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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se a recente publicação da História Sociopolítica da Língua Portuguesa, de Carlos Alberto Faraco, professor da Universidade Federal do Paraná, que, com esta obra, marca os estudos da história externa do português pelo seu poder de síntese e pela lucidez com que avalia a situação presente da língua.* Na mesma rubrica, menciona-se outro livro, ao encontro da necessidade de expor cedo à leitura os estudantes de Português como Língua Estrangeira: Contos com Nível (A2), de Ana Sousa Martins, linguista e coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa.

* Na imagem, História do Futuro (1718), do padre António Vieira (1608-1697).

2. Sobre as muitas facetas do português e, entre elas, o seu uso literário, a rubrica O Nosso Idioma disponibiliza um texto com o título "A língua portuguesa como futuro", que a escritora portuguesa Lídia Jorge publicou no Jornal de Letras em 11/05/2016 e do qual retiramos esta breve passagem: «[...] a Literatura é impureza, tantos são os detritos que para ela confluem, e a Língua, o fluido da qual a Literatura se serve, é por definição um sistema impuro. A Língua reformula-se permanentemente, em cada dia esquece palavras, cria palavras, transforma-se em contacto com novos sistemas, agrega elementos dos novos sistemas. É um processo em construção.»

3. As Controvérsias acolhem novo debate, também à volta da expressão literária, desta vez, no contexto do ensino não superior em Portugal, com um texto intitulado "Manual de boas práticas para acabar com a Educação Literária" (jornal Público, 15/05/2016) e escrito por Luís C. Maia, coautor do Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário, para «dar conta do que se vai fazendo para a desvalorização da Educação Literária». Debate continuam a suscitar as declarações do presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua recente visita a Moçambique, sobre o Acordo Ortográfico. Deixámos nessa rubrica os últimos textos publicados na imprensa portuguesa.

4. No Pelourinho, a professora Isabel Casanova comenta e ilustra com um uso mediático a confusão entre «pedir que...» e «pedir para...».

5. Em Portugal, o Benfica sagrou-se tricampeão em 15 de maio p. p., e, nos comentários televisivos e radiofónicos, recaiu-se no erro da deficiente prolação "competividade", em lugar de competitividade. Sobre esta incorreção, recuperamos do nosso vasto arquivo o artigo 'Competividade', esse exemplo de poupança silábica", de Luís Carlos Patraquim, e a resposta Competividade.

6. Justifica-se falar de correção sintática a respeito do contraste entre «jogar futebol» e «jogar à bola»? A resposta faz parte do consultório, cuja atualização inclui outras duas dúvidas, uma sobre o sufixo -dor, e outra acerca dos complementos diretos de verbos como medir e custar.

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1. Na rubrica Notícias, deixamos transcrito o comunicado final da XI Reunião do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)*, que decorreu na cidade da Praia, de 9 a 11 deste mês. Refira-se que também na Praia, em 11 de maio p. p., se realizou o colóquio internacional Língua Portuguesa: Ações e Projeções, evento preparatório da III Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que está prevista para os dias 14 a 18 de junho p. f., em Timor-Leste.

* O IILP é o órgão da CPLP a que compete a concertação para a política linguística entre os Estados-membros. A sua presidência é rotativa, sendo a atual diretora-executiva, desde 2014, a professora moçambicana Marisa Mendonça. O Conselho Científico do IILP reúne ordinariamente uma vez por ano, estando representados todos os Estados-membros através de comissões nacionais nomeadas governamentalmente. Na reunião de alto nível deste ano estiveram oficialmente representados Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste, país que acolherá dentro de um mês a III Conferência sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial, realizada pela última vez em Lisboa em 2013. A comissão nacional portuguesa junto do IILP foi liderada por Ana Paula Laborinho, presidente do conselho diretivo do Camões, e incluiu representantes oficialmente nomeados de vários ministérios e da Academia das Ciências de Lisboa (que, no entanto, não compareceu).

