência Lusa, o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos, assinalou que esta é a primeira vez que se comemora este dia e que, muito embora estivesse planeado dar-lhe grande visibilidade, «as circunstâncias ditaram que tivéssemos de adaptar o que estávamos a pensar para um formato virtual». Para tanto, realiza-se um evento em linha, difundido através das redes sociais do Camões, que reúne individualidades da área político-institucional, bem como figuras do campo da cultura, dos espetáculos e do desporto. Recorde-se que foi em 25/11/2019 que a UNESCO ratificou a instituição desta comemoração, conforme se fez registo nas Notícias (ler também aqui).
Entre os convidados que prestam depoimentos contam-se o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, do Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro português, António Costa, do chefe de estado de Cabo Verde e presidente em exercício da CPLP, Jorge Carlos Fonseca, do secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles, e do embaixador Sampaio da Nóvoa, representante de Portugal na UNESCO. Participam igualmente os escritores Mia Couto (Moçambique), Germano Almeida (Cabo Verde) e Manuel Alegre (Portugal); os cantores Adriana Calcanhoto (Brasil), Dino d'Santiago (Portugal/Cabo Verde) ou Carminho (Portugal); o futebolista Pedro Pauleta e o canoísta Fernando Pimenta (Portugal); o cineasta Flora Gomes (Guiné-Bissau), a cientista Maria Manuel Mota, o teólogo e cardeal José Tolentino de Mendonça (Portugal) e o político timorense José Ramos-Horta.
6. Um curso de pontuação – Curso de Pontuação em Português – é o desafio que propõe o professor universitário e tradutor Marco Neves a partir de 5 de maio, a coincidir, portanto, com o Dia Mundial da Língua Portuguesa. O curso é publicado em 10 secções que incluem vídeos e exercícios (inscrições e outra informação aqui).
7. Para se ler, ver e ouvir nestes últimos dias (espera-se) de confinamento:
– a livraria digital criada pela Fnac e a Kobo, que disponibilizam gratuitamente 260 mil livros áudio e livros eletrónicos de obras de autores de língua portuguesa e de títulos em inglês;
– na área do teatro, o grupo Os Instantâneos (Sintra) disponibilizam, em linha e gratuitamente, o projeto “Impro em Casa”, com alguns dos espetáculos que passaram recentemente pelo palco do Espontâneo – Festival Internacional de Teatro de Improviso;
– visitas virtuais a 25 museus da Grande Lisboa e de outros pontos em Portugal;
– os concertos, conferências, programas de entrevistas e atividades para os mais novos com livre acesso, duas vezes por semana, que o Centro Cultural de Belém reúne em #CCBCidadeDigital, bem como as histórias infantis que se contam na rede de Bibliotecas Municipais do Concelho de Vila Franca de Xira.
8. O uso excessivo dos estrangeirismos no espaço público em Portugal, uma visita guiada ao Palácio de Belém, a residência oficial do Presidente da República e a enologia são os temas de três episódios da 10.ª e última série do magazine televisivo Cuidado com a Língua! — em reposição, respetivamente, na RTP2 (no sábado e no domingo, dias 2 e 3 de maio, às 20h30* ), na RTP1 (na terça-feira, dia 5 de maio, às 14h30*, e no domingo, dia 10/05, às 06h15*) e na RTP Internacional (quarta-feira, 6 de maio, às 14h45*).
*Hora oficial de Portugal continental, com os três episódios disponíveis depois também na RTP Play, aqui e aqui, respetivamente.
9. O Dia Internacional da Língua Portuguesa é o tema de ambos os programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa. No Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 1 de maio, pelas 13h20*, com uma conversa com o investigador angolano Jonuel Gonçalves; no Página de Português – emitido na Antena 2, no domingo, 3 de maio, pelas 12h30* – o convidado é o professor universitário Carlos Reis.
* O programa Língua de Todos é repetido no sábado, dia 2 de maio, depois do noticiário das 09h00; e o Páginas de Português tem repetição no sábado, dia 9 de maio, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.
1. A crise sanitária mundial e a sua evolução têm levado a que muito se escreva e fale sobre a situação. Este fenómeno tem vindo a desencadear um considerável dinamismo no plano lexical, relacionado não só com a mobilização de léxico específico de determinadas áreas mas também com a necessidade de descrever a situação que se está a viver. É neste contexto que começaram a ser usadas expressões figuradas suscetíveis de traduzir a intensidade do que tem lugar, como calamidade ou hecatombe, ou que se recorre ao uso de metáforas do domínio bélico para descrever a forma como se pode enfrentar a ameaça da propagação das infeções. Um apontamento da professora Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, onde se reflete sobre as palavras e expressões usadas para descrever um «inimigo invisível».
Primeira imagem: "O pesadelo", de Henry Fuseli, 1781.
2. Da memória do léxico medieval, chega até nós o termo arrabiado, cujo significado é atualmente opaco para muito falantes, eventualmente por falta de contacto com a realidade que este designa. Uma das respostas da atualização do Consultório vai em busca da história da formação da palavra e dos seus significados. Palavra de uso atual é então, cuja versatilidade gera dificuldades no momento de distinguir quando é um advérbio ou quando funciona como um conector. Do grego, chega até nós a palavra zóster, que tanto significa «zona, faixa, cintura», como integra a expressão herpes-zóster, que designa uma afeção da pele. É este termo que causa dúvidas quanto à grafia correta da sua flexão no plural. Uma resposta ainda sobre a incompatibilidade temporal patente na frase «A história da dança tem sido escrita há séculos» e uma resposta que explica por que razão em «Olá a todos» não há lugar a vírgula.
3. O termo inglês lay-off, que significa «dispensa temporária de pessoal», continua a ter uma presença constante na comunicação social. Atendendo, porém, a que se verifica uma grande flutuação na sua grafia, recordamos que este deve ser escrito em itálico e com um hífen entre os dois termos. Esta palavra integra já A covid-19 na língua, glossário desenvolvido pelo Ciberdúvidas a que se juntam, nesta atualização, os termos acatamento, patógeno, R 0, terapêutico/potencial terapêutico e zoonose.
