As dúvidas que coloca advêm da utilização simultânea de classificações dos textos que nascem de distintas perspetivas teóricas.
Antes de mais uma classificação de textos baseada em determinados critérios designa-se tipologia e as classes de textos que se organizam no seu interior denominam-se tipos (de texto). Há, portanto, tipologias textuais distintas propostas por diferentes autores.
Uma das tipologias que estruturou o ensino básico e secundário durante muito tempo foi a tipologia dos modos literários, que tem as suas raízes em Platão e Aristóteles. Esta tipologia integra três modos: o lírico, o dramático e o narrativo. Como refere Paulo Silva, «o critério em que assenta [esta tipologia] radica nos enunciadores do texto, que podem ser ou o autor, ou o autor e as personagens, ou as personagens» (in Tipologias textuais. Almedina, p. 41)1
A classificação dos textos em géneros discursivos é outra possibilidade de classificação dos textos, ou seja, é uma outra tipologia que assenta num critério diferente, o das áreas de atividades socioprofissionais que envolvem os textos, considerando ainda os objetivos que envolvem. Por exemplo, o contexto socioprofissional escolar conta com vários géneros textuais típicos, como a composição, o comentário, a exposição, a resposta a questões, só para citar alguns.
Concluímos, deste modo, que em contexto escolar é importante que se opte por uma visão coerente da realidade textual, evitando convocar em simultâneo abordagens distintas, que assentam em visões particulares da realidade e em critérios específicos de análise, pois essa opção apenas tornará a abordagem teórico-didática confusa e oscilante.
Disponha sempre!
1. Não sendo possível aqui desenvolver uma apresentação aprofundada da questão colocada pela consulente, sugerimos a leitura da obra de síntese que aborda esta questão: Paulo Nunes da Silva, Tipologias textuais. Como classificar textos e sequências. Coimbra, Almedina/Celga, 2012.