DÚVIDAS

As orações subordinadas substantivas e adjetivas

Ando no 10.º ano e estou a dar (e já dei) a subordinação. Aquelas mais simples, como as orações subordinadas temporais, causais, finais, condicionais, dentro das adverbiais, identifico bem e não tenho problemas. Mas existem também as orações subordinadas substantivas e adjectivas, e é aí que misturo tudo. Todas têm o que, e é-me muito difícil distingui-las, por vezes. Necessitava de uma explicação simples e boa, que me ajudasse a perceber de vez esta matéria. Pedia também um esclarecimento acerca das formas não finitas das orações, quando se usam, etc.

Muito obrigada.

Resposta

Começo por fazer uma breve caracterização das orações substantivas e adjetivas.

As orações subordinadas substantivas desempenham as funções típicas dos nomes (função de sujeito, complemento direto, indireto, etc.). Tradicionalmente designadas integrantes, subdividem-se em:

— Orações subordinadas completivas verbais (completam o sentido de um verbo)

«O João julga que vai receber o prémio

— Orações subordinadas completivas nominais (completam o sentido de um nome)

«O João tem a certeza de que vai receber o prémio

— Orações subordinadas completivas adjetivais (completam o sentido de um adjetivo)

«O João está convencido de que vai receber o prémio

As orações subordinadas adjetivas desempenham as funções típicas dos adjetivos. Podem ser relativas ou gerundivas.

Designam-se relativas por se construírem com subordinadores relativos (pronomes ou advérbios), os quais implicam uma relação de co-referência com um antecedente de que dependem.

Assim, por exemplo, na frase:

«Os documentos que estão na pasta são para fotocopiar.»

O pronome relativo que implica uma relação de co-referência com o grupo nominal «os documentos», o qual funciona como antecedente daquele. Subjacente à oração relativa que «estão na pasta» está, pois, a oração «os documentos são para fotocopiar». O pronome relativo que substitui, por conseguinte, esta segunda ocorrência do grupo nominal «os documentos».

As orações relativas subdividem-se em:

— Orações subordinadas relativas restritivas — São orações introduzidas pelo pronome relativo que e têm por função delimitar o universo de seres representado pelo nome que antecede o relativo. Nunca podem ser separadas por vírgulas:

«Os alunos que tiverem boa nota receberão uma bolsa de mérito.»

— Orações subordinadas relativas explicativas — São orações introduzidas pelo pronome relativo que e têm por função fornecer um esclarecimento adicional acerca do nome que antecede o relativo. São sempre separadas por vírgulas:

«O João, que é o melhor aluno da turma, recebeu uma bolsa de mérito.»

As orações relativas confundem-se muitas vezes com as completivas nominais, uma vez que o articulador é aparentemente igual — o morfema que, antecedido de um nome.

Há, contudo, algumas diferenças que nos permitem distingui-las. Observem-se as seguintes frases:

a) «A mulher apanhou as crianças que tocaram à campainha

b) «A mulher tem a certeza de que tocaram à campainha

A oração sublinhada na frase a) é uma oração subordinada relativa restritiva, ao passo que a oração sublinhada na frase b) é uma subordinada completiva nominal.

Eis as principais diferenças entre ambas:

1. A relativa é introduzida por um pronome relativo — que (ou quem ou o/a qual, os/as quais); a completiva é introduzida por uma conjunção integrante — que (ou se) e completa o sentido de um nome, daí também a designação integrante (integra algo).

2. O morfema que que introduz a relativa desempenha uma função sintática, é quase sempre antecedido de um nome ou grupo nominal [+ concreto] e pode ser substituído por o/a qual, os/as quais (ex.: «A mulher apanhou as crianças, as quais tocaram à campainha»);

o morfema que que introduz a completiva não desempenha nenhuma função sintática, é quase sempre antecedido de um nome ou grupo nominal [+ abstracto] e não pode ser substituído por o/a qual, os/as quais (ex.: ?? «A mulher tem a certeza de as quais tocaram à campainha»).

3. A relativa é opcional, ou seja, pode ser omitida sem que a frase fique agramatical (ex.: «A mulher apanhou as crianças»); a completiva é obrigatória, pelo que a sua omissão gera agramaticalidade (ex.: ?? «A mulher tem a certeza de»).

Para uma classificação mais completa das orações subordinadas, nomeadamente a distinção entre finitas e não finitas, sugerimos que consulte uma gramática.

Disponha sempre!

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa