1. O significado dos versos tradicionais «Antão era moleiro, fazia anzóis e pescava caracóis» motiva uma incursão no campo das expressões depreciativas que verbalizam rivalidades ou conflitos, na nova atualização do Consultório. Assinalamos também uma dúvida que convoca a evolução do tratamento das subclasses do advérbio em contexto escolar, desde a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS) ao Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Básico, passando pelo Dicionário Terminológico. Ainda a subclasse do verbo ser numa frase passiva e a função sintática na frase passiva de um constituinte com função de predicativo do complemento direto numa frase ativa. No plano ortográfico, a dúvida na aplicação das regras do hífen motiva a hesitação entre editor-executivo e editor executivo. Por fim, adotando uma perspetiva histórica, esclarece-se a relação entre os sufixos de flexão no futuro -emos e -eis e as formas verbais havemos e haveis.
2. Na rubrica O Nosso Idioma, Marcos Neves, tradutor e professor universitário, guia-nos ao longo do percurso evolutivo das palavras pai e filho. Esta "viagem" permite uma reflexão em torno do processo de mudança linguística, que tem lugar em todas as línguas vivas, fruto da ação dos falantes, num processo que é «visível apenas quando olhamos para trás, para os séculos, e percebemos as diferenças nas fotografias tiradas no momento do registo escrito das palavras». A mudança desencadeada pela dinâmica dos usos da língua ocorre independentemente da norma, que «não é um travão a fundo. A língua continua a mudar — e, com ela, a norma».
3. Na rubrica Controvérsias, um artigo de autoria do jornalista Patrick Rocha, originalmente publicado no jornal Público, no qual o autor defende o uso do vós face ao uso dominante de vocês, recusando a explicação de que o pronome se encontra em desuso.
A problemática da evolução linguística do sistema pronominal português tem marcado a sua presença no Ciberdúvidas, tanto em crónicas como Até que o vós me doa e Vós, que navegais como no Consultório, em questões como «Vós ou vocês?», «Vós e tu» e «Vós/lhes».
1. No consultório, pergunta-se se «com as mãos a abanar» é melhor do que «de mãos a abanar». De uma maneira ou de outra, é preciso é ficar com resposta, e a presente atualização ainda deixa mais quatro – às seguintes questões: como escrever os números numa ata? Como se analisam sintaticamente expressões como «homenagem a alguém» e «não dormi muito bem»? É correta a expressão «facto probando»?
2. Na rubrica Pelourinho, um apontamento intitulado "Uma notícia cheia de pecadilhos... evitáveis", da autoria de Sara Mourato, evidencia como certos textos disponíveis na Internet carecem de uma revisão atenta, a ponto de a falta de qualidade linguística afetar a própria coerência do conteúdo noticioso.
3. Continuando a acompanhar o que se publica na Internet, em língua portuguesa e a respeito dela, mencione-se outro texto assinado pelo tradutor Marco Neves (blogue Certas Palavras, 5/11/2018), com o título "Quem tem medo do sotaque do Norte". Acerca de uma atitude linguística que parece perdurar em Portugal, considera o autor que «há ainda quem acredite que os sotaques diferentes do sotaque lisboeta são formas incorrectas de falar – segundo esta teoria, o português é bem falado em determinada cidade (a localização exacta de tal centro da perfeição linguística varia de caso para caso) e é maltratado nas outras regiões.» E acrescenta: «[...] no entanto, os sotaques não ganham prestígio por serem mais perfeitos ou genuínos, mas por serem usados nos centros de poder. Estivesse a capital no Norte do país e a troca do «v» pelo «b» seria obrigatória em situações formais.»
4. Recorde-se que, no programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 9 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 10/11), o tema em foco é III Congresso Internacional de Cultura Lusófona Contemporânea. O programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 11 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 10/11, às 15h30), vira-se para norte, e vai até à Galiza**, para dar relevo ao projeto Universo Cantigas, coordenado por Manuel Ferreiro, professor da Faculdade de Filologia da Universidade da Corunha, com a finalidade de fazer a edição crítica digital da lírica profana galego-portuguesa (disponível no mesmo site e também aqui).
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
** Sobre a situação linguística da Galiza, vejam-se os vídeos em que o professor Eduardo Maragoto (Associação Galega da Língua) explica ao público português o que é o galego – aqui e aqui.
1. O empobrecimento da língua condicionado por fenómenos similares ao da plurissignificação do verbo meter motiva a reflexão apresentada pela professora e linguista Carla Marques, na rubrica O Nosso Idioma, num texto onde reúne e analisa exemplos de uso do verbo na conversação quotidiana que nos mostram o esforço interpretativo que este implica. Ainda nesta rubrica, uma síntese da entrevista do jornal El Mundo a Salvador Gutiérrez Ordóñez, linguista, responsável pela secção "Español al día", da Real Academia Espanhola, e membro do Conselho para a Fundação do Espanhol Urgente (Fundéu BBVA), onde se aborda a questão da linguagem inclusiva, que o linguista considera que não irá vingar, dada a pressão da economia linguística nos usos quotidianos. Discute-se, também, o papel de uma Comissão da Real Academia Espanhola para o estudo da aplicação da linguagem inclusiva. Ainda em análise as consequências da pressão da língua inglesa sobre a espanhola, a linguagem dos políticos espanhóis, a educação e a Catalunha, entre outros assuntos.
Questões relacionadas com o verbo meter já estiveram em destaque no Consultório. Recordamos aqui «Meter-se a» + infinitivo e «Meter para fora». A problemática do género na língua tem também estado muito presente no Ciberdúvidas, motivando questões como Sobre o género gramatical das palavras, Igualdade no/de género e entre géneros, Género masculino não marcado e O símbolo @ nos plurais que denotam ambos os géneros.
2. No âmbito da questão da tensão entre as línguas africanas e as línguas oficiais, Filipe Zau, investigador e professor, apresenta um artigo, disponibilizado na rubrica Diversidades onde dá conta da perspetiva de Joseph Poth, especialista em didática de línguas no Instituto Nacional da República Centro Africana, que defende a introdução das línguas maternas africanas no sistema de ensino.
3. No Consultório, as questões relacionam-se com a classificação de orações nas frases «E vedes qual será a loação» e «Quem me dera que fosses feliz». Em análise encontramos também os valores temporal e aspetual da construção perifrástica andar a + infinitivo e a diferença entre flexibilidade e flexibilização. Por fim, uma dúvida sobre o uso das maiúsculas em nomes próprios compostos, como América do Norte ou América do Sul.
4. A respeito da situação da língua portuguesa nos países africanos de língua oficial portuguesa e em Timor-Leste, assinale-se a notícia – no jornal Público, de 8/11/2018 – da realização do IV Congresso de Cooperação e Educação (COOPEDU IV), que decorre de 8 a 9 de novembro p.f. no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), em Lisboa. Este encontro é fruto da iniciativa do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL e da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, que o organizam desde 2010, tendo a edição de 2018 o propósito de «refletir sobre as questões da qualidade dos sistemas educativos, dos fatores que influenciam as reformas educativas, das políticas educativas locais, nacionais e globais, da formação vocacional/profissional e da inovação» (do texto de apresentação do COOPEDU IV). O congresso compreende quatro eixos de análise e debate: cooperação portuguesa na área da educação; medidas para a qualidade nos sistemas de ensino africanos; formação de recursos humanos em África; políticas linguísticas nos países africanos (mais informação aqui e no programa).
5. No programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, dia 7 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 8/11), destaque para a entrevista com Ana Paula Gonçalves, da Ciberescola, sobre III Congresso Internacional de Cultura Lusófona Contemporânea. No programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 11 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 10/11, às 15h30), Manuel Ferreiro, professor da Faculdade de Filoloxía Universidade da Coruña, fala do projeto Universo Cantigas, que visa levar a cabo a edição crítica digital dos textos que integram a lírica profana galego-portuguesa, no sentido de dar continuidade ao Glossário da poesia medieval profana galego-portuguesa (disponível no mesmo site e também aqui).
