Agradecem-se as palavras de apreço da consulente.
Os nomes zoológicos e botânicos compostos escrevem-se com hífenes, e os nomes próprios neles incluídos grafam-se com minúscula inicial:
(1) baleia-de-bico-de-cuvier ou baleia-bicuda-de-cuvier1
(2) baleia-de-bryde2
Estas grafias são válidas tanto à luz do atual acordo como no âmbito da norma anterior (a de 1945). No entanto, há uma diferença quanto às regras donde decorrem:
– Com efeito, na atual norma, que é a do Acordo Ortográfico de 1990, não se explicita uma regra, mas da leitura do n.º 3 da Base XV, que determina a hifenização de compostos que denotam espécies botânicas e zoológicas, depreende-se que tais nomes próprios se escrevem com inicial minúscula, porque a exemplificação inclui dois desses casos: bênção-de-deus, fava-de-santo-inácio.
– Na norma de 1945, em vigorou em Portugal até 2015, não se declarava que, com compostos deste tipo, era obrigatório o hífen, parecendo assim que se abria a possibilidade de alguns nomes zoológicos e botânicos se escreverem sem hífen e, portanto, poderem incluir nomes próprios com maiúscula. Contudo, o texto da norma de 1945, inclui exemplos como erva-de-santa-maria, rainha-cláudia e rosa-do-japão, os quais, além de hifenizados, exibem nomes próprios com minúscula inicial.
Em suma, atualmente os nomes compostos que denotam espécies zoológicas e botânicas escrevem-se sempre com hífen, o que obriga a que os nomes próprios que os integrarem ocorram sempre com minúscula inicial. No passado, a situação não era tão clara, mas, se os nomes fossem hifenizados, teriam de apresentar eventuais nomes próprios com minúscula inicial.
1 Não foi possível atestar baleia-de-bico-de-cuvier, apesar de bem formada, mas o Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa regista baleia-bicuda-de-cuvier.
2 Baleia-de-bryde é a forma atestada pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa.