A conjunção e é, do ponto de vista da pertença a uma classe gramatical, uma conjunção coordenativa copulativa. Quando coordena dois constituintes, esta conjunção atribui ao nexo criado um determinado valor. Esta é uma perspetiva semântico-pragmática que tem sido descrita por diferentes trabalhos na área da linguística e foi também tratada por diferentes gramáticos.
A título de exemplo, Inês Duarte aborda esta questão no âmbito do tratamento dos processos de coesão interfrásica, enumerando vários valores da conexão assegurada por e: listagem enumerativa, listagem aditiva, confirmação, sequência temporal, contraste concessivo, contraste antitético, disjunção e inferência (cf. in Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, pp. 97-98).
Já Matos e Raposo apresentam os seguintes valores semânticos da coordenação copulativa: aditivo, adversativo, conclusivo, condicional e de sequencialidade temporal (cf. Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1787-1794).
Em síntese, e respondendo às questões colocadas, fica claro que os valores semânticos são considerados pelos gramáticos. Existem diversos valores que poderão ser identificados, como se confirma pelas propostas enunciadas atrás1.
Relativamente ao valor condicional, é um facto que as orações copulativas com a conjunção e podem expressar um valor de condição, como se exemplifica em (1):
(1) «Não trabalhas, e fico zangado!»
Esta frase é equivalente a «Se não trabalhas, fico zangado», o que permite falar da expressão de um valor de condicionalidade em frases copulativas com estas características. Este mesmo valor está presenta na frase A., apresentada pelo consulente.
Em nome do Ciberdúvidas, agradeço as gentis palavras que nos endereça.
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1. Veja-se ainda "A multifuncionalidade do conector e", de Eduardo Penhavel.