1. Em Portugal, pelo menos, no seu território continental, o mês de setembro de 2018 terá sido o mais quente desde que há registos, fazendo o tempo estival prolongar-se fora de época. Nas conversas, fala-se em "verouno", amálgama dos nomes verão e outono. E para referir o calor forte emprega-se canícula, uma palavra que herdámos da Antiguidade romana, como recorda Guilherme de Almeida, professor e especialista em Física, num texto que se disponibiliza na rubrica O nosso idioma.
2. No consultório, uma questão de estilística centra-se num modismo recente em Portugal, «aquilo que é», em frases como «falo daquilo que é a minha preocupação», em lugar da formulação «falo da minha preocupação», muito mais simples. Outra diz respeito à semântica de haver usado como auxiliar («hás de pagar esta dívida»). Regressa também a etimologia, com a obscura origem do topónimo Leiria (centro de Portugal) e um tópico muito discutido mas ainda mal conhecido, o do contributo das línguas célticas para do léxico comum português.
3. As relações estreitas dos países de língua portuguesa com a Galiza justificam dar atenção redobrada a certas notícias de Espanha, país onde a diversidade linguística é sempre tema polémico. Propondo suprimir o requisito de o conhecimento das línguas cooficiais ser condição para o emprego público nas comunidades autónomas bilingues, o deputado Toni Cantó declarou que «é um facto que o castelhano desapareceu de lugares como a Catalunha, as Baleares, a Comunidade Valenciana, o País Basco ou a Galiza». Contudo, no caso galego, a realidade é o castelhano ganhar cada vez mais terreno, ao ponto de o secretário da Real Academia Galega, Henrique Monteagudo, desmentir a afirmação do referido político e considerar que se está a faltar à verdade para minar ainda mais o estatuto da língua vernácula daquela região: «Como non existen datos reais nin argumentos lóxicos que sustenten unha política discriminatoria cara [=face] aos falantes das linguas cooficiais, só queda o recurso á mentira e á demagoxia. [...] Créase así un mundo do revés, onde a vítima é verdugo e o castelán [=castelhano] desapareceu de Galicia.»
4. Outros ecos da atualidade: o interesse em aumento do mercado de trabalho asiático pela língua portuguesa; entre os Estados ibero-americanos, a criação de um programa inovador para difusão da língua portuguesa; e o referendo pouco conclusivo realizado na República de Macedónia em 30/09/2018 para decidir sobre a mudança de nome deste país* – para República da Macedónia do Norte.
* A este caso, somam-se, nos últimos 50 anos ou mais, muitos outros, de países que adotaram um novo nome ou que estão envolvidos em polémicas à volta da sua denominação oficial. Entre páginas sobre o assunto, dispersas pela Internet, consultem-se, por exemplo, "Países extintos ou que mudaram de nome", "10 países que mudaram de nome" ou "Estes países também mudaram de nome nas últimas décadas". No Código de Redação Interinstituconal para o uso do português na União Europeia, encontra-se uma lista muito útil e atualizada de nomes dos Estados e territórios.
1. Numa altura em que as questões relacionadas com a política da língua foram colocadas na ordem do dia por Marcelo Rebelo de Sousa, que, no seu discurso na ONU1, defendeu a adoção do português como idioma oficial das Nações Unidas, vem a propósito o que escreveu2 o escritor a Miguel Esteves Cardoso sobre o que, provavelmente, mais condiciona a aprendizagem e a prática da língua portuguesa pelos estrangeiros que visitam ou residem em Portugal: «Um estrangeiro está a fazer o esforço de falar português com um português. Pode até estar a pedir ajuda com o vocabulário. Em vez de o ajudar, o português começa a falar inglês. E a conversa é feita em inglês, geralmente atroz de um lado e doutro.»
1 O discurso do Presidente português, na 73.ª sessão da Assembleia Geral da ONU pode ser ouvido na íntegra, aqui. E aqui, encontra-se disponível entrevista concedida à Rádio das Nações Unidas.
2 «Deixem-nos falar», in jornal Público de 26/09/2018, disponível também na rubrica O nosso idioma.
