Os complementos do nome são sempre introduzidos por uma preposição (à exceção dos complementos que assumem a forma de determinantes possessivos).
A preposição de é a que mais frequentemente é utilizada para assegurar a ligação do complemento do nome ao nome que determina. Esta situação deve-se ao facto de a preposição de ser a mais gramaticalizada das preposições, «o que lhe permite ocorrer em construções que expressam um leque variadíssimo de valores semânticos, recuperáveis a partir do sentido geral da expressão e/ou com base em informação contextual» (Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1052).
Não obstante, é possível assinalar a presença de outras preposições em diversas situações. Enumero aqui algumas sem pretender ser exaustiva:
(i) Nomes deverbais que mantêm a preposição regida pelo verbo do qual derivam:
(1) «Ele interessou-se pelo cinema.» = «O interesse pelo cinema»
(2) «Chegaram a casa.» = «A chegada a casa»
(ii) Nominalizações feitas a partir de uma frase passiva:
(3) «A máquina foi inventada pelo João.» = «A invenção (da máquina) pelo João»
(iii) Nominalizações com verbos de atitude subjetivos (adorar, amar, respeitar) constroem-se com a preposição por (cf. Id., ibid., p. 1055):
(4) «A adoração pela culinária»
(5) «O respeito pelo saber»
(iv) Nominalizações acompanhadas por argumentos que tenham o valor semântico de paciente afetado constroem-.se com a preposição a (cf. Id., ibid., p. 1055):
(6) «Ele ameaçou o rapaz.» = «A ameaça ao rapaz»
(v) Nome com valor de assunto constrói-se com a preposição sobre (cf. Id., ibid., p. 1064):
(7) «Um filme sobre a 2.ª Guerra Mundial»
Através destes exemplos/situações é possível concluir que, com efeito, o complemento do nome pode ser introduzido por outras preposições que não o de, como, aliás, as frases apresentadas pela consulente também comprovam.
O Ciberdúvidas agradece as gentis palavras que lhe endereça.