A palavra lay-off é nome (substantivo) que provém do inglês e se escreve com hífen (cf. Dicionário Infopédia e Dicionário Priberam). Na língua inglesa, pode escrever-se hifenizado – lay-off – ou como uma única sequência de letras – layoff –, assim se distinguindo do verbo correspondente, lay off (literalmente, «largar, deixar, abandonar»), que se grafa sem hífen [cf. Lexico.com, Cambridge Dictionary (em linha), dicionário Collins COBUILD (em linha) e dicionário Merriam-Webster (em linha)].
4. O dinamismo lexical associado à pandemia da covid-19, que temos assinalado para a língua portuguesa, tem também reflexos no galego, sendo marcado por palavras cujo uso tem vindo a ser incrementado e também por neologismos, como é o caso de "desescalada" (que, em português, corresponde ao termo desconfinamento), cujos usos e significados são analisados no artigo de Irene Pin, publicado originalmente no diário galego Nòs e que aqui transcrevemos com a devida vénia.
5. A Semana Mundial da Imunização é promovida pelas Nações Unidas entre 20 e 27 de abril. Todos os anos continua a registar-se a morte de 1,5 milhões de bebés por falta de vacinação, pelo que a UNICEF continua a desenvolver esforços para vacinar o maior número possível de crianças (ver notícias aqui e aqui). A questão da vacinação tem-se tornado mais premente devido à investigação que tem sido desenvolvida em vários laboratórios mundiais em busca de uma vacina contra o novo coronavírus – como se refere nesta notícia.
A propósito de imunidade e vacinação, recordamos algumas repostas no arquivo do Ciberdúvidas: «Antónimo de imunidade», «Imunitário / imunológico», ««Imunidade contra vírus...», ou «imunidade a vírus...»?», «Sistema imunitário», «O significado de alo-imune», «Infecções oportunísticas»,«Vacina», «Qual a pronúncia de bactéria?»
6. Em Portugal, os alunos do 11.º e 12.º ano poderão regressar às aulas presenciais no dia 18 de maio e as creches abrirão a 1 de junho. É esta a intenção do Governo, caso a situação continue a evoluir positivamente. A reunião com especialistas da Direção-Geral da Saúde, que terá lugar no dia 28 de abril, será fundamental para o desenvolvimento da estratégia de retoma faseada da normalidade.
1. Em Portugal, comemora-se o 25 de Abril, o dia em que há 46 anos se desencadeou a Revolução dos Cravos. Como todas as épocas de grande mudança, foi uma experiência coletiva intensa e até dolorosa, no propósito de instaurar um novo regime político que garantisse a liberdade de expressão, a participação cidadã e a justiça social. Compreende-se, pois, que a língua falada e escrita em Portugal guarde memória desses tempos, pela carga emocional ainda hoje associada a certas palavras, locuções e siglas como capitalismo, constituição, democracia, descolonização, greves, saneamentos, eleições, igualdade, manifestação, nacionalizações, parlamento, partido, povo, revolução, socialismo, sociedade sem classes, reação, reforma agrária, MFA, UCP, PREC, ELP ou PALOP.
Releia-se a Abertura de 25 de abril de 2014, que assinalou o 40.º aniversário do fim da ditadura do Estado Novo e da guerra colonial; e, na rubrica O Nosso Idioma, sugere-se a consulta de dois artigos à volta da história linguística do 25 de Abril: Palavras que nasceram com a década [1974-1984] (1984), de José Mário Costa, e O 25 de Abril no léxico português (2003), de Margarita Correia em 2003.
2. Em 2020, com a perspetiva da mudança de escala planetária prometida pela pandemia de covid-19, as comemorações do 25 de Abril relembram a necessidade de uma esperança. E, contornando os constrangimentos do estado de emergência, lança-se mão do avanço tecnológico e produzem-se conteúdos culturais comemorativos, para assim se organizarem festejos à distância, entre paredes confinantes, ou fazendo de cada varanda as praças públicas ainda vazias. Entre muitas iniciativas, mencionem-se, por exemplo:
– a realização do documentário Agora Que Não Podemos Estar Juntos, um desafio lançado pelo primeiro-ministro português, impossibilitado de acolher a celebração na sua residência oficial como costuma, aos diretores artísticos dos teatros nacionais de São Carlos, São João e D. Maria II, bem como da Companhia Nacional de Bailado. Vide aqui e aqui.
– o programa de atividades "dentro de portas" que, em Lisboa, até 30 de abril, propõe a empresa municipal de animação cultural – a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural;
– a disponibilização nas redes sociais, de 24 a 29 de abril, dos testemunhos completos dos presos políticos e dos académicos que participaram na curta-metragem documental Museu da Vergonha, de Luís Monteiro e José Machado de Castro;
– o programa virtual que promove a Câmara Municipal de Grândola, vila alentejana a que o cantautor José Afonso (1929-1987) rendeu homenagem com "Grândola, Vila Morena" (do álbum Cantigas do Maio, de 1971), a composição mais emblemática da Revolução;
– e, confirmando esse valor simbólico, a Associação 25 de Abril, lança no Facebook o apelo Solta a Grândola que há em ti, e chama os portugueses a cantarem, no sábado às 15h00, “às janelas ou às varandas”, a canção “Grândola Vila Morena” (mais informação aqui e áudio com letra completa aqui).
Justifica-se igualmente uma chamada de atenção para o vídeo do comentário de Penelope Curtis, diretora do Museu Calouste Gulbenkian (cf. página de Facebook, 21/04/2020), em Lisboa, a respeito de duas obras da coleção deste museu. Uma delas, contemporânea dos acontecimentos de há 46 anos, é o quadro «Encontro de Natália Correia com Fernanda Botelho e Maria João Pires» (na imagem à direita), do pintor português Nikias Skapinakis (1931), comentada em confronto com «Retrato de Mademoiselle Duplant», de François-André Vincent (1746-1716). São de algum modo tocantes as palavras de Curtis no final: «Podemos dizer que a pintura portuguesa está a olhar para o futuro que poderá vir depois de 1974. Este é um momento de mudança para elas [as pessoas retratadas], e todos nós sentimos que este [o que se vive em 2020] será um momento de mudança sem precedentes para nós também.»
3. Na rubrica O nosso idioma, o glossário "O léxico da covid-19" recebe novas entradas: crianças (o que fazer com a sua impaciência em confinamento?), humor (bem necessário para suportar a situação), poluição (cujo nível parece ter descido), tráfego aéreo (que diminuiu drasticamente), relaxamento (das medidas de emergência) e relevância (de várias classes profissionais no combate à propagação do vírus e à doença). A propósito da situação no Brasil e da atuação desconcertante do seu presidente, refiram-se ainda dois neologismos recolhidos das crónicas do jornalista João Almeida Moreira, que, no Brasil é correspondente do Diário Notícias (ler aqui e aqui): bolsonaristão, em referência (crítica) ao interior do estado de São Paulo, onde Bolsonaro encontra fortíssima base apoio eleitoral (ver também vídeo do canal Estúdio Fluxo do Youtube); e bolsonique, «apoiante radical de Bolsonaro» (cf. aqui), cuja formação ressoa a outros termos acabados em -ique, terminação de origem russa que se encontra em bolchevique e menchevique, palavras de tempos antigos e nem por isso menos favoráveis a sectarismos (cf. Dicionário Houaiss). Para mais registos destas e doutras palavras usadas em referência à presidência de Jair Bolsonaro, ouvir aqui, aqui e aqui.
4. Uma nota da atualidade igualmente com pertinência para "O léxico da covid-19": a deteção de mais de uma centena de pessoas infetadas num hostel lisboeta (cf. Expresso, 22/04/2020; ver também aqui). Recorde-se que, apesar de se tratar de um anglicismo, em princípio dispensável por a língua já disponibilizar termos como pensão, albergue ou hospedagem, a verdade que é que hostel – palavra aguda, com acento tónico na sílaba -tel – faz hoje parte da nomenclatura que em Portugal se emprega oficialmente para identificar certo tipo de alojamento hoteleiro, conforme já se explicou numa resposta anterior.
5. Ao Consultório regressa a análise das orações explicativas, a par de outros tópicos: que significa o galeguismo deda? a expressão «à prestação» usa-se em Portugal?»; no complexo verbal «está por vir» ocorre algum auxiliar? A expressão «de braço dado» tem plural?
6. Ainda na rubrica O nosso idioma, transcrevem-se com a devida vénia dois textos: à volta da morte e dos eufemismos que a denotam, um artigo da jornalista Rita Cipriano, que o assinou no jornal digital Observador (12/06/2016); e, sobre a etimologia do nome mundo, um apontamento do professor João Nogueira da Costa (Facebook, 19/11/2018).
7. Como se tem referido nestas páginas, entre as medidas de contenção do novo coronavírus em Portugal, conta-se a suspensão das atividades letivas do 1.º ao 9.º ano, com a consequência de as escolas funcionarem na modalidade de ensino à distância. Sobre o #EstudoEmCasa, o projeto televisivo que visa complementar tais atividades e suprir eventuais carências de equipamento e recursos informáticos, são de registar, no debate parlamentar de 22/04/2020, as intervenções do primeiro-ministro António Costa, que considerou essencial assegurar no próximo ano letivo a universalidade do acesso a plataformas digitais, de modo a evitar «que o próximo ano letivo seja a continuação do final do segundo e terceiro período deste ano letivo». Mais sublinhou que «[...] como vamos ter de conviver ao longo de todo o próximo ano letivo, com o vírus e provavelmente sem vacina e sem terapia, temos de estar preparados para não sermos outra vez surpreendidos pelo imprevisto que este ano existiu», acrescentando: «A escola nunca mais será aquilo que foi. Será certamente uma escola mais digital»
Assinale-se que, não obstante as universidades e instituos politécnicos terem também interrompido as aulas presenciais, foi publicado o calendário de acesso ao ensino superior, com arranque previsto para agosto do presente ano (ler notícia aqui).
8. Dois episódios da 10.ª e última série do magazine Cuidado com a Língua! – em reposição na televisão pública portuguesa – passam na RTP 2: no sábado, dia 25/04, às 20h25*, tudo decorre numa tipografia, à volta das muitas palavras e expressões alusivas à arte de imprimir livros, revistas ou folhetos. No dia seguinte, faz-se uma viagem pelos bastidores da escola de circo do Chapitô, em Lisboa. E, na RTP 1, o programa que passa no dia 28/04, às 14h30* – com repetição no dia 3 de maio, à 06h15*e depois na RTP Internacional – aborda o campo lexical das lareiras. Mais informação aqui.
*Hora oficial de Portugal continental, ficando este o episódio disponível depois também na RTP Play, aqui.
9. Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa são temas principais: no Língua de Todos, transmitido pela RTP África em 24 de abril, pelas 13h20* (programa repetido no sábado, dia 25 de abril, depois do noticiário das 09h00*), o léxico da covid-19, abordado numa entrevista à linguista e colaboradora do Ciberdúvidas Carla Marques ; e no Páginas de Português, emitido na Antena 2, em 26 de abril, pelas 12h30* (repetição no sábado, dia 2 de maio, às 15h30*), o escritor brasileiro Rubem Fonseca, recentemente falecido, e o projeto “Estudo em Casa".
* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.
10. Referência final para o início o Ramadão, o nono mês do calendário islâmico, no qual a maioria dos muçulmanos pratica jejum ritual. Este ano, porém, com algumas diferenças: não será possível ir a Meca, na Arábia Saudita, nem rezar na mesquita, nem fazer a reunião para quebra de jejum quando o sol se põe (cf.notícia).
A este propósito, recordamos alguns textos aqui publicados relacionadas com o tema: «Palavras referentes aos Islão», «Ainda o termo islamista»,«Islâmico vs. islamita», «A barafunda entre ilsmistas e islamitas», «Islão também com acepção étnica», «As datas históricas pós-acordo ortográfico», «Sobre o uso da maiúsculas e de minúsculas», «A origem do nome Aida».
1. Celebra-se hoje, 22 de abril, o 50.º aniversário do Dia Mundial da Terra, data reconhecida pela ONU apenas em 2009, mas comemorada desde 1970. Neste dia, várias vozes, entre as quais se destaca António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, vêm recordar que, embora viva em grave situação pandémica, o planeta não deixa de estar ameaçado pela crise ambiental nem de se encontrar em situação de emergência climática. Por essa razão, várias iniciativas serão dinamizadas em plataformas digitais, reiterando a importância fulcral de preservar os recursos naturais do planeta, o «único lugar onde podemos viver», como afirmava Carl Sagan. Também os poetas, desde sempre, nos mostraram a beleza ímpar deste nosso mundo que temos de manter a salvo. Recordemos, a este propósito, as palavras de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, que deixa um hino à importância de saber ver a beleza do mundo:
DA MINHA ALDEIA
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Sobre esta efeméride recordamos um conjunto de respostas que envolvem a palavra terra: «Terra, em latim», «A grafia de mãe-terra», «Terra aquosa», «Pouca terra, pouca terra», «Terra/terra» e o artigo que nos conta sobre uma pandemia noutro século e a importância do isolamento: «Por toda a terra era este mal tão geral».