2. Na atualidade relacionada ainda com a língua portuguesa, destacamos:
– na RTP2, a série Acende a luz para eu te "ouvir". Trata-se de uma série com 13 episódios, que teve início esta semana e que se destina às pessoas que não ouvem, colocando aquelas que ouvem numa posição de segundo plano a que normalmente não estão habituadas no panorama televisivo;
– Folha, 1.ª Festa Literária, com início a 26 de setembro, na Curia: um encontro de três dias à volta dos livros e dos escritores (programa completo aqui).
3. No Consultório, surgem dúvidas relativas ao uso pronominal dos verbos buscar, recamar e reerguer e da forma escolhes-te. Uma frase de António Lobo Antunes é o ponto de partida para analisar o uso do infinitivo pessoal do verbo rejuvenescer. E ainda, os sentidos que se podem associar à locução de todo e a distinção entre uma oração relativa e uma oração consecutiva.
4. A obra do pedagogo brasileiro Paulo Freire estará no ar, no programa Língua de Todos (RDP África, sexta-feira às 13h153, com repetição no sábado, 29/09, às 9h103), com Luiza Cortesão, professora jubilada da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, que se referirá, em particular, aos projetos de alfabetização que aquele educador desenvolveu sobretudo na Guiné. A digitalização do acervo de livros raros da Biblioteca Brasiliana do casal Guita e José Mindin será o mote para a entrevista ao professor Alexandre Saes, da Universidade de São Paulo (no ar, na Antena 2, programa Páginas de Português, no domingo, 30 de setembro, pelas 12h303 (com repetição no sábado seguinte, 6 de outubro, pelas 15h303). Ainda nesta emissão, na rubrica "Cronogramas", a professora Sandra Tavares Duarte fala sobre a obra do eminente gramático brasileiro Evanildo Bechara.
3 Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
1. A atualidade fica marcada pela realização da 73.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, onde o debate tem por tema “Tornar a ONU relevante para todos: liderança global e responsabilidade partilhada para sociedades pacíficas, equitativas e sustentáveis”. Com a participação do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa discursa neste dia – e foi na nossa língua que se fez ouvir, apelando ainda à adoção do português como idioma oficial das Nações Unidas*.
* O discurso do Presidente português, na íntegra, aqui: e, aqui. a entrevista concedida à Rádio ONU.
2. A propósito do acrónimo (que também é sigla) ONU – uma incorreção recorrente nos media nacionais na sua prolação – vale a pena lembrar que se trata de palavra aguda (ou oxítona), como aqui se tem repetido. Por exemplo, em "ONU tem a tónica no u", "Como (bem) dizer ONU e Nobel... em português", "Prosódia das siglas ONU, OVNI e UCI". Sobre a grafia de «assembleia geral», leia-se uma das respostas em arquivo.
3. Faça-se ainda registo de como, em Portugal, o Ministério Público apelidou a operação que levou à detenção de alguns militares no caso do roubo das armas de Tancos, ocorrido em junho de 2017: Operação Húbris. O termo húbris, de origem grega e insólito na língua do dia a dia, é ou deveria ser conhecido dos finalistas do ensino secundário, pois é recorrente no estudo da dimensão trágica da peça Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett (1799-1854). Etimologicamente, significa «para os antigos gregos, conduta desmedida que é considerada um desafio aos deuses e que acarreta a ruína de quem assim age» (Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora), mas hoje vai-se vulgarizando como o mesmo que «autoconfiança excessiva» e sinónimo de orgulho, arrogância, insolência. Sobre este tópico, leiam-se também os apontamentos "A húbris, a síndrome do excesso do poder" e "Húbris, Integridade e Moral em Mago: O Despertar"..
4. Entre o muito que se faz e diz à volta da língua portuguesa, salientamos:
– a Feira do Livro de Maputo, até 30 de setembro p.f., evento que inclui uma mesa redonda neste dia, às 17h00, no Camões – Centro Cultural Português de Maputo, dedicada à literatura infantil em língua portuguesa;
– um curioso apontamento do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi sobre palavras estrangeiras inventadas em português – pedipaper, usada em Portugal, é certamente um caso.
