1. A importância das palavras fica bem patente na nova atualização do Consultório. Elas suscitam dúvidas sobre a sua grafia (bola ou bôla?), a sua origem (mandonismo faz parte do português do Brasil?) e as suas concordâncias (Olhos cinza ou olhos cinzas? e «O problema do Brexit é as fronteiras» ou «são as fronteiras»?)
2. A atualidade traz à tona palavras que se repetem incessantemente na comunicação social ou nas conversas quotidianas:
– Black Friday é a expressão oriunda dos Estados Unidos que dominou o comércio em Portugal e noutros locais do mundo e que já deu origem a termos derivados como Black Weekend ou Black Week. Em português, deveria preferir-se a designação Sexta-feira Negra, termo que continua em segundo plano face ao domínio da expressão inglesa;
Podemos recordar um pouco da história do aparecimento do nome/conceito Black Friday aqui e aqui.
– A palavra risco desencadeia a reflexão da jornalista Rita Pimenta na sua coluna semanal no P2 (suplemento do jornal Público): os riscos presentes na derrocada de uma pedreira em Borba ou evocados pela morte de uma família em Sabrosa, que «vieram lembrar como é "um risco" viver em Portugal», como afirma a autora;
– Mármore, outro termo relacionado com a derrocada da pedreira de Borba, é palavra retomada por Galopim de Carvalho, professor universitário português jubilado, muito conhecido pela defesa da divulgação e preservação do património relacionado com os dinossauros, num texto publicado originariamente na sua página pessoal do Facebook. Nele recorda a origem e a história da palavra, as características geológicas do calcário e ainda palavras relacionadas com mármore;
– A ilha Sentinela do Norte, na Índia, e os seus habitantes, os sentinelenses, viram-se recentemente envolvidos na notícia do homicídio de um missionário estadunidense que decidiu evangelizar este povo que há muito vive isolado do mundo, devido ao seu caráter violento. Estes factos são o ponto de partida para a nova publicação do tradutor e professor universitário Marco Neves, no seu blogue Certas Palavras. Nela, reflete-se sobre as condições de aparecimento da linguagem entre os seres humanos, assinalando estudos fundamentais sobre o assunto e destacando alguns traços comuns às diferentes línguas humanas que serão também característicos da língua dos sentinelenses, que nunca ninguém ouviu.
3. Da autoria de Marco Neves é o recém-publicado Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português, da editora Guerra & Paz – em destaque na rubrica Montra de Livros, com um apontamento do editor executivo do Ciberdúvidas, Carlos Rocha. Trata-se de uma obra que procura desmistificar ideias feitas sobre usos considerados incorretos e na qual o autor defende um uso mais aberto da língua.