1.Como traduzir para inglês, francês, alemão ou castelhano o termo açorda, tão típico da cozinha do Portugal meridional? Para resolver este e outros problemas de tradução no domínio da gastronomia, a Montra de Livros apresenta o Dicionário Gastronómico Multilingue, numa edição da Dinalivro, em Portugal, e da Estante, no Brasil, da autoria de Rodolfo Farinha.
Uma brevíssima nota etimológica: açorda é um arabismo, do árabe hispânico attúrda, «sopa de pão; migas de pão cozido» ou «sopa de alho» (ver o Dicionário Houaiss e, de Federico Corriente, o Diccionario de Arabismos, Editorial Gredos, 2003).
2. Muita gente gostaria que o uso da vírgula fosse sempre previsível, ditado por regras simples. A verdade é que, havendo casos em que tal sinal é obrigatório, há muitas situações que dependem da intenção de quem escreve. É esta a conclusão a que se chega no consultório, com uma resposta a propósito do emprego de vírgula com orações subordinadas adverbiais. Outras questões nesta atualização: falando do título de um jornal, escreve-se «entrevista à Bola», ou «entrevista a A Bola»? Qual a etimologia do verbo chegar? Que sentido tem a construção «ou não fosse»? E, para manifestar uma opinião, será que «acho que...» é a única expressão disponível?
3. Em Portugal as notícias sobre a greve dos estivadores do porto de Setúbal referem a preocupante situação laboral desses trabalhadores – e não só desses, valha a verdade...–, mas, nos canais audiovisuais, volta-se a pronunciar mal a palavra precariedade, que perde indevidamente o i.
Recordemos o muito que aqui tem sido dito sobre tão maltratado vocábulo: "Precariedade e não 'precaridade'", "Precariedade", "Como dizer mal ("precaridade") escrevendo bem (precariedade)", "Unicidades a mais e a menos de um 1.º de Maio", "Polémicas linguísticas", "Precariedade, sem aspas" "Razões q. b. para recusarmos o barbarismo 'precaridade'", "Teimando no erróneo 'precaridade'", "Precariedade, pagar e salário", "Precariedade", "'Tá-se bem' – ou um verbo em vias de extinção", "Falando de precariedade,sem esquecer o aniversário de Cesário Verde", "Falar de precariedade no 1.º de Maio", "Precariedade, e não 'precaridade'", "Dois velhos tropeções, a linguagem náutica no Cuidado com a Língua!", "O escusado anglicismo startup, o velho tropeção na 'precaridade' e... palavras e expressões com História", "O regresso de 'precaridade' e outros erros insistentes".
4. Ainda a respeito da atualidade à volta da língua portuguesa, registe-se a atribuição do Grande Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores ao poeta, romancista e professor universitário Helder Macedo pelo livro Camões e Outros Contemporâneos, que reúne ensaios e testemunhos sobre a influência perdurável da obra de vários autores .
Sobre Helder Macedo, lembramos este seu diálogo com o escritor brasileiro Ferreira Gullar (prémio Camões 2010) – num trabalho da autoria do jornalista João Paulo Cotrim, publicado na revista Up Magazine (revista de bordo da TAP Portugal), em 2013, com o titulo "Diálogos Atlânticos".
5. No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, 30 de novembro, pelas 13h15* (com repetição no sábado, 1 de dezembro), entrevista-se Iolanda Ogando, da Universidade da Estremadura, de Badajoz, sobre os portuguesismos como estratégia para a reivindicação da literatura nas aulas de Português como Língua Estrangeira. O Páginas de Português, programa que vai para o ar na Antena 2, no sábado, 2 de dezembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 8 de dezembro, às 15h30), inclui uma conversa com Manuela Pargana Silva, coordenadora nacional da Rede de Bibliotecas Escolares, sobre os 20 anos deste projeto e os desafios para o futuro.
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.