– a nomeação do novo diretor-executivo do Instituto Internacional da Lingua Portuguesa (IILP), o investigador e linguista guineense Icanha Itunga;
– e a comemoração, também na presente data, do Dia Europeu das Línguas, por iniciativa do Conselho da Europa desde 2001.
5. No consultório da presente atualização, comenta-se uma ocorrência do pronome o num livro do jornalista e escritor português Miguel Sousa Tavares, sondam-se as origens da palavra badagaio, descreve-se o uso do pronome relativo quem, revela-se a equivalência entre fresco e afresco e fala-se de quatro figuras de estilo – metáfora, ironia, antítese e comparação.
5. Para a promoção da língua, não chega traduzir os seus autores literários, é preciso pôr os falantes estrangeiros a aprendê-la. Em O nosso idioma, disponibiliza-se um texto assinado pelo ensaísta e crítico literário Eugénio Lisboa (Jornal de Letras de 13/04/2018), que deixa a seguinte consideração: «[...] é à conquista da disseminação da língua portuguesa que devemos partir. Enquanto não trouxermos o estrangeiro até à nossa língua, teremos ficado apenas a meio do caminho.»
6. No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 28 de setembro, às 13h15* (com repetição no sábado, dia 29/09), Luíza Cortesão, professora jubilada da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto evoca a obra do pedagogo brasileiro Paulo Freire, em especial, os projetos de alfabetização em que participou em África, particularmente na Guiné. No Páginas de Português, que vai para o ar na Antena 2, no domingo, 30 de setembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 6/10, pelas 15h30*), entrevista-se o professor Alexandre Saes da Universidade de São Paulo, responsável pelo acervo de livros raros da Biblioteca Brasiliana do casal Guita e José Mindlin, a respeito da digitalização da totalidade desta biblioteca e do acesso a este recurso; ainda neste programa, na rubrica "Cronogramas", Sandra Duarte Tavares refere-se a obra do gramático brasileiro Evanildo Bechara.
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
1. Cantado por poetas, comentado nas conversas quotidianas, o outono teve ontem início no hemisfério norte, mantendo o seu ciclo perene. O outono, que, recordamos, passou a escrever-se com inicial minúscula (Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, Base XIX), tem marcado a sua presença também no Ciberdúvidas em questões que envolvem a classificação da palavra e provérbios alusivos à época*.
* Sobre aspetos linguísticos e culturais associados ao outono, ler também "Os meses e as estações do ano com inicial minúscula"; "Provérbios do mês de outubro"; "O São Martinho no léxico do português".
2. Cíclico começa também a ser o Festival Fólio, que marca a atualidade desta semana. Estando ao serviço da língua e da literatura, o Festival Literário Internacional de Óbidos (Folio) reunirá escritores, leitores, artistas, músicos, livros, letras… e muitos pontos de vista diferentes. A não perder, entre 27 de setembro e 7 de outubro. Ver programa completo aqui. Na atualidade relacionada com a língua portuguesa, destaca-se ainda a edição revista e atualizada do Dicionário da Língua Portuguesa - léxico, gramática e prontuário, da autoria das linguistas Aldina Vaza e Emília Amor, no dia 25 de setembro. A sessão pública da lançamento da obra terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, pelas 18:30, com um debate em torno de questões relacionadas com a elaboração de um dicionário e a relação que publicações desta natureza mantêm com a língua.
3. De "saída(s)" também se faz a atualidade, como ilustra a crónica da jornalista Rita Pimenta, onde se reflete sobre factos recentes e significados associados à palavra. Sem direito a chegar ou a sair, está o trabalho, conceito que dá o mote à história de algumas das palavras que compõem o seu campo lexical, na crónica "Sai-nos do couro", assinada pelo escritor e humorista Miguel Esteves Cardoso. Textos disponíveis na rubrica O nosso idioma.
4. No Consultório, são abordadas questões de natureza lexical ("Forrobodó/farrobodó/farrabadó", a origem de guardião, o significado de buscar e o termo "incomplementaridade") e de âmbito sintático (debaixo de vs. de baixo de).