2. Um dos 19 pontos desse comunicado foi a aprovação dos critérios comuns de interpretação para o Acordo Ortográfico no âmbito do desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC)**.

** O Vocabulário Ortográfico Comum é o instrumento oficial previsto no tratado (art.º 2.º) do Acordo Ortográfico para mediar e atingir uma interpretação consensual do Acordo Ortográfico pelos vários países. A sua plataforma já fora oficialmente reconhecida na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP de 2014, em Díli, estando desde então em curso a inserção nela dos dados de todos os países participantes, processo com finalização prevista para este ano. Até ao momento, já foram entregues oficialmente ao IILP os vocabulários ortográficos de Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. Em Moçambique, a disponibilização de um vocabulário que reflita as especificidades do léxico e da cultura do país é apontada como um dos últimos passos necessários para a ratificação e aplicação nacional do Acordo Ortográfico.

3. A decisão marca, historicamente, a primeira vez em que há um acordo sobre a interpretação das regras de ortografia entre os vários países de língua portuguesa***.

*** No passado, nomeadamente em 1931, houve tratados sobre a ortografia acordados, mas que foram interpretados de forma diferente, levando a divergências que se mantiveram na escrita até aos dias de hoje.

4. Outra das medidas aprovadas foi a criação de uma estrutura de acompanhamento permanente ao VOC****, integrando especialistas na área das línguas de todos os Estados-membros da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP), que fará a sua gestão multilateral e dos dados contidos nele (ponto 3 do comunicado, nele incluídos esclarecimentos suplementares do presidente do Conselho Consultivo do IILP, o moçambicano Raul Calane da Silva).

**** O VOC, de cujo desenvolvimento o IILP foi incumbido pelos Estados-membros da CPLP em 2010, é um repositório digital que incorporará mais de um milhão e meio de formas da língua portuguesa, num total de mais de 200 000 entradas lexicográficas representativas da língua escrita em todos os países, além de outros recursos, como uma extensa lista de topónimos (nomes de lugares) e de palavras não adaptadas à grafia do português (vulgarmente conhecidas como estrangeirismos). O instrumento, que acolhe uma metodologia comum e pretende representar o léxico do português como um todo, tem versões específicas para cada Estado da CPLP, de acordo com as características definidas pelas equipas de cada país.

5. Se em Cabo Verde se reforçaram os consensos à volta do idioma comum, em Portugal continuam os ecos em sentido contrário. Via jornal Público, um grupo anti-Acordo Ortográfico anuncia ter intentado uma ação judicial no Supremo Tribunal Administrativo para a revogação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, emitida pelo governo de José Sócrates, a partir da qual a atual norma passou a vigorar oficialmente em Portugal. Nos seus antípodas – ou seja, sobre “A irreversibilidade da aplicação do AO90 em Portugal” – pronuncia-se D’Silvas Filho, ainda sobre as declarações do presidente da República português, em Moçambique, onde aventou a possibilidade da sua reavaliação (posteriormente considerada, pelo próprio, como um «não tema»).

6. Só na segunda-feira, dia 16, o Ciberdúvidas voltará com nova atualização no consultório e demais rubricas, ficando acessível, como sempre, o seu vasto e tão diversificado arquivo de perto de 40 mil textos. Um serviço gracioso e sem fins comerciais – que, para a sua manutenção, só pode contar com o apoio generoso dos seus consulentes.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O que é um «núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantêm entre si uma relação solidária»? É uma família, de acordo com o novo verbete que o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa vai incluir na sua próxima edição. É o que se pode ver neste vídeo que mostra como as mudanças desta organização social estão a ter impacto também nos registos dicionarísticos. Fica também disponível na rubrica O Nosso Idioma.

