Não parece haver dados que esclareçam cabalmente a origem da expressão «grande soda».
O Novo Dicionário Compacto da Língua Portuguesa (que é a 10.ª edição do chamado dicionário de Morais), inclui entre as várias aceções de soda (genericamente, em linguagem vulgar, o mesmo que carbonato de sódio) a de «pessoa maçadora, importuna» e «maçada» (ver também Afonso Praça, Novo Dicionário do Calão, Lisboa, Casa das Letras, 2005). Soda também poderá ocorrer por vezes como o mesmo que soda cáustica (hidróxido de carbono), produto que tem efeitos adversos à saúde humana. Neste contexto, a expressão «grande soda» seria, afinal uma metáfora, pela qual se encara alguém que nos é desagradável como algo de extremamente nocivo.
No entanto, José Pedro Machado, no seu Grande Dicionário da Língua Portuguesa – cuja nomenclatura e artigos são devedores da 10.ª edição do Morais – separa a entrada de soda, «carbonato de cálcio», da de soda, «pessoa maçadora», assim deixando supor que se trata de palavras homónimas, e não de duas aceções constituintes da polissemia de um mesmo item. Torna-se, portanto, incerta a hipótese da origem metafórica da expressão, tanto mais que outra hipótese é possível: a de soda estar, afinal, por foda, um tabuísmo que, além de «cópula», significa «aquilo que se suporta com dificuldade; dureza» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001). Em apoio desta hipótese, recorde-se que a substituição de palavras obscenas por outras menos censuráveis ou menos agressivas (fenómeno enquadrável entre os eufemismos) é frequente em usos interjetivos. Por exemplo, em Portugal, em lugar do calão foda-se, ocorre fogo e fosga-se, ou ainda outras expressões com fonética evocativa do tabuísmo.