1. Alguns nomes zoológicos ou botânicos, como baleia-de-bryde, adotam na sua formação o nome de quem descobriu a espécie ou a estudou. Este processo suscita, no entanto, uma dúvida: este mesmo nome próprio, normalmente um apelido, deverá continuar a ser grafado em maiúscula no interior da nova palavra? No Consultório, pode ainda consultar respostas no âmbito da sintaxe: as preposições "atípicas", como menos, obrigam à forma oblíqua do pronome? E em «estar mal da cabeça», qual a função do sintagma preposicional? Por fim, uma resposta relacionada com a forma da interjeição ó (ou ô) e com a necessidade de vírgula quando colocado à cabeça de um vocativo.
2. A covid-19 na língua, um projeto desenvolvido pelo Ciberdúvidas desde o início da crise sanitária, cresceu em consonância com o dinamismo lexical que a língua tem acusado e que tem marcado este período das nossas vidas. Por essa razão, para facilitar o acesso ao seu conteúdo, o glossário encontra-se agora organizado por entradas alfabéticas, que correspondem a ficheiros independentes. Para efetuar uma consulta, basta clicar, no documento principal, na letra que inicia cada palavra ou expressão. Para além do já longo repertório que se guarda para memória futura, o documento inclui as seguintes novas entradas: «Abraços (e beijos) virtuais», «à porta fechada», calamidade, confinante, «economia virtual», «economia zombie», «etiqueta respiratória», «geração da pandemia», metáforas, «momento Hamilton», nanovacina, «nova vida», paliar, precariado, reconfinamento, retoma e «síndrome da cabana», supercontagiadores e «trabalhadores itinerantes».
3. O dinamismo lexical motivado pela covid-19 é também tema do apontamento «A criatividade lexical de uma pandemia», da professora universitária Luísa Ribeiro Ferreira, publicado originalmente na plataforma 7 margens. Um texto que explora novos significados e expressões, como «equipamento de proteção» ou «higienização das mãos», que dizem a nova realidade que vivemos.
4. À volta da língua e da sua diversidade motivada pela variação temporal, geográfica e contextual encontra-se a crónica da professora Margarita Correia, que, congratulando-se com a riqueza desta nossa língua, não deixa de lembrar que é urgente saber como integrar esta visão de uma língua internacional e pluricêntica no ensino e, no âmbito político, Recorda que é fundamental passar a tratar estas questões «com abertura, clareza, conhecimento e honestidade e que medidas venham a ser tomadas com fundamentação e inteligência» (texto publicado no Diário de Notícias, aqui transcrito com a devida vénia).
5. Os maus-tratos infligidos ao português motivam um apontamento da professora Arlinda Mártires, divulgado na rubrica Pelourinho, onde analisa algumas "pérolas" oferecidas por programas televisivos aos seus espetadores. É o caso da expressão «ouvidos de "marcador"» ou da conjugação do verbo manter no pretérito perfeito do indicativo, com a forma "manteu".
6. A origem da palavra água é o tema da crónica divulgada pelo professor e tradutor Marco Neves, que identifica o termo em várias línguas europeias, indo, de seguida, até ao latim e daí até à forma proto-itálica e, mais distante ainda, à forma proto-indo-europeia.Um percurso que, no entanto, dificilmente se poderá continuar em busca de palavras mais antigas, o que leva o autor a concluir que será uma «quimera tentar descobrir as primeiras palavras humanas» (texto divulgado originalmente no blogue do autor Certas Palavras).
7. A probabilidade de o ensino à distância se manter durante o próximo ano letivo como medida complementar é, segundo a investigadora e historiadora Raquel Varela, uma catástrofe anunciada. Na sua ótica, o que se promove é a automação da educação, que vem resolver o problema da falta de professores, mas terá sérias consequências pessoais para todos os envolvidos no processo, para além de promover uma aprendizagem deficiente (apontamento divulgado no blogue da autora).
8. Na literatura mundial, o tema da pandemia com as suas consequências devastadoras é tratado por diferentes autores com abordagens muito distintas. Numa altura em que a pandemia passou da ficção à realidade, obras desta natureza tornam-se muito apetecíveis. Neste contexto, a professora universitária Lilia Schwarcz recorda um conjunto de obras fundamentais, como O Alienista, de Machado de Assis, A Peste, de Albert Camus, Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago ou O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel García Márquez (artigo divulgado no jornal Nexo).
9. De Bragança, chega-nos a notícia de que a construção do Museu da Língua Portuguesa terá início no próximo mês de novembro, com uma conclusão estimada para 2022 (notícia).
10. Os programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa tratam esta semana uma mesma personalidade: a escritora, recentemente falecida, Maria Velho da Costa, recordada num depoimento do professor António Cabrita*, da Universidade Eduardo Mondlane e das professoras universitárias Ana Luísa Amaral (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) e Helena Buescu** (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) (notícia aqui).
* No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 29 de maio, pelas 13h20*, com repetição no sábado, dia 30 de maio, depois do noticiário das 09h00.
** No programa Página de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 31 de maio, pelas 12h30*, com repetição no sábado, dia 6 de junho, às 15h30.
Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.