O adjunto adverbial de assunto ou matéria tratada é, de acordo com Bechara, introduzido pelas preposições de, em ou sobre, ou pelas locuções prepositivas «acerca de», «a respeito de», «em torno de» e equivalentes (cf. Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Lucerna, p. 370). Em (1), o constituinte «sobre Luís de Camões» é adjunto adverbial de assunto ou, no contexto escolar português, complemento oblíquo:
(1) «Ele conversa sobre Luís de Camões.»
Este adjunto/complemento em particular caracteriza-se por ser um argumento do verbo e por não poder ser retirado da frase sob pena de agramaticalidade1.
De igual modo, o objeto indireto /complemento indireto é um argumento do verbo e não pode ser eliminado da frase. Todavia, o constituinte com esta função sintática caracteriza-se pelo facto de ser substituível pelo pronome átono -lhe, como acontece em (2):
(2) «Ele escreveu à Maria.» = «Ele escreveu-lhe.»
Esta substituição não é possível com o constituinte com função de adjunto adverbial / complemento oblíquo, como se verifica pela agramaticalidade de (3):
(3) «Ele fala de gramática.» = «*Ele fala-lhe.»
Disponha sempre!
*Assinala a impossibilidade de substituição do constituinte pelo pronome -lhe.
1. Note-se que não existe uma equivalência total entre o adjunto adverbial e o complemento oblíquo. Vejam-se estes exemplos de adjuntos adverbiais apresentados por Bechara, que, no contexto do ensino em Portugal, correspondem a constituintes com a função sintática de modificadores do grupo verbal (e não de complemento oblíquo): «Fechou a porta com a chave.», «A assistência ria às bandeiras despregadas.» (cf. Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Lucerna, pp. 362 – 368).