1. A Rede de Ensino Português no Estrangeiro (EPE) 2018/2019 é apresentada neste dia, às 11h00, no auditório do Camões, I.P., em sessão pública presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva. Com a EPE, visa o Camões, I. P. reforçar a sua intervenção nos eixos do ensino, da formação, da investigação, da criação de conteúdos, da certificação e da creditação.
2. Entre as atualidades respeitantes à língua portuguesa, dentro ou perto das suas fronteiras, relevo para:
– os conselhos que o jornal brasileiro Correio da Bahia dá, no contexto do sistema de ensino do Brasil, aos jovens para as provas de Redação e Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – dicas igualmente úteis a qualquer aluno que estude em português;
– um projeto que foca o contacto da língua portuguesa com as culturas em suaíli, língua que se fala do norte de Moçambique à costa da Somália – trata-se do Acervo Digital Suaíli;
– a realização do 1.º Encontro da Edição Galega e Portuguesa, subordinado ao tema "Galiza e Portugal dois mercados que se ignoram?", no dia 25 de setembro no auditório do Conselho da Cultura Galega, em Santiago de Compostela – mais um acontecimento a somar-se aos muitos que marcam a aproximação entre a Galiza e o mundo de língua portuguesa.
3. No consultório, pergunta-se: como aportuguesar a palavra grega gorgóneion, um amuleto que se usava na Antiguidade? Será correto dizer-se que isto é «tão meu quão teu»? Como usar sujado e sujo? Os pronomes pessoais átonos do espanhol encontram sempre tradução exata em português? E como se pronuncia o nome Dinamene, que os sonetos camonianos tornaram célebre? E como explicar gramaticalmente o título de uma canção de Caetano Veloso – "O quereres"?
4. Sobre os programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa: na RDP África, no programa Língua de Todos, fala-se do português em Moçambique e a valorização das línguas bantas (sexta-feira, dia 21 de setembro, às 13h15*, com repetição no sábado, dia 22/09); no domingo, 23 de setembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 29/09, pelas 15h30*), no Páginas de Português, da Antena 2, o tema em foco é o das experiências de alfabetização.
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
1. No âmbito da lusofonia, assistimos à expansão do ensino da língua portuguesa na China e vemos o português a ser motivo de reunião de cinquenta e quatro artistas de países de língua portuguesa, numa exposição intitulada “Frente. Verso. Inverso — Arte Contemporânea dos Países de Língua Portuguesa nas Coleções em Portugal”, a decorrer na galeria da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa.
2. Das palavras usadas inadequadamente no mundo do futebol à consagração dicionarística do verbo desmoer: dois artigos que convidam à reflexão sobre a língua que usamos, e vemos e ouvimos usar, na rubrica O nosso Idioma.
3. «Faz de conta» escreve-se ou não com hífen? A sigla VIH usa-se ou não com artigo definido? Como distinguir «tal como» de «tais como»? E adotante de adotivo? Coloca-se vírgula antes de para? E ainda a locução «a conselho de» e uma relativa complexa numa tradução do texto bíblico. Estão são as novas questões disponíveis no Consultório.
4. Na RDP África, no programa Língua de Todos, a professora Ana Maria Martinho fala sobre a língua portuguesa em Moçambique e a valorização das línguas bantas (sexta-feira, dia 21 de setembro, às 13h15, com repetição no sábado, dia 22/09).
O programa Páginas de Português, da Antena 2, passa uma entrevista com a professora Luiza Cortesão, presidente do Instituto Paulo Freire Portugal, sobre experiências de alfabetização. O programa irá para o ar no domingo, 23 de setembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 29/09, pelas 15h30).
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui. Hora oficial de Portugal continental.
1. A atualidade fica marcada pela visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Angola em 17 e 18 de setembro. Propondo um novo programa estratégico de cooperação de Portugal com este país africano, António Costa realça o papel da língua comum* em declarações ao Diário de Notícias de 16/09/2018: «[...] a língua é sempre uma mais-valia. Não é só uma mais-valia para Portugal, como disse, e bem. É uma mais-valia para todos e para cada um dos países lusófonos. Para aqueles [onde] a língua é no fundo um fator de unidade nacional e é sobretudo [a possibilidade] de podermos partilhar e enriquecer diariamente em conjunto uma língua que é falada em quatro continentes. E é uma das línguas globais e do futuro.»
