Se por substantivo biforme se entender aquele que apresenta duas formas, uma para o feminino e outra para o masculino, que partilham o mesmo radical – «o gato», «a gata» –, e por substantivo uniforme, aquele que apresenta uma única forma para os dois géneros – «o artista», «a artista» –, percebemos que não podemos classificar padre como sendo substantivo biforme ou uniforme.
Devemos ter em consideração, neste caso, que padre é um cargo ocupado somente por homens, pelo menos, no contexto da igreja católica; e, em contraste com outros cargos, o feminino não se faz alterando somente o artigo que o antecede (não se diz «a padre»). Podemos aqui argumentar que o feminino de padre é madre, o que é uma verdade, mas não podemos esquecer que se trata de vocábulos de sentidos diferentes, pois ambas as pessoas exercem funções distintas.
Mesmo assim, supondo que a pergunta alude, de alguma forma, à reivindicação de abrir às mulheres o sacerdócio, observa-se o ensaio das soluções como «mulher padre» e «padre mulher»1. Trata-se de meras opções, ainda sem uso estável.
1 Cf. jornal brasileiro O Tempo, 04/08/08. A segunda forma poderá hifenizar-se: "padre-mulher", à semelhança de casos em que mulher ocorre em «composições eventuais, ligando-se por hífen à primeira palavra: gerente-mulher, tenente-mulher, anestesista-mulher etc.? (Dicionário Houaiss, s. v. mulher).