O uso em questão está correto.
O artigo indefinido ocorre correntemente a preceder um nome («uma imoralidade/desumanidade») numa frase exclamativa, eventualmente com um adjetivo («imensa«) ou uma locução equivalente («sem tamanho») que denotem uma característica excecional. Trata-se de uma construção de intensificação referida por Celso Cunha e Lindley Cintra, na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições Sá da Costa, 1984, p. 240;mantiveram-se a ortografia e os sublinhados originais):
«O artigo indefinido aparece com acentuado valor intensivo em certas frases da linguagem coloquial caracterizadas por uma entoação particular:
Ela é de uma candura!...
Tens umas ideias!...
A suspensão final da voz faz subentender um adjectivo denotador de qualidade ou defeito de carácter excepcional. Equivale a dizer-se:
Ela é de uma candura admirável (ou comovente).
Tens umas ideias estapafúrdias (ou óptimas). [...]»