Não havendo uma nomenclatura fixa ou unívoca para denominar cada uma das divisões de uma casa, não se impõe a necessidade de distinguir entre formas corretas e incorretas, desde que seja salvaguardada a sua compatibilidade com a função de cada compartimento. Existe certa variação regional, mas, em Portugal, tendem a predominar termos como «casa de banho», «casa de jantar» – esta a par de «sala de jantar» –, mas «sala de estar», e não *«casa de jantar». Nada disto impede que se usem outras denominações.
Mesmo assim, reconheça-se que há termos estáveis, usados entre arquitetos e engenheiros civis. Em Portugal, as páginas de Trabalhar com Arquitectos (este sítio mantém a ortografia anterior ao acordo ortográfico em vigor), disponibilizam um glossário, do qual, em relação a compartimentos de uma habitação, constam os seguintes termos, sem modificadores que lhes restrinjam o sentido:
– compartimento: «Cada uma das divisões de uma casa.»
– sala: «Compartimento principal de uma casa, geralmente destinado a usos sociais. Qualquer compartimento de uma casa (à excepção dos quartos de dormir), destinado a vários usos. Designação antiga da cortina que entesta com o baluarte.»
– casa: «1-Edifício destinado a habitação. 2-Cada uma das divisões de uma habitação.»
Destas definições, é possível concluir, por exemplo, que, pelo menos, no que ao uso da expressão «sala de jantar» diz respeito, é legítimo substituí-la pela alternativa «casa de jantar» (conclusão muito semelhante também se tira da consulta do Dicionário Online de Engenharia Civil e Construção Civil). Curiosamente, assinale-se que a fonte citada não tem entrada para quarto, muito embora esta palavra ocorra, como acima se observa, na definição de sala, que contrasta com o significado de «quarto de dormir», que o referido glossário não explicita. De qualquer modo, «quarto de banho» e «sala de banho» são expressões sinónimas e corretas em Portugal. No Brasil, tendo em conta os registos dicionarísticos, por exemplo, os do Dicionário UNESP do Português Contemporâneo (São Paulo, UNESP, 2004), banheiro é genericamente «aposento com todo o aparelhamento de banho» (ou, mais restritamente, «compartimento com vaso sanitário»), enquanto privada se usa nas aceções de vaso sanitário» e «recinto da casa onde fica o vaso sanitário».
Quanto à possibilidade de «casa de jantar» significar «móvel onde se guardam loiças», na bibliografia consultada para elaboração desta resposta, não se encontraram abonações.
Sobre walk-in closet, esclareça-se que está dicionarizado o anglicismo closet, que denota «numa habitação, [um] pequeno compartimento interno, ger. sem janela, us. esp. para guardar peças do vestuário, roupas de cama e mesa, louça e outros utensílios domésticos ou mesmo material de limpeza; vestiário, quarto de vestir» (Dicionário Houaiss, 2001). A consulta de páginas da Internet, com ilustrações (por exemplo, aqui), deixa supor que closet e walk-in closet são muitas vezes sinónimos, pelo que, sendo assim, não se afigura razão para walk-in closet não ser substituído pelos termos vernáculos: ou seja, vestiário, que pode ter a desvantagem de estar muito identificado com espaços onde se muda de roupa em ginásios ou se deixa agasalhos em espaços públicos (teatros, óperas, museus); e, talvez mais adequado à noção de compartimento em casa privada, «quarto de vestir». Aliás, esta última expressão constitui uma das tradução do estrangeirismo registadas no sítio Linguee
(1) «[...], with a surface of 50 square metres, distributed in a living room-bedroom, a bathroom and a walk-inn [sic] closet.» [ a forma correta é walk-in closet] = «ou triplas, com uma superfície de 50 metros quadrados distribuídos por uma sala-quarto, casa de banho e quarto de vestir.»