A propósito de hostel, palavra de origem inglesa, recorde-se que se tornou corrente no vocabulário hoteleiro (ler aqui e aqui) e até já está dicionarizada, embora como estrangeirismo (cf. Dicionário Infopédia e Dicionário Priberam).
A primeira adaptação tendente ao aportuguesamento começa pela pronúncia, como é de esperar (cf. o estudo de Tiago Freitas, Maria Celeste Ramilo e Elisabete Soalheiro, «O processo de integração dos estrangeirismos no português europeu», e a resposta de Pedro Mateus no Ciberdúvidas). E, apesar das oscilações na marcação da sílaba tónica – recomendar-se-ia como palavra aguda (oxítona), mas não é impossível "hóstel", de acordo com a prosódia inglesa –, o toque nacionalizante produz em Portugal o típico s chiado.
Quanto ao plural, limitando a dúvida ao singular recomendado, hostel, como se forma ele? "Hostéis" ou "hosteles"? Seria de esperar a primeira, que é regular, mas o condicionamento da forma inglesa pluralizada, hostels, é capaz de levar os falantes a formar "hosteles", um pouco como acontece com a conhecida oscilação do plural de gel, que admite duas formas: géis e geles. O que é, então, mais correto?
Pode aqui reforçar-se a recomendação de hostel e do seu plural hostéis, mas, reconhecendo que este último é suscetível de se confundir com hotéis, muito dependerá igualmente do uso que alcançar maior estabilidade. O que em português não se aceita é a grafia "hostels", a qual, sendo estrangeira, tem toda a conveniência de figurar em itálico ou entre aspas (observar o emprego de "hostels" em "Adote um hostel: a campanha internacional para salvar a indústria do colapso", notícia de Sapo Viagens, 05/05/2020).