1. A cobertura mediática da Cimeira da Tecnologia da Informação, mais conhecida como Web Summit 2016, que, como anunciado, se realiza entre 7 e 10 de novembro em Lisboa, enche as páginas de ocorrências do anglicismo start-up («empresa emergente»). É o que se verifica em notícias sobre o impacto deste acontecimento na ocupação hoteleira de Lisboa (ler Jornal de Negócios e ouvir Antena 1), enquanto se observa que o termo também aparece grafado startup, sem hífen (ler sítio da organização do evento). Sendo assim, apesar de existir expressão equivalente em português, para quem insista no anglicismo, como escrevê-lo? Com ou sem hífen? A grafia hifenizada parece ser mais correta (ver nota 2 de uma resposta aqui), mas está de tal maneira enraizada a forma sem hífen, com os seus elementos aglutinados, que o uso impôs startup, hoje aceite até por alguns dicionários de língua inglesa – por exemplo, o reputado Oxford English Dictionary (mais pormenores aqui.). Acrescente-se que o vocábulo inglês tem o plural start-ups ou startups e soa aproximadamente como "startape".
2. Apesar de tantas e tantas recomendações, voltou a ouvir-se o nefando "precaridade", em vez de precariedade, no parlamento português, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro português, António Costa, que, intervindo a propósito do Orçamento do Estado, não evitou o velho tropeção. Sobre este erro, aconselhamos-lhe, entre tantos outros esclarecimentos, o que aqui se anotou.
3. O que foi o colonialismo português no século XX? Que discurso manifestava a sua ideologia? Uma pergunta sobre a expressão «branco de segunda» traz ao consultório a história do império colonial português na sua última fase, em terras africanas. Com outra resposta vamos até Trás-os-Montes, para saber o significado de acarrejo; e, pulando como uma guariba – ou a Sebastiana de uma canção popular do Brasil –, procuramos perceber a evolução histórica das locuções comparativas «que nem» e «que só». Depois, viajamos no tempo, para evocar Gil Vicente, a propósito de um imperativo com sujeito explícito, até que o regresso ao presente e à realidade do trânsito automóvel nos confronta com o perigo de choque inscrito no verbo abalroar. Por fim, recuperemos a devida cortesia para falar da palavra obséquio e da sua pronúncia.
4. No 1.º Congreso Internacional em Línguas, Linguística e Tecnologia, que realizou de 12 a 14 de outubro no Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho. Neste iniciativa, que visou a promoção de "um diálogo efetivo entre diversos representantes de áreas de aplicação da tecnologia às línguas", participaram Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola/Cibercursos da Língua Portuguesa, e Carla Barros Lourenço (Direção-Geral da Educação), com uma comunicação intitulada Ciberescola: an easy replicable online teaching model (em português: "Ciberescola: um modelo de ensino em linha facilmente replicável").
5. Temas da presente semana dos programas de rádio que o Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa: no Língua de Todos de sexta-feira, 14 de outubro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 15 de outubro, depois do noticiário das 9h00*), fala-se dos desafios, nos últimos anos, do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, com relevo para o ensino da língua portuguesa em África; e, no Páginas de Português de domingo, 16 de outubro (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), dá-se conta das medidas de promoção do Português Língua Estrangeira, anunciadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
*Hora continental portuguesa.