2. Nesta nova atualização do Consultório, tratamos questões relacionadas com dois advérbios. Um de sabor vetusto que ecoa em textos longínquos como os do dramaturgo quinhentista Gil Vicente: o advérbio samicas. Reconhecido pelo seu sentido equivalente a «talvez», ficou imortalizado na fala do Parvo do Auto da Barca do Inferno, quando definiu desta forma a sua existência quase inexistente: «Samicas alguém». A dúvida agora colocada procura saber se samicas pode ter um uso nominal. Mais recente, e mais próprio do registo informal e oral, é o advérbio né, resultante da contração da expressão «não é?», que oferece dúvidas sobre os contextos de uso e sobre a classe de pertença. Uma outra questão centra-se na determinação da necessidade de acentuar as formas da 1.ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo para as distinguir das do presente na mesma pessoa e número. A correção está também na base da questão sobre a admissibilidade da construção «mais do que o que era» e de uma outra sobre a grafia correta do adjetivo sináptico.
3. O verbo haver é frequentemente maltratado tanto no registo oral como no escrito. Desta feita, no Pelourinho, a partir de um título jornalístico com uma forma errada do verbo, lembramos, mais uma vez, que, com o sentido de «existir», este é defetivo e que flexiona apenas na 3.ª pessoa do singular, alertando para o cuidado que se deve ter com a língua portuguesa.
4. O léxico da covid-19 continua a crescer, dando conta das novas realidades associadas quer à terceita fase do estado de emergência em Portugal quer aos planos de relaxamento das medidas restritivas impostas aos cidadãos. Na nova atualização, poderão ser consultadas entradas como gel, pós-covid, relaxamento, restrições, tratamento, entre outras.
5. Expressões como «céu da boca», «chá de limão» ou «dente de alho» já integraram de forma tão natural o nosso universo lexical que nos esquecemos que resultam de um processo de catacrese, ou seja, de um uso impróprio ou abusivo que assenta numa metáfora desgastada, como nos recorda neste apontamento o professor João Nogueira Costa.
6. A situação de confinamento em que vivem muitos cidadãos do mundo inteiro veio agravar as assimetrias sociais já existentes. As crianças e jovens em idade escolar são particularmente afetados quando veem o acesso à aprendizagem limitado por falta de meios informáticos ou por não terem acesso à internet. O recurso à televisão como meio de difusão dos conhecimentos tem sido apontado como uma forma de reduzir as desigualdades. Em Portugal, a solução foi já adotada com o desenvolvimento do projeto #EstudoEmCasa, transmitido pela RTP Memória e destinado a alunos até ao 9.º ano de escolaridade. A propósito das aulas em Portuigal, foi também divulgado que o primeiro-ministro António Costa decidirá se os alunos do 11.º e 12.º anos regressarão às aulas presenciais no próximo dia 30 de abril (notícia). A UNESCO apontou também esta como uma solução para reduzir as desigualdades extremas que se verificam em São Paulo, no Brasil (notícia). Não obstante, esta solução não se oferece como a ideal. Veja-se, no caso português, as críticas endereçadas às primeiras emissões, cujos conteúdos foram considerados superficiais e aquém das capacidades dos alunos. Por outro lado, também o uso da Internet viu o mundo de perigos que traz consigo crescer com o aumento do tempo de utilização que se verifica em confinamento. Neste âmbito, a UNICEF veio divulgar cinco dicas que ajudam pais e tutores na tarefa de garantir a segurança dos seus. Por fim, ainda no âmbito das implicações do isolamento social, o Ministério da Educação português veio já informar que é possível proceder à matrícula no próximo ano letivo sem necessidade de deslocação à escola (cf. notícia).
7. O isolamento tem desencadeado novas formas de arte e tem estimulado a criatividade artística. Entre os diversos projetos existentes, destacamos hoje o «Bode Inspiratório», que divulga todos os dias o capítulo de um folhetim «à moda antiga», escrito por diferentes escritores em isolamento que se associaram à ideia. Neste momento, estão já mais de quarenta envolvidos, tendo a iniciativa começado com Mário de Carvalho.
8. Os programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa serão difundidos no horário habitual: o programa Língua de Todos passa uma entrevista à linguista e colaboradora do Ciberdúvidas Carla Marques sobre o léxico covid-19 (no dia 24 de abril, pelas 13h20*, sendo repetido no sábado, dia 25 de abril, depois do noticiário das 09h00*); e o Páginas de Português evoca o escritor brasileiro Rubem Fonseca, recentemente falecido, e entrevista a diretora-geral adjunta da Educação Eulália Alexandre sobre o projeto “Estudo em Casa" (com emissão a 26 de abril, pelas 12h30* e repetição no sábado, dia 2 de maio, às 15h30*).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.
1. A atualidade da pandemia do covid-19 é marcada pela polarização do modo como no Brasil se encara a pandemia, mesmo no interior das instituições políticas. Entre os termos a que os media brasileiros dão grande visibilidade, refiram-se dois pouco ou nada conhecidos em Portugal: panelaço e carreata, que denominam formas de protesto distintas – a primeira contra o presidente Jair Bolsonaro e a sua desvalorização quanto à perigosidade da doença e a segunda de apoiantes seus, a favor do levantamento das restrições em alguns estados brasileiros. E há ainda a expressão «força-tarefa», um decalque de task force, em alusão ao grupo de especialistas que assessoram o presidente norte-americano Donald Trump no combate ao novo coronavírus. Estes termos são as novas entradas de "A covid-19 na língua".
Na imagem, a representação de parte do território do Brasil num fragmento do Planisfério Português (1502) de autor anónimo, confeccionado clandestinamente por solicitação do comerciante italiano Cantino.