* A propósito da deslocação de António Costa a Angola, recorde-se como, ao longo dos anos, o Ciberdúvidas tem seguido o desenvolvimento e a consolidação do português. Exemplos significativos são a colaboração na produção do programa de rádio Mambos da Língua e a divulgação do que, no contexto editorial e jornalístico angolano, se escreve sobre temas de uso e gramática, não contando com muitos outros artigos em linha, dos quais se salientam: Angola obriga rótulos em português, Angola promove o bilinguismo no ensino primário, Línguas nacionais de Angola sob estudo, O português em cadência angolana, Ensaboado & Enxaguado, «O dia da `dipanda´»1, 100 mil crianças angolanas já envolvidas Português + 1 língua nacional, logo na 1.ª classe, Sinopse do programa Mambos da Língua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola, Sobre a aprendizagem das línguas nacionais, em Angola, Empréstimos do umbundo no português de Angola, Amélia Mingas quer «maior aposta» no ensino das línguas nacionais em Angola.
2. Continuando em África, faça-se ainda a aqui um registo que faltava, o da comemoração, neste ano de 2018, do segundo centenário da elevação a cidade da ilha de Moçambique.
3. Será que o vocativo «minhas amigas e meus amigos» é, sob diferentes aspetos, melhor do que empregar «meus amigos», forma em que o masculino vale para os dois géneros? Sobre esta questão, que, afinal, reflete o debate à volta da igualdade de género, o consultório dá mais um parecer, a que se juntam novas respostas sobre uma construção sintática com o verbo submeter, certas liberdades poéticas com a estrutura frásica, o uso do adjetivo cluniacense e uma curiosa característica fonética do português do Brasil.
4. Na rubrica O nosso idioma, retoma-se o tema da relação secular (e controversa) da língua portuguesa com a cultura indiana através do testemunho do investigador indiano Shiv Kumar Singh, professor de Estudos Indianos na Universidade de Lisboa e autor do Dicionário Hindi-Português-Hindi. Ainda na mesma rubrica, a linguista Sandra Duarte Tavares define usos obrigatórios da vírgula e identifica casos em que ela está proibida.
1. A escritora angolana Alda Lara (1930-1962) é homenageada no Congresso Internacional Mulheres Africanas em Trânsito, que decorre na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, nos dias 15 e 16 de novembro de 2018. O Congresso abordará também textos de diferente âmbito produzidos por mulheres africanas «em trânsito», i.e., que, por alguma razão, saíram do seu país de origem (mais informações aqui). Sobre a vida e obra de Alda Lara, veja-se o episódio que lhe dedicou o programa Leituras – Histórias da Literatura Angolana.
2. Na rubrica O nosso idioma, reflete-se sobre os neologismos, a propósito da utilização do termo transversalidade para caracterizar a apresentadora Cristina Ferreira numa entrevista dada ao jornal "Público" pelo novo diretor de Programas da SIC, Daniel Oliveira.
3. No consultório, entre as nove novas respostas da presente atualização do Ciberdúvidas, abordam-se questões muito diversificadas que abarcam a formação de palavras (pessoalismo/pessoalista), a utilização de preposições (contra, por, durante), a classificação de orações, a pontuação (na banda desenhada) e o tempos verbais numa ata.
4. Voltando à atualidade relacionada com a promoção do português, a ministra timorense da Educação, Dulce de Jesus Soares, anunciou o apoio do Estado timorense à expansão da Escola Portuguesa de Díli: um projeto que se coloca ao serviço da qualificação dos estudantes timorenses.
5. Uma breve nota para lembrar que o programa Língua de Todos, transmitido na RDP África, na sexta-feira, 14 de setembro, às 13h15* (com repetição no sábado, dia 8/09), é dedicado ao tema da diversidade e a estetização do português, dando especial atenção ao português de Moçambique. O programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 16 de setembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 15/09, pelas 15h30), foca a utilização do texto literário nas aulas de português.
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui, . Hora oficial de Portugal continental.