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
1. A realização da Web Summit 2018 de 5 a 8 de novembro, em Lisboa, cidade onde decorre pela terceira vez este encontro dedicado à tecnologia da comunicação, é sempre oportunidade para avaliar a pressão do inglês em território de língua portuguesa. Sobre a torrente de anglicismos que, por estes dias, circula na comunicação social portuguesa, leiam-se, por exemplo, o guia que a revista Visão publicou em 2/11/2018, bem como o artigo Dicionário do Empreendedor – uma versão irónica para aguentar a Web Summit, texto que Francisco Peres assinou em 2/11/2018 no jornal eletrónico Observador. A propósito vem também o trabalho jornalístico apresentado pelo canal Euronews, segundo o qual os Portugueses, entre as nações de língua românica, se encontram razoavelmente colocados quanto ao domínio do inglês. Neste contexto, pergunta-se: até que ponto a aparente ou real competência portuguesa em inglês é sinal de perda de vitalidade da língua nacional? No meio do bulício que se apodera de Lisboa, recordem-se os comentários que o Ciberdúvidas produziu sobre o impacto deste acontecimento mediático nos dois últimos anos: Web Summit, start-up e feature: como usar em português? (2016); e 10 novas respostas no consultório do Ciberdúvidas, a Web Summit 2017 e (um)a Urban Beach à beira-Tejo (2017).
2. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o novo livro da professora e consultora linguística Sara de Almeida Leite – Para Acabar de Vez com os Erros de Português. Trata-se de uma obra concebida para apoiar o uso correto do português entre os não especialistas, como faz questão de frisar a autora: «Pode desfrutar destes esclarecimentos durante os seus intervalos de trabalho, nas horas de lazer, em casa, nos transportes públicos, aos poucos ou de uma só vez. Acredite que esta é a forma mais fácil e divertida de acabar de vez com o mau português!» (ver também o vídeo da entrevista que o programa televisivo Queridas Manhãs, do canal SIC, fez a Sara de Almeida Leite em 24/10/2018).
3. No Consultório, pergunta-se: a frase «cinco toneladas de alimentos foram apreendidos» está correta? Numa frase como «Hoje ela foi passear», a palavra hoje faz parte do predicado? O significa a expressão «ação depurativa»? O verbo arrastar é de que tipo, intransitivo? Fundilhos e fundura são da mesma família de palavras?
4. Nas Lusofonias passa a estar disponível um artigo do tradutor e docente universitário Marco Neves à volta das tendências de união e afastamento que definem as relações do português de Portugal com o português do Brasil e o galego (texto transcrito, com a devida vénia ao autor, do seu blogue Certas Palavras).
1. A classe do verbo domina a atualização do Consultório, motivando dúvidas relacionadas com os valores do pretérito perfeito e do pretérito imperfeito, com o modo verbal a utilizar após a oração «Não sei (se)», com a defetividade do verbo aprazer e com o significado de encertado. Ainda uma questão sobre a língua hindi, uma das línguas oficiais da Índia.
2. Destaque para três eventos com lugar na próxima semana:
– Sessão especial do ciclo de conversas "Camões dá que falar", promovida pelo Camões, Instituto de Cooperação e da Língua, dedicada ao Último Caderno de Lanzarote, diário de José Saramago referente a 1998, sessão que conta com a presença de Pilar del Río, no dia 5 de novembro, pelas 18h00, no Auditório do Camões, I.P.;
– Colóquio Internacional Miguel Real – Literatura, Filosofia, Cultura, nos dias 7 e 8 de novembro, organizado pela Universidade da Beira Interior, celebra os 40 anos da atribuição do Prémio Revelação e Ficção da APE/IPLB a Miguel Real pela redação d’O Outro e o Mesmo, a sua primeira obra ficcional e pretende ser também uma homenagem à produção intelectual de Miguel Real, ao longo de quatro décadas, no âmbito da História da Cultura, da Literatura, da Filosofia e da Lusofonia;
– V Congresso Internacional em Estudos de Género no Contexto Italiano e em Língua Portuguesa, que se realiza na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, nos dias 7, 8 e 9 novembro de 2018, propondo um debate alargado sobre o género na língua, na literatura, na cultura, nos meios de comunicação social, nas questões identitárias, na educação, na sociedade, entre outros domínios.
O tema do género na língua tem também passado por algumas das questões deixadas no Consultório do Ciberdúvidas. Recordamos aqui: Género, Sobre o género gramatical das palavras e Os géneros das palavras e O símbolo @ nos plurais que denotam ambos os géneros.
3. Sobre os temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:
– o programa de rádio Língua de Todos* destaca algumas questões linguísticas colocadas pelos consulentes do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (o programa vai para o ar na RDP África, sexta-feira, dia 2 de novembro, às 13h15*, com repetição no sábado, 3/11);
– no Páginas de Português*, é dada atenção à obra Para acabar de vez com o mau português, da autoria da consultora linguística Sara de Almeida Leite (Antena 2, no domingo, 4 de novembro, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, 10/11, pelas 15h30).
* Os programas Língua de Todos e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
1. Em O nosso idioma, um novo texto da linguista Carla Marques descreve a evolução semântica da palavra incontornável, um lugar comum da adjetivação do atual discurso mediático e político. Sobre este tema, observa a autora: «Os sentidos dicionarizados são [...] muitas vezes curtos face aos usos a que uma palavra é sujeita. É sobretudo no domínio da comunicação social que o recurso à palavra parece ser incontornável, que é uma forma de dizer que está na moda porque serve para tudo.»
2. Na mesma rubrica, disponibiliza-se um texto do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi, originalmente publicado no blogue Diário de um Linguista em 30/10/2018, a propósito das comemorações à volta de 1 de novembro, tradicionalmente o Dia de Todos os Santos, data atualmente revigorada no calendário festivo pela festa anglo-saxónica de Halloween – de All Hallow Even, «véspera de Todos os Santos». Refira-se que da festa religiosa cristã do passado se passou hoje à euforia da Noite das Bruxas, em que, à boa maneira americana, crianças e jovens (e não só) se mascaram e saem à rua para prometer «doçura ou travessura»* (na imagem, as abóboras alusivas a esta época).
*Considera Bizzocchi que a famosa frase inglesa «trick or treat», pronunciada pelos grupos de jovens que, neste época, batem à porta das casas para pedir doces, se poderia traduzir, no Brasil, por «gostosura ou travessura», frase, segundo o linguista brasileiro, muito longa e pouco prática em comparação com a original americana. No entanto, em Portugal, popularizou-se a expressão «doçura ou travessura», ao que parece muito graças à intervenção das escolas. Sobre a Noite das Bruxas e o Dia de Todos os Santos, leiam-se Todos-os-Santos vs. «Todos os Santos», e "A propósito do Dia das Bruxas".
3. «Que coisa esquisita!», ocorre dizer na Noite das Bruxas... para logo depois perguntar no consultório: qual a classe de palavras de que nessa interrogativa? A propósito de sustos, também calha pensar no verbo acudir e no seu uso gramatical. E que significará incongruado, vocábulo que Jorge Amado (1912-2001) num diálogo do romance Jubiabá (1935)? Ainda nesta atualização, a diferença entre obrigação e obrigatoriedade, e a formação de uma palavra na ordem do dia, pobreza.
4. No programa de rádio Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 2 de novembro, às 13h15* (com repetição no sábado, 3/11), em foco algumas questões linguísticas colocadas pelos consulentes do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. No Páginas de Português, que vai para o ar na Antena 2, no domingo, 4 de novembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 10/11, pelas 15h30), é entrevistada a professora e consultora linguística Sara de Almeida Leite sobre o seu mais recente livro Para acabar de vez com o mau português.
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
1. As mais recentes respostas do Consultório debruçam-se sobre a formação e o significado de uma "nova" palavra: decrescimento. A homonímia associada à palavra como motiva duvidas relativas à sua classe nas expressões «fixar-se como docente» e «a maneira como ele fala». Ainda no âmbito da sintaxe, identifica-se a preposição selecionada pelo adjetivo conveniado e retoma-se a identificação da função sintática de constituintes que acompanham o nome medo.
Ainda no Consultório, a resposta O símbolo @ nos plurais que denotam ambos os géneros foi enriquecida com informação relativa à designação de @ noutras línguas.
2. Na rubrica O Nosso Idioma fica em linha uma reflexão do tradutor e professor universitário Marcos Neves, no seu blogue Certas Palavras, sobre a relação do ser humano com os palavrões, demonstrando como estes assumem um papel vital para quem os profere.
Para outras leituras sobre tabuísmos, o Ciberdúvidas (rubrica O Nosso Idioma) reúne diversos artigos: «A falta que ele nos faz», «Significados há muitos, seu camelo!», «Um Voldemort em cada esquina», «Palavrão a palavrão: de onde vieram as asneiras», «Viver para Contar: o palavrão democratizou-se»; na Rubrica Ensino, está disponível o artigo «Primeiro estranha-se, depois entranha-se...»
3. No âmbito do ensino da língua portuguesa no mundo, destaque para os seguintes eventos:
– Colóquio "Produção de materiais didáticos para o Ensino de PLE no contexto da China e Ásia-Pacífico", organizado pelo Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, nos dias 5 e 6 de novembro;
– IV Jornadas da Língua Portuguesa - Investigação e Ensino, promovidas pela Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa da Universidade de Cabo Verde, entre 7 e 9 de novembro. O tema desta nova edição é "A avaliação das aprendizagens em português língua segunda".
1. A utilização generalizada do calão* entre os alunos das escolas é o mote para a reflexão da formadora e professora de Português Carmo Machado sobre as possíveis reações às seleções lexicais dos alunos em espaço escolar, disponível na rubrica O nosso idioma (texto originalmente publicado na edição digital da revista Visão, de 24/10/2018).
*O termo calão é aqui utilizado no sentido de 'linguagem considerada rude ou grosseira' (cf. Dicionário Priberam), mas poderá também ser entendido como 'linguagem de um grupo social restrito', sentido equivalente ao de gíria ou de jargão. A este propósito podem ser consultadas as respostas do consultório: A definição de gíria e a de calão e Calão/jargão.
2. A presente atualização do Consultório passa por áreas muito diversificadas: da origem do provérbio «Vaso ruim não quebra» à composição morfológica de enfeitiçar, passando pela existência da palavra tratativa; da função sintática de suas em «coisas suas» a um vocativo – deítico pessoal, passando por um ato ilocutório assertivo.
3. Entre as notícias relacionadas com o ensino do português pelo mundo, destacamos:
– o alargamento da rede de Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) a cinco novos países: Azerbaijão, Camarões, Cazaquistão, Gana e Panamá (da responsabilidade de Camões – Instituto da Cooperação e da Língua);
– a criação do exame 'Camões Júnior', destinado à certificação das aprendizagens dos alunos da rede de EPE (Ensino de Português no Estrangeiro), em desenvolvimento neste ano letivo, anunciado por Camões – Instituto da Cooperação e da Língua;
– o lançamento, em 2019, do Ensino Complementar de Língua Portuguesa, na África do Sul, o primeiro país fora da Europa a implementar esta modalidade de ensino.
4. Nesta semana, o programa de rádio Língua de Todos conta com a colaboração de Hugo Barreto, da Fundação Roberto Marinho, que conduz os ouvintes numa visita guiada à exposição A Língua Portuguesa em Nós**, que esteve patente entre 6 e 21/10/2018 no Museu Arte, Arquitectura, Tecnologia (MAAT), em Lisboa (transmissão pela RDP África, na sexta-feira, dia 26 de outubro, às 13h15*** (com repetição no sábado, 27/10). No programa Páginas de Português, poder-se-á acompanhar uma entrevista com Francisco Topa, professor associado do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que aborda o tema "Os textos literários como ferramenta para o ensino da dimensão pluricultural da língua portuguesa" que serve de mote às XI Jornadas de Atualização Docente de Português como Língua Estrangeira, a realizar em 27/10/2018, em Santiago de Compostela (programa difundido pela Antena 2, no domingo, 28 de outubro, às 12h30*** (com repetição no sábado seguinte, 3/11, pelas 15h30).
** Depois de 21 de outubro de 2018, a exposição passa a ficar patente em Óbidos, onde permanecerá três anos (ler notícia do Diário de Notícias, de 9/10/2018).
***Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
5. Sobre a segunda volta/turno da eleição presidencial no Brasil, no domingo, 28/10, uma nota final para o que se pode (re)ler de respostas e artigos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas relacionados com o idioma comum no pais irmão: "#Elenão – para além do advérbio", "Brasil"; "Brasil/ 'Brazil'"; "Língua portuguesa (emancipação do Brasil)"; "Do português europeu para o português do Brasil"; "Bilinguismo luso-brasileiro"; "Sobre o sotaque do Brasil"; "As grafias húmido (PE) e úmido (PB)"; "Portugal-Brasil. Diferenças linguísticas"; "Língua portuguesa Portugal-Brasil"; "O futebol falado diferentemente no Brasil e em Portugal".
1. A propósito da atualidade brasileira e da palavra-chave (hashtag*) #Elenão, a professora e linguista Carla Marques, em O nosso idioma, desvela o muito que está para lá da categorização gramatical de não. Na mesma rubrica, o jornalista e escritor brasileiro Ruy Castro, evocando Tom Jobim (1927-1994), revela a etimologia de algumas palavras como botequim e bossa, tão ligadas ao movimento da Bossa Nova (texto originalmente publicado no Diário de Notícias de 21/10/2018). Finalmente, ainda em O nosso idioma, a consultora linguística Sandra Duarte Tavares dá pistas para lidar com os verbos despoletar, discriminar, deferir e outros igualmente traiçoeiros (artigo saído na edição digital da revista Visão de 19/10/18).
* Hashtag é o anglicismo comummente usado para denominar os «[...] termos associados a uma informação, tópico ou discussão que se deseja indexar de forma explícita no aplicativo Twitter, e também adicionado ao Facebook, Google+, Youtube e Instagram» (artigo Hashtag, versão em português da Wikipédia, consultada em 24/10/2018). Contudo, em português, está disponível o termo palavra-chave, que o poderá substituir; outro termo adequado será etiqueta, imitando o castelhano etiqueta, que a Fundéu-BBVA (23/08/2017) recomenda como alternativa a hashtag.
2. Será que chamar arroba ao sinal @ é uma novidade da mesma ordem que o seu uso como marcador gráfico de dois géneros, como acontece na forma tod@s (equivalente a «todos e todas»)? A resposta faz parte da nova atualização do consultório, que inclui também duas perguntas sobre sintaxe –sobre a opção entre nem e ou, e a regência de medo –, outra sobre conjugação verbal – mais concretamente, acerca do auxiliar haver – e uma última sobre o contraste entre inovar e renovar.
3. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, da presente semana:
– O Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 26 de outubro, às 13h15* (com repetição no sábado, 27/10), acompanha Hugo Barreto, da Fundação Roberto Marinho, numa visita guiada à exposição A Língua Portuguesa em Nós, que, trazida de São Paulo, esteve patente entre 6 e 21/10/2018 no Museu Arte, Arquitectura, Tecnologia (MAAT), entre em Lisboa**.
– no Páginas de Português, emitido na Antena 2, no domingo, 28 de outubro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 3/11, pelas 15h30), é entrevistado Francisco Topa, professor associado do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que, a propósito da sua intervenção nas XI Jornadas de Atualização Docente de Português como Língua Estrangeira, a realizar em 27/10/2018, em Santiago de Compostela, fala do tema deste encontro – "Os textos literários como ferramenta para o ensino da dimensão pluricultural da língua portuguesa".
** Depois de 21 de outubro de 2018, a exposição passa a ficar patente em Óbidos, onde permanecerá três anos (ler notícia do Diário de Notícias, de 9/10/2018).
1. Atingindo a credibilidade da vida política e da informação mediática, além do Brasil, também circulam em Portugal as fake news (notícias falsas) – um anglicismo difundido à escala planetária. O Diário de Notícias de 21/10/2018 dá pormenores aqui e junta um texto de reflexão intitulado "Não há fake news. Chamam-se mentiras", da autoria da jornalista Catarina Carvalho, que desmonta o sentido do anglicismo e lança um alerta: «"Fake news", em inglês. "Fake" tanto quer dizer falsas como falsificadas – o que é algo mais correto, mas não chega. Também não há notícias falsificadas. Ou há notícias ou falsificações. Se começássemos por aqui, a falar claro, talvez fosse mais fácil encarar o fenómeno de frente e não de cernelha. E combatê-lo. Ou, pelo menos, evitar a suavização de algo tão perigoso porque ataca o discernimento para escolher que é a base da democracia.»
Ao termo inglês fake news – lembra neste seu artigo o professor universitário angolano Jonuel Gonçalves –, os franceses optaram pelo termo infox (amálgama de informação e intoxicação). «A versão francesa é mais útil pois permite ir além da noticia falsa, inclui o bullying político-cultural, o evento propagandístico disfarçado em colóquio, o uso de pretextos para deformar e difamar, etc. Não é exatamente componente novo, pois sempre existiu sob o nome de propaganda e ação psicológica para desqualificar adversários. Mas há, de facto, maior alcance nesses dois sentidos. É a mesma guerra de narrativas acompanhada de novos recursos técnicos na guerra de imagens. Sem imagens nada existe hoje. Tal como a velha propaganda, a primeira fase é de lançar dúvidas e tumultuar mentes; depois, até sob disfarce de movimentos sociais, apresentação de mensagens salvadoras ou condenatórias, assédio moral e exclusão das vozes discordantes.»
2. Na rubrica O nosso idioma, comentam-se outras palavras, igualmente capazes de gerar reações, como é o caso:
– do uso pejorativo dos zoónimos (nomes de animais), num apontamento da professora e linguista Carla Marques;
– dos nomes próprios tabu, num texto que o jornalista Alexandre Martins assina no Público 21/10/2018 (transcrição disponível na rubrica em referência);
– do verbo dragar, que, no estuário do rio Sado, à beira do qual se encontra a cidade de Setúbal (Portugal), pode significar ameaçar a existência dos golfinho, conforme refere a jornalista Rita Pimenta no Público de 21/10/2018 (artigo com o título original "Dragar", disponível também na rubrica em referência).
3. No Pelourinho, um erro de concordância do verbo faltar leva Sara Mourato a lembrar a falta que fazem a uma notícia a gramática e uma boa revisão.
4. O consultório recebe novas perguntas, em que a sintaxe é o tema predominante: qual é o sujeito da frase «ganharam os jovens a taça»? E o sujeito da frase «os responsáveis somos nós»? E estará a frase «o Brasil foi um espaço dominado pelos homens» na voz passiva? Completam a atualização duas perguntas sobre léxico, uma sobre câmera, sinónimo de «máquina fotográfica», e outra sobre o significado de tripulante.
5. Do que se publica de diferentes formas, na Internet ou fora, a respeito da língua portuguesa, salienta-se:
– da professora e consultora linguística Sara de Almeida Leite, um novo livro intitulado Para Acabar de Vez com o Mau Português, cujo lançamento está marcado para 26/10/2018, em Lisboa;
– mais um apontamento do blogue Certas Palavras, do tradutor e divulgador Marco Neves, que a propósito dos erros inventados, resultantes do desconhecimento da língua, foca, desta vez, a expressão «um beijinho grande», um paradoxo que, além de ter todo o sentido, não falta ao bom uso da língua (também disponível em O nosso idioma).
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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