2. No Consultório, quatro perguntas: como se define o conceito de «conteúdo proposicional»? A expressão «epicentro da epidemia» é redundante? Campanha é da família de palavras de campo? Para um grupo de pessoas, diz-se «viva» ou «vivam»?
3. Em Portugal, o Alentejo faz-se notar nas estatísticas por parecer relativamente poupado pela covid-19, facto que as suas características naturais e demográficas singulares talvez expliquem. A propósito da identidade desta região portuguesa, Sara Mourato apresenta em O nosso idioma um apontamento sobre alguns vocábulos típicos de muitas terras alentejanas: por exemplo, manajeiro, sinónimo de capataz.
4. Em O nosso idioma, disponibiliza-se o texto "A pandemia e o festival de inanidades", da autoria do poeta moçambicano Luís Carlos Patraquim, emitido em 19/04/2020 no Páginas de Português da Antena 2). Como anteriormente já anunciado, nele participou também a professora Carla Marques, que apresentou e comentou o glossário "O léxico da covid-19" – trabalho organizado pelo Ciberdúvidas com os termos mais usados na presente crise sanitária mundial e que se encontra em constante atualização (ouvir aqui).
5. Em Portugal, a pandemia de covid-19 levou o Governo português a adotar um conjunto de medidas para funcionamento das escolas, que continuam a trabalhar em regime de ensino à distância, com recurso a plataformas em linha. Além disso, a partir deste dia, 20 de abril, as aulas do 1.º ao 9.º ano são reforçadas pelas emissões televisivas do #EstudoEmCasa na RTP Memória, as quais envolvem mais de 100 professores, num esforço de abranger todos os alunos, mesmo os que não disponham de computadores nem de ligação à Internet (ver horários). Esta solução não está isenta de riscos: por um lado, verificam-se situações de quebra de cibersegurança*, nas aulas realizadas nas plataformas digitais usadas pelos professores; por outro, há quem duvide da igualdade educativa do acompanhamento de todos estes jovens portugueses**, como é o caso do economista Luís Aguiar-Conraria, em artigo de opinião publicado no Expresso (18/04/2020) e transcrito com a devida vénia na rubrica Controvérsias.
* A palavra cibersegurança nem sempre figura corretamente escrita nos media portugueses. Escreve-se sem hífen, com um único s (depois de qualquer consoante, é impossível escrever ss), formando uma só palavra gráfica, tal como se infere de casos como cibercafé ou ciberataque, conforme registou o saudoso consultor José Neves Henriques (1916-2008), numa resposta de 1997, que não perdeu atualidade, nem mesmo com a norma ortográfica em vigor.
** A propósito deste tempos de preocupação acrescida dos pais com os filhos, leia-se o que o tradutor Marco Neves escreveu em 19/04/2020 no blogue Certas Palavras e no Sapo 24 sobre a etimologia da palavra filho, em complemento do que registara anteriormente noutro artigo.
6. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO) que vigora no Brasil desde 2009 e, em Portugal, desde 2015, continua a alimentar debate aceso. Na rubrica Acordo Ortográfico, transcreve-se com a devida vénia um texto do jornalista Nuno Pacheco, muito crítico de novas grafias usadas em Portugal, como é o caso de infeção, em consequência da supressão do antigamente chamado "c mudo"; a réplica, igualmente aqui transcrita, vem do constitucionalista Vital Moreira, que assinala a vantagem trazida pelo AO com a supressão dessa letra. Cf. O Acordo Ortográfico em tempos de pandemia
7. A presente semana é marcada, em Portugal, pelos preparativos do 46.º aniversário da Revolução de 25 de Abril no meio de alguma polémica, por se anunciar uma sessão comemorativa presencial do parlamento português, apesar da necessidade ou obrigação de distanciamento social. Mas quem, confinado ou não, se interessa por cinema em língua portuguesa e pela história contemporânea de Portugal encontra motivos de regozijo no acesso livre, facultado pela Cinemateca Portuguesa até 24 de abril p. f., a O Mal-Amado (1973), um filme de Fernando Matos Silva, que só pôde ser exibido depois de 25 de abril de 1974. Outra obra disponível é o filme Os Lobos, de Rino Lupo, um cineasta italiano que explorou a essência de certos ambientes rurais portugueses.
Na imagem, fotograma do filme O Mal-Amado (atores: Maria do Céu Guerra e João Mota).
8. Porque o bulício das redes digitais não chega a todos nem a todos tem de agradar, a Casa Fernando Pessoa (CFP), em Lisboa, oferece o serviço Leituras ao ouvido: ligados pela poesia e pelo telefone, que funciona de segunda a sexta, a partir das 16h00. Conforme se esclarece na sua página, a CFP mantém a partilha diária de poemas no Facebook e Instagram; mas, para chegar «ao ouvido de quem não está ligado às redes», fica alargada ao telefone a distribuição de poemas e textos curtos.Mais informação aqui.
9. No Alentejo, o que se quer dizer com a frase «vamos lá enregar»? E para que serve uma almotolia, palavra que nos chegou do árabe? Ou, ainda: o que é a segundeira, que se retira de um sobreiro? E os javalis à volta dos montes afuçam o quê... e para quê? São perguntas acerca da região alentejana à qual é dedicado o 5.º programa da 10.ª e última série do Cuidado com a Língua!, em repetição na RTP 1 na terça-feira, dia 21/04, às 14h30*.
*Hora oficial de Portugal continental, com repetição igualmente na RTP Internacional.
1. A identificação das orações explicativas constitui uma área da sintaxe que levanta algumas dúvidas pelo facto de se tratar de uma construção que não apresenta todas as características típicas da coordenação. Todavia, quando se coloca a hipótese de existência de uma coordenação no interior de uma oração explicativa, a classificação dos constituintes pode tornar-se ainda mais complexa, como se pode verificar na resposta «Duas orações explicativas», que marca o regresso das atualizações do Consultório do Ciberdúvidas. Neste espaço, trata-se ainda uma questão relacionada com o nome próprio que designa os cidadãos dos Países Baixos e uma outra que aborda os nomes dos grupos étnicos do Brasil. Por fim, reflete-se sobre a possibilidade de «o mesmo» poder retomar antecedentes referentes a pessoas.
