Ambos os constituintes desempenham a função de complemento oblíquo.
A presença de complemento oblíquo é definida pela natureza do verbo que seleciona esse argumento. Note-se que há situações que em o complemento oblíquo pode ser elidido da frase sem comprometer a sua gramaticalidade porque é recuperável pelo contexto ou porque o verbo permite optar por uma formulação mais genérica.
Nos casos apresentados, a forma mais eficaz de identificar as funções desempenhadas pelos constituintes que acompanham os verbos é a realização de testes de natureza sintática. Entre estes, utilizarei dois: o teste pergunta-resposta (ver também esta resposta) e o teste da clivagem (ver esta resposta). Ambos pretendem verificar se é possível afastar o constituinte do verbo ou se este afastamento determina uma construção agramatical .
(i) Teste pergunta-resposta:
(1) P: «O que é que o julgamento das personagens fez por várias cenas?»
R: «*Prolongou-se.»
P: «O que é que o julgamento das personagens fez?»
R: «Prolongou-se por várias cenas.»
(2) P: «O que é que os cavaleiros fizeram da guerra?»
R: «*Chegaram.»
P: «O que é que os cavaleiros fizeram?»
R: «Chegaram da guerra.»
(ii) Teste de clivagem:
(3) «É prolongar-se por várias cenas que o julgamento faz?»
«*É prolongar-se que o julgamento faz por várias cenas?»
(4) «É chegar da guerra que os cavaleiros fazem?»
«*É chegar que os cavaleiros fazem da guerra?»
Os testes mostram que em ambas as situações o verbo mantém uma relação estreita com o sintagma preposicional que o acompanha, não sendo possível o afastamento destes constituintes.
Conclui-se, assim, que o verbo prolongar-se seleciona um argumento que indica a quantidade de tempo do evento, enquanto o verbo chegar seleciona um argumento que indica o lugar de origem da situação descrita. Ambos os constituintes selecionados pelos verbos têm, portanto, a função de complemento oblíquo.
Disponha sempre!