Longe vão os festejos de Natal e nos dias que se seguem, no novo ano de 2019, recordam-se os bons momentos passados à mesa, muitas vezes com um copo de vinho, por exemplo, um porto. Mas, olhando para certas garrafas, leem-se rótulos capazes de lhes azedar o conteúdo… e o prestígio. O caso de uma marca comercializada na República Checa é exemplar.
No texto, falha a inserção do segundo parágrafo, uma longa e desgarrada expressão nominal: «O sabor a amêndoas e nozes, assim como um aroma complexo de frutos frescos e de compota que caracterizam a sua evolução durante, no mínimo, 6 anos em pipas de carvalho.» Seria de esperar mais um verbo nessa sequência para situar a descrição de tão louváveis sabor e aroma, nem que fosse num plano abstrato, intemporal: «O sabor a amêndoas e nozes conjuga-se com um aroma, etc». Solução alternativa seria suprimir o pronome que: «O sabor a amêndoas e nozes, assim como um aroma complexo de frutos frescos e de compota caracterizam a sua evolução durante, no mínimo, 6 anos em pipas de carvalho.» Outras formulações seriam possíveis – menos a adotada.
Da referência à temperatura para servir o néctar duriense transparece também desleixo, desta vez, gráfico. Com efeito, se se serve fresco, não é a 10oC, mas, sim, a 10 oC, porque se deixa um espaço entre o valor da unidade (em graus Celsius) e o símbolo dela, oC (com o o em expoente junto do C; leia-se “Unidades maltratadas” /artigos/rubricas/idioma/unidades-maltratadas/3259, de Guilherme de Almeida). Pela mesma razão, o valor da temperatura ambiente será de 16 oC, e não 16oC.
Rematando, a comercialização de produtos, dentro ou fora da União Europeia, não dispensa ninguém de cuidar da escrita promocional na língua (ou línguas) do país exportador. Sobretudo, quando o que se vende leva um nome próprio bem vernáculo – Porto.