2. A situação de crise sanitária continua a motivar a utilização de palavras que enriquecem o já vasto campo lexical da pandemia que vivemos. Atento à evolução da situação, o Ciberdúvidas integra agora no glossário A covid-19 na língua os termos custos, desconfinamento, generosidade (mas também o seu contrário, a especulação e a pirataria de países...), máscaras cirúrgicas vs. máscaras de utlização comunitária, reativação e vigilância social.
3. Alguns destes termos estão estreitamente relacionados com os objetivos subjacentes à renovação do estado de emergência, instituído por mais quinze dias em Portugal, que mantém as restrições à circulação das pessoas, mas prevendo já a possibilidade de uma abertura faseada e gradual de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais. Uma vez que se mantém a indicação de confinamento,as medidas tomadas na área da educação seguem o percurso previsto, estando agendado para segunda-feira, dia 20 de abril, o início do projeto #EstudoEmCasa. Esta nova versão da telescola destina-se a alunos até ao 9.º ano de escolaridade e será emitida na RTP Memória (notícia aqui e aqui e Abertura).
4. Nestes tempos em que milhões de de lusófonos se encontram confinados em casa, a televisão pública portuguesa teve a feliz opção de repor a 10.ª e última série do magazine Cuidado com a Língua! Évora é á o tema de um desses programas, que recorda o nome da cidade em tempos romanos e léxico como ménir, cromeleque e megálito, entre outros assuntos de interesse linguístico (na RTP2, no domingo, 19/04, às 20h45). Na RTP1, recorda-se o episódio dedicado ao Alentejo, no qual se tratam expressões típicas como «enregar» ou «almotolia», entre outros temas relacionados com a região (na terça-feira, 21/04, pelas 14h30). Mais pormenores aqui.
5. Adotando o tema da viagem, que lhe é muito caro, Marco Neves, professor universitário e tradutor, propõe, desta feita, um périplo por alguns países asiáticos com o objetivo de identificar como estes escrevem (e pronunciam) o nome próprio Portugal. Uma curiosa crónica divulgada no blogue Certas Palavras, extraída da obra do autor Palavras que o português deu ao mundo – viagens por sete mares e 80 línguas (Editora Guerra & Paz).
6. Na rubrica Diversidades, divulga-se um vídeo relativo a um programa televisivo da Televisão da Galiza, emitido a 15 de fevereiro, no qual se apresentam as principais regras de colocação do pronome átono em galego. O interesse deste documento reside no facto de estas regras terem muitas semelhanças com o que acontece em português europeu.
7. In memoriam do escritor chileno Luis Sepúlveda, falecido de covid-19 no dia 16 p.p. – ele que foi um empenhado ativista ambiental e na luta contra as injustiças no mundo –, lembramos a sua obra marcada pelo humanismo e pelas causas que defendeu na primeira pessoa*. Vários dos seus livros integram a lista o Plano Nacional de Leitura, como História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, O velho que lia romances de amor, História de um caracol que descobriu a importância da lentidão, entre outras.
*cf. Luis Sepúlveda e o polícia culto + Luis Sepúlveda. “É preciso resistir ao processo que transforma revoluções em autocracias” + Luis Sepúlveda: “Todos os silêncios são cúmplices e têm uma quota parte de responsabilidade”
8. Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, destaque para o Almanaque da Língua Portuguesa (editora Guerra & Paz), de Marco Neves*, e para o glossário de termos associados ao coronavírus e à covid-19, organizado pelo Ciberdúvidas**.
* O programa Língua de Todos é difundido a 17 de abril, pelas 13h20 e é repetido no sábado, dia 18 de abril, depois do noticiário das 09h00; e o **Páginas de Português é emitido a 19 de abril, pelas 12h30 e tem repetição no sábado, dia 25 de abril, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.
1. Entre os muitos termos que se tornaram correntes no contexto da pandemia de covid-19, há a denominação de uma peça que se tornou parte da indumentária quotidiana de milhões de pessoas: máscara. Na rubrica O nosso idioma, um novo apontamento da linguista Carla Marques dá conta dos significados e da importância social e cultural de máscara, cujo campo semântico ganha nova dimensão com a experiência coletiva da presente crise sanitária mundial. Importa assinalar que esta é também uma das palavras listadas em "A covid-19 na língua", um glossário que, na mesma rubrica, tem tido repetidas atualizações ao longo das últimas semanas, acompanhando o desenrolar da situação (ver mais baixo o ponto 5, sobre). Novos termos averbados nesta atualização: crise sanitária, curva de contágio, drone pandémico, geolocalização, novo normal e área T – este último em homenagem à imunologista portuguesa Maria de Sousa (1939-2020), falecida em 14 de abril p. p.
2. No regresso às atualizações do Consultório, a sintaxe marca presença com duas questões: qual é o sujeito de «custou ao aluno entender a lição»? E podemos omitir o pronome neutro o na frase «não sei se o quero»? Outras perguntas: uma pessoa que faz armadilhas é um "armadilheiro"? O que é correto: «visitei a Bósnia e Herzegovina», ou «visitei a Bónia e a Herzegovina»? E diz-se «cópias pirata» ou «cópias piratas»?
3. Em Portugal, recomeçaram as aulas dos ensinos básico e secundário, sem atividades letivas presenciais, conforme a comunicação governamentalo de 9 de abril p.p. (cf. Abertura de 09/04/2020), agora reiterada pelo normativo legal que rege todo o 3.º período letivo, o Decreto-Lei n.º 14-G/2020, que inclui um novo calendário para os exames finais do ensino secundário. Apesar da ansiedade de alunos e pais neste arranque (ler notícia do Diário de Notícias de 14/04/2020), a partir de 20 de abril, recorde-se, faz-se frente ao cenário de pandemia com as sessões televisivas #EstudoEmCasa (na RTP Memória) numa iniciativa conjunta do Ministério da Educação e da RTP. Estas sessões vão estar também disponíveis no YouTube, em canal próprio – assista-se à apresentação:
4. Registem-se as repercussões do coronavírus nas universidades e a diversidade de meios digitais para o ensino à distância neste nível de ensino: "Covid-19 – ISCTE mantém aulas através de videoconferência e e-learning" (Jornal Económico, 16/03/2020); "Por agora não haverá aulas e a covid-19 não permite cenários" (Público, 07/04/2020); "Universidades: Covid-19 deixa professores e alunos separados por um ecrã" (Pessoas, 15/04/2020); "COVID-19: Como usar o Teams da Microsoft para aulas e reuniões online" (Pplware, 12/04/2020); "FCCN disponibiliza várias plataformas para ensino a distância" (Pplware, 13/04/2020). São também de mencionar as páginas de acesso a recursos digitais para reuniões à distância como o COLIBRI (Fundação para a Ciência e Tecnologia; também acessível pelo Instituto Superior Técnico).
5. Temas em destaque nos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa:
– No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 17 de abril, pelas 13h20*, entrevista-se o professor universitário e tradutor Marco Neves, que em janeiro do presente ano publicou mais um livro com o título sugestivo de Almanaque da Língua Portuguesa (editora Guerra & Paz).
– No programa Página de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 19 de abril, pelas 12h30*, a linguista e professora Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, fala sobre uma iniciativa destas páginas: o glossário de termos associados ao coronavírus e à covid-19, organizado do pelo Ciberdúvidas ao longo da presente crise sanitária.
6. Um destaque final, de pesar, pelo falecimento, neste dia, do escritor brasileiro Rubem Fonseca, Prémio Camões em 2003. Tinha 94 anos e não resistiu a um ataque cardíaco.
Cf. Rubem Fonseca escreveu primeiro livro aos 17 anos e foi um dos maiores autores brasileiros + O adjetivo bocalivrista + Rubem Fonseca: o narrador como atirador
1. Em Portugal foi já anunciado oficialmente que o início do 3.º período (previsto para o dia 14 de abril) terá lugar em casa e que os alunos até ao 10.º ano não regressarão à escola neste ano letivo, decisão que tem motivado o desenvolvimento de projetos de acompanhamento das aprendizagens dos alunos. Esta realidade tem levado a que, em termos linguísticos, surjam dúvidas sobre a correção da locução «a distância» que integra a expressão «ensino a distância» e figura no documento «Roteiro - 8 princípios orientadores para implementação do ensino a distância nas escolas». Assinale-se que a forma mais congruente com a tradição e funcionamento do português europeu é «à distância», isto é, com a contração "à". No entanto, aceita-se a forma «ensino a distância», dado ter estatuto científico próprio e ocorrer em usos institucionais (cf. Direção-Geral de Educação + Universidade Aberta)*. Entre os projetos divulgados, assinale-se o #Estudo em casa, com emissões asseguradas pela RTP Memória e destinadas a alunos até ao 9.º ano. A grelha de programação, entretanto divulgada, contempla aulas de 30 minutos, transmitidas entre as 9h00 e as 17h50 (hora de Portugal), que arrancam a partir do dia 20 de maio.
*A este propósito, recordamos algumas respostas e textos sobre o assunto publicados no Ciberdúvidas: «Ter razões para ser «à distância» (e não «a distância»)», «Breve história recente de «a distância»» e «À distância, e não à pressa».
Primeira imagem: ruas vazias em Portugal. Foto João Cortesão.
2. A covid-19 na língua continua a ter uma importância crucial nestes dias de confinamento centrados ainda no objetivo de controlar a propagação dos contágios.Os esforços e as ações da população direcionam-se para diferentes áreas da realidade e há diferentes domínios que vão emergindo com o desenrolar da situação. O Ciberdúvidas continua a acompanhar atentamente a evolução dos acontecimentos e, nesse sentido, a atualizar o seu léxico covid-19, esclarecendo o significado de termos, o contexto mais frequente de usos ou as realidades que convocam. Nesta nova atualização, destacamos os termos aerossóis, doente covid, ECMO, incubação, insuficiência respiratória, lares, países "frugais" (ou "forretas"), testes sorológicos, vírus sincicial respiratório e zona de risco.
3. A palavra confinamento passou a fazer parte do nosso quotidiano, tendo tido a capacidade de transformar a sua significação num facto real com o qual lidamos diariamente. Esta situação é comum a um cada vez maior número de cidadãos do mundo interior, pelo que a mesma palavra vai assumindo a sua centralidade em inúmeras línguas. Eis um breve apontamento relativo às palavras que alguns falantes de outras línguas usam para referir esta mesma realidade: encierro (espanhol), confinement (francês), lockdown (inglês), confinamento (italiano), Beschränkung (alemão), 禁闭 (jìnbì em chinês), περιορισμό (periorismó em grego) e 감금 (gamgeum em coreano).
4. A expressão «curva em V» é usada para referir um gráfico que mostra uma queda abrupta seguida de uma subida drástica. Aplica-se, portanto, a um gráfico cuja evolução tem uma aparência semelhante a essa letra. Para designar esta realidade, a melhor opção é a de usar a expressão que inclui o nome da letra «curva em vê» ou então a de usar expressões que indiquem que estamos a considerar o desenho da curva, como «em forma de V», com letra maiúscula e sem uso de aspas. Um conselho semelhante para o espanhol está divulgado na página da Fundéu BBVA (aqui).
5. A atividade dos rebocadores e a linguagem náutica associada são o tema central do episódio do magazine televisivo Cuidado com a Língua! que a RTP1 transmite na terça-feira, 14 de abril, às 14h30. Expressões, ditos e curiosidades abordados nesta emissão: porquê «bombordo» e porquê «estibordo»? E «andar à frente» e «andar à ré»? E a diferença entre «barco», «barca». «iate» e «cruzeiro? E a frase «deixar barco e redes» o que significa? E «arrear cabo»? Finalmente: o que se quer dizer, em São Tomé e Príncipe, com o provérbio «O mar enche e vaza»?
Recorde-se que a RTP está a repor a última e 10.ª série do Cuidado com a Língua! na RTP2, aos domingos, pelas 20h20, e na RTP1, às 14h30. O programa é repetido nos canais internacionais da televisão pública portuguesa.
6. O sucesso do combate em Portugal à pandemia covid-19 continuar a ser tema na imprensa internacional. Num artigo dedicado ao assunto, o jornal espanho El País considera que os portugueses são os «suecos do sul», atendendo ao sucesso da implementação das medidas que têm como resultado metade das morte da Suécia por milhão de habitantes (ver aqui).
7. As propostas de atividades para o isolamento continuam a surgir um pouco por todo o lado. Desta feita, as novas sugestões chegam da Cinemateca Portuguesa, que anunciou que vai reforçar os conteúdos disponíveis na sua página, contemplando também o público mais jovem e ensaios sobre cinema. Ainda no âmbito do cinema, estão também disponíveis produções da realizadora portuguesa Teresa Villaverde Cabral, algumas propostas culturais da plataforma Gerador e da Companhia de Teatro de Braga, que, no dia 16 de abril, transmite «As Bacantes», de Eurípides. Outras sugestões:
8. Informamos os nossos consulentes que o Consultório do Ciberdúvidas está de novo disponível, sendo as questões colocadas através do formulário disponível.
1. Com a renovação do estado de emergência em Portugal de modo a conter e debelar a pandemia de covid-19, é num clima de estranheza que decorre a Páscoa. Este ano, a celebração fica marcada por restrições especiais em reforço dos comportamentos de distanciamento social e confinamento, termos que, como tantos outros, eram até há poucos meses muito menos correntes. Assim, no glossário que constitui "A covid-19 na língua" e está disponível em O nosso idioma, continuam a registar-se novas entradas, a saber: anticorpos, a propósito da identificação da sua presença em pessoas já infetadas e da emissão de certificados de imunidade; especulação, em referência ao aumento de preços de alguns bens de acesso dificultado; gotículas, que denomina uma das formas de contágio pelo novo coronavírus; «linha da frente», expressão alusiva a todos os profissionais de saúde que arriscam a vida no combate contra a covid-19; reagentes, ou seja, os químicos usados nos testes à doença. Igualmente à volta do funesto tema da pandemia, tornam-se recorrentes certos usos nada recomendáveis: por exemplo, a prolação da palavra coronavírus como "kôrônavírus", que, em Portugal, deveria soar "kuronavírus"; ou, falando do número de infetados e mortos, a impropriedade «dezenas de milhar», em lugar de «dezenas de milhares».
Na imagem à esquerda, Última Ceia de Francisco Henriques (Fonte: MatrizNet).
2. Apesar de tudo, é Páscoa. Releia-se, portanto, uma antiga resposta sobre o compasso pascal, uma tradição de muitas localidades portuguesas que, por estes dias de quarentena, fica à espera de retoma no próximo ano. E, a propósito da Última Ceia, ou seja, a última refeição que juntou Cristo e os apóstolos na véspera da crucificação (a chamada Quinta-Feira Santa ou de Endoenças), na qual foi instituída a Eucaristia, leia-se a publicação do professor universitário e classicista Frederico Lourenço no Facebook, comparando os relatos dos quatro Evangelhos.
Recorde-se também que o regresso às atualizações do Consultório terá lugar a 15 de abril p. f. Até lá, fica desativado o acesso ao formulário para envio de perguntas, mas, para assuntos que não digam respeito a dúvidas linguísticas, mantêm-se disponíveis os contactos habituais. E, como sempre, temas da atualidade ficarão devidamente assinalados nos Destaques e na nossa página do Facebook.
3. Ainda sobre a crise da covid-12, refira-se que, neste dia, o Governo português anunciou a sua decisão relativamente à continuidade do presente ano letivo no ensino básico e secundário: até ao 10.º ano, retomam-se as atividades em 14/04/2020, mas mantém-se o regime de ensino à distância, havendo para alunos até ao 9.º ano o complemento de emissões televisivas por cabo, satélite e TDT na RTP Memória, a partir de 20 de abril; os alunos do 11.º e do 12.º podem eventualmente voltar a ter aulas presenciais, ficando os exames do secundário adiados para julho para possibilitar a extensão das aulas até 26 de Junho. Saliente-se que a emissão televisiva de conteúdos pedagógicos tem uma precursora na antiga Telescola, que funcionou entre 1965 e 1987 e possibilitou a a milhares de alunos portugueses completarem o ensino do quinto e sexto anos de escolaridade. Sobre esta experiência, transcreve-se com a devida vénia, na rubrica Ensino, o artigo de opinião que o economista e professor universitário José Reis assinou no jornal Público, no dia 8 de abril de 2020.
4. Apesar do cenário de paralisação de muitas atividades imposto pela covid-19, a promoção da língua portuguesa no estrangeiro busca estratégias alternativas para se concretizar. Um exemplo vindo de Espanha, tão flagelada pela pandemia: o da XVI Maratona de Leitura em Língua Portuguesa, que a Universidade da Estremadura, em Cáceres, adiou para nova data, a 5 de maio p. f., coincidindo, portanto, com o Dia Internacional da Língua Portuguesa. Este evento vai ter lugar em formato exclusivamente virtual, nas redes sociais (consultar o programa aqui).
5. Como sugestão para uma programa cultural sem sair de casa, registe-se o canal em linha Studio Casa, que a Casa da Arquitetura (Matosinhos) lançou para transmitir entrevistas realizadas em 2019 a arquitetos, artistas e outros convidados. No mesmo canal, disponibiliza-se ainda uma visita virtual a 360º aos espaços da Casa da Arquitetura e à exposição “Souto de Moura – Memória, Projectos, Obras” (ler aqui).
6. A calçada portuguesa como expressão de arte urbana tem abundante vocabulário técnico associado. Este é o tema que, entre curiosidades e breves apontamentos sobre dificuldades da língua, dá o mote ao magazine televisivo Cuidado com a Língua!, no episódio que vai para o ar no domingo de Páscoa, 12 de abril, na RTP2, pelas 20h20. Recorde-se que a RTP está a repor a última e 10.ª série do programa igualmente na RTP1, às 14h30*.
*Com repetição nos canais intenacionais da televisão pública portuguesa.
7. Nesta semana que finda, os programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa centram-se nos seguintes temas:
– O programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 10 de abril, pelas 13h20**, é dedicado ao papel dos mediadores da leitura, entrevistando-se Andreia Brites, que exerce essas função e responde a perguntas como «o que é uma mediadora de leitura?» e «textos, livros, temas – a quem propor o que escolher?».
– No programa Página de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 12 de abril, pelas 12h30**, Carlos Ascenso André, professor do Instituto Politécnico de Macau, fala do papel que a língua portuguesa tem desempenhado em Macau, desde que este território transitou para a china há 20 anos.
** O programa Língua de Todos é repetido no sábado, dia 11 de abril, depois do noticiário das 09h00; e o Páginas de Português tem repetição no sábado, dia 18 de abril, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.
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