O adjetivo único não é graduável. Por essa razão, não integra estruturas comparativas e não é compatível com advérbios de quantidade e grau:
(1) «*Ele é mais único do que tu.»
(2) «*Ele é tão único quanto tu.»
(3) «*Ele é menos único do que tu.»
Para além disso, este adjetivo também não é normalmente compatível com expressões de intensidade ou de valor quantitativo:
(4) «*Ele é muito único.»
Esta incompatibilidade tem lugar com adjetivos que, semanticamente, representam extremos, como único ou, por exemplo, fechado ou último:
(5) «*A porta está tão fechada.»
(6) «*Ele é tão último.»
Apenas em situações extremas em que único significa «excecional, singular» poderá surgir, ocasionalmente, associado ao advérbio tão. Estamos perante usos que visam realçar o valor extremo da propriedade denotada (neste caso a qualidade de «ser único, ímpar») que serão semelhantes aos verificados em:
(7) «Ela está tão grávida.»
(8) «Ele é tão inglês.»
Estas frases evidenciam casos em que adjetivos não graduáveis são forçados a uma interpretação graduável que ganha um sentido específico num determinado contexto e que não deixam de ter algo de pleonástico no seu sentido. Por essa razão, numa construção mais cuidada, será aconselhável o uso de expressões como «tão raro», «tão singular», «tão excecional», que seguem de perto a norma.