1. Na rubrica Pelourinho, evoca-se o nome de uma nova rádio – Zigzag – que, por ser portuguesa, e tendo em conta o seu público (infantil) alvo, tudo concorria para a opção pela grafia ziguezague, há muito atestada em língua portuguesa. «Foice o tempo»: mensagem mural que recordou a Maria Eugénia Leitão o homófono «foi-se o tempo» e desencadeia toda uma reflexão sobre o tempo que passa, em O Nosso Idioma.
2. No Consultório, abordam-se temas variados: do significado do regionalismo algarvio «e vai roupa» à utilização da vírgula no lugar da conjunção ou, passando pela regência dos nomes informação e ligação e pela sinonímia das preposições ante e perante.
3. Em Portugal, começa neste dia um novo ano letivo (ler notícia aqui). De acordo com o Despacho n.º 6020-A/2018, as aulas são retomadas entre os dias 12 e 17 de setembro, para todos os níveis de ensino não superior – pré-escolar, ensino básico e ensino secundário – e terminam entre 14 e 21 de junho de 2019. Vem, portanto, a propósito assinalar respostas e outros artigos em arquivo, à volta do universo das escolas, agentes decisivos na transmissão da norma-padrão: "Adjetivos relativos a escola"; "Docente e discente"; "Docente"; "Forma de tratamento de professor"; "Aluno"; "Alumnus, alumni = 'antigo aluno', 'antigos alunos'"; "O termo ensino-aprendizagem"; "Os termos aprendizagem e aquisição"; "Escola, norma e variação"; "Escolas do paraíso"; "Uma reflexão sobre o ato de ensinar"; "Discutir a escola"; "Rufias, xícaras e búlis e outras faltas de chá"; "Viver em diversidade". A toda a população escolar, votos de bom trabalho.
4. Decorreu em Lisboa, nos dias 10 e 11 de setembro p. p., a 1.ª Reunião Técnica de Certificação de Competências em Português Língua Estrangeira – Em Busca dos Caminhos Necessários e dos Caminhos Possíveis. Insere-se este encontro na ação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, com vista ao «planeamento e coordenação de projetos ligados ao fortalecimento da Língua Portuguesa», conforme salienta a declaração da XII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, realizada em Santa Maria em 17 e 18 de julho de 2018.
5. O programa Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, 14 de setembro, às 13h15* (com repetição no sábado, dia 8/09), entrevista Annabela Rita, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sobre a diversidade e a estetização do português, dando como exemplos o português de Moçambique e referindo-se ainda à questão de um "cânone" da língua portuguesa.
Na Antena 2, o programa Páginas de Português, que tem nova emissão no domingo, 16 de setembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 15/09, pelas 15h30), entrevista a mesma especialista sobre a importância da utilização do texto literário nas aulas de português.
* Os programas Língua de Todos, e Páginas de Português ficam disponíveis posteriormente aqui e aqui, . Hora oficial de Portugal continental.
1. Na rubrica Montra de Livros, divulga-se a obra Linguística Histórica e História do Português, coordenada por Paulo Osório, professor e investigador da Universidade da Beira Interior.
2. Em O Nosso Idioma, Filipe Gil, num artigo de opinião publicado no Diário de Notícias (Ócio), em 5 de setembro («Ter ou experienciar»), reflete sobre as tensões entre o verbo ter e o verbo experienciar na forma como as novas gerações encaram as suas opções de vida.
3. No consultório reflete-se sobre a função do acento grave na sinalização de vogais átonas abertas e sobre a transcrição fonética desta situação. Explicita-se, ainda, a diferença de significado entre as palavras motivo e padrão.
4. Prestamos a nossa homenagem à Professora Ofélia Paiva Monteiro, recentemente falecida. Professora catedrática da Universidade de Coimbra e eminente estudiosa dos textos de Almeida Garrett, Ofélia Paiva Monteiro deixou-nos um legado que manterá um lugar ímpar e fecundo no campo dos estudos garrettianos. Nas palavras de Carlos Reis, «a muita sabedoria que nela existia, sem ostentação nem espavento, aliada a uma elegância intelectual por todos reconhecida, fizeram de Ofélia Paiva Monteiro uma ativa investigadora do projeto Figuras de Ficção e um exemplo para quantos tiveram o privilégio de a ler e de a escutar.»
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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