As orações subordinadas causais expressam uma causa de re, ou seja, assentam numa relação de causa-consequência que expressa a causalidade tal como a conhecemos no mundo real, independentemente de estarmos a falar de factos ou de possibilidades. Assim, as frases seguintes incluem orações subordinadas causais porque expressam esta relação causal extraída do nosso conhecimento do mundo real:
(1) «O João passou no exame porque estudou.» (estudar é a causa que tem como consequência «passar no exame»)
(2) «O Rui partiu a perna porque caiu.» (cair é a causa que tem como consequência «partir a perna»)
(3) «O José fez-me este favor porque é simpático.» («ser simpático» é a causa que tem como consequência «fazer um favor»)
No caso da coordenação explicativa, estamos em presença de uma causa de dicto, ou seja, um processo linguístico que permite com um enunciado justificar uma afirmação feita anteriormente:
(4) «Está alguém em casa, que eu vejo luz.» (eu justifico a minha afirmação de que «está alguém em casa» através de outra afirmação: «estou a ver luz»)
Note-se que, no caso das coordenadas explicativas, não é possível extrair uma relação de causa real, ou seja, na frase (4), não é o facto de se ver luz numa casa que faz com que esteja alguém nessa casa. No fundo, as coordenadas explicativas são pequenos textos argumentativos organizados da seguinte forma: «Eu defendo x e eu provo x com o argumento y» ou «Eu digo x porque y». Por estas razões, a oração coordenada explicativa pode também ser utilizada como justificação de um enunciado que apresente uma ordem ou um conselho:
(5) Levanta-te, que eu estou a mandar!
Relativamente à frase que apresenta, sem outro contexto que possa invalidar esta minha interpretação, considero que inclui uma oração subordinada adverbial causal, dado que, de acordo com o nosso conhecimento do mundo, «estar frio» é uma causa real que pode ter como consequência «não ir a algum lado».
Disponha sempre!