4. Como usar os latinismos? Uma resposta do consultório revela que, além da forma portuguesa currículo, ainda se emprega o latim curriculum, com o plural curricula, mas sem o preciosismo de declinar o vocábulo em todos os casos. E que dizer de bunker, no sentido de «abrigo para proteção em situação de guerra»? Não tem origem alemã? Já foi adaptado ao português? Finalmente, como se escreve e conjuga o verbo enxaguar?

3. A respeito do Acordo Ortográfico, continua a ser notícia a polémica gerada pelas declarações que o presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, fez no decurso da sua viagem oficial a Moçambique – entretanto reconsideradas posteriormente pelo próprio como, afinal, «um não tema». Na rubrica Acordo Ortográfico ficam disponíveis, aqui, sete novos textos que, sobre o tema, pró e contra, se publicaram nos últimos dias na comunicação social portuguesa: "Secretário executivo da CPLP diz que não há volta atrás no acordo" (9/05/2016); "Governo angolano diz que há progressos em torno do Acordo Ortográfico" (9/05/2016); "A primeira grande gafe diplomática de Marcelo" (10/05/2016); "Acordo ortográfico. Países africanos atacam Marcelo e não querem reabrir processo" (10/05/2016); "Por que não devemos revogar o Acordo Ortográfico" (10/05/2016); "A irreversibilidade da aplicação do AO90 em Portugal" (11/05/2016); "Marcelo: Acordo Ortográfico «é um não tema»" (11/05/2016).

4. Termina neste dia a XI Reunião Ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), desde o dia 9 p. p. a decorrer na cidade da Praia, Cabo Verde. Prevê-se que deste encontro decorram decisões importantes para o desenvolvimento dos vocabulários ortográficos nacionais sobre os quais assenta o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (também conhecido pela sigla VOC).

5.  Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– O Língua de Todos de sexta-feira, 13 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 14 de maio, depois do noticiário das 9h00*), conversa com o escritor Ungulani Ba Ka Khosa, secretário-geral da Associação de Escritores Moçambicanos, no contexto do 5 de maio, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, data que foi comemorada na sede da CPLP.

– Esta sessão reuniu em Lisboa escritores e especialistas, de João Melo, de Angola, a Nataniel Ngomane, de Moçambique e presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa; de António Horta Branco, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Marisa Mendonça, diretora executiva do IILP, com sede em Cabo Verde. O Páginas de Português de domingo, 15 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), entrevistou o professor António Horta Branco, acerca do significado destas comemorações.

* Hora de Portugal continental.

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1. Apesar de muito falado pelo mundo fora, o português tem ainda um estatuto subalterno na Europa, quantas vezes marginalizado pelas preocupações que dominam a vida deste continente. Contudo, o nosso idioma tem efetivamente as raízes europeias que lhe vêm do património latino, definindo-o como parente não só das línguas românicas (o espanhol, o catalão, o francês, o italiano ou o romeno), mas também, como se sabe, de todas as que constituem a família indo-europeia (o alemão, o grego ou as línguas eslavas são exemplos). Além destes laços linguísticos, importa sublinhar que, para o bem e para o mal, Portugal, o país donde a língua se expandiu para outras paragens, é um país europeu e membro da União Europeia. Assinale-se, portanto, o Dia da Europa*, que se comemora nesta data, propondo a leitura de várias respostas e artigos em arquivo que fazem eco dessa relação ora feliz ora tormentosa: "Europeidade e 'europeialidade'/'europalidade'"; "Euro, de novo"; "Eurorregião, de novo"; "Gentílicos usados pelos serviços da União Europeia"; "A soberania contra a língua"; "A grafia de nações da Europa de Leste"; "Novamente o português, língua da Europa"; "Estamos à altura da língua que temos? Um teste muito simples"; "Uma Europa que subalterniza o português"; "A pseudodefesa do português"; "O ensino de línguas estrangeiras, hoje na Europa".

* Ao lado, imagem de Sebastian Munster (conforme Johannes Bucius), Der Cosmography (a Europa em forma de rainha), Basileia, Suíça, c.1588 (fonte: Roderick Barron, "Bringing the map to life: European satyrical maps 1845-1945", Belgeo, 3-4, 2008, pp. 445-464).

2. Conforme se tem dado relevo, começa neste dia, prolongando-se até 11 de maio p. f., a  XI Reunião Ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) na cidade da Praia, Cabo Verde. A abertura deste encontro conta com a presença do secretário executivo da CPLP, o embaixador moçambicano Murade Murargy, e tem entre os temas analisados o desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e dos seus vocabulários nacionais.

3. Outro assunto que voltamos a assinalar é o relançar da polémica em Portugal à volta do Acordo Ortográfico (AO), no seguimento de declarações do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, em Moçambique Na rubrica Acordo Ortográfico, continua a fazer-se a atualização e disponibilização do muito que se tem dito na comunicação social portuguesa, pró e contra, acerca deste assunto, incluindo, já, a clarificação do secretário executivo da CPLP sobre a real posição de Angola e de Moçambique quanto à ratificação do AO. O conjunto destes textos  está disponível aqui.

4. Na rubrica O Nosso Idioma, apresenta-se o registo em vídeo da palestra subordinada ao título "As palavras não são como o vento", proferida em 2015 pela professora Sandra Duarte Tavares, também nossa consultora.

5. Chegam novas perguntas ao consultório:

– o que quer dizer o termo prolepse, usado nos estudos literários?

– a que classe de palavras pertence um que do poema Cântico Negro, de José Régio (1903-1969)?

– como se contraem as sílabas de um verso?

– é correto fazer a inversão do sujeito numa frase declarativa?

– que significa e que plural tem a palavra mogol (não confundir com mongol)?

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A  XI Reunião Ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) realiza-se de segunda a quarta-feira próximas, de 9 a 11 de maio p. p., na cidade da Praia, Cabo Verde, contando, na abertura, com a presença do secretário executivo da CPLP, o embaixador moçambicano Murade Murargy. Um dos temas abordados será certamente o desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e dos seus vocabulários nacionais, referido várias vezes nas comemorações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura deste ano, na sede da CPLP, em Lisboa. 

2. Instrumento estratégico previsto pelo tratado do Acordo Ortográfico assinado pelos Estados-membros da CPLP, em 1990, a plataforma do VOC foi lançada publicamente em 2015, estando desde então a ser nela integrados os vocabulários ortográficos nacionais entretanto já finalizados: Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. O de São Tomé e Príncipe encontra-se ainda em fase de aprovação do respetivo governo, faltando apenas os de Angola e da Guiné-Bissau para que todos os países de língua oficial portuguesa disponham, finalmente, de vocabulários próprios e consonantes com a identidade linguística e cultural de cada um deles. É o caso, nos países africanos, das palavras transmitidas pelas línguas bantas.

3. Na rubrica Acordo Ortográfico, damos nota da polémica relançada em Portugal com as declarações do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que, no decurso da sua visita oficial a Moçambique, considerou que uma eventual não ratificação por parte do parlamento deste país pode ser «uma oportunidade para repensar a matéria».

4. No contexto das comemorações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, num artigo publicado no Jornal de Notícias de 5/05/2016 e disponibilizado pela rubrica Lusofonias, sublinhou: «O que é promover a língua portuguesa? É promover a sua afirmação como língua internacional, de comunicação e de negócios. É promover o seu ensino, em todos os níveis. É promover o seu uso, quotidiano e cultural. É promover a criação que se exprime em português. E é promover o diálogo e a cooperação entre todos os seus falantes, e as comunidades, nações e países que eles formam.» 

5. A atenção mediática continua a focar os chamados «papéis do Panamá» (ou «documentos do Panamá»), embora os termos neles empregados não sejam muito claros: por exemplo, ao contrário do que se poderia supor, «empresa de fachada» não é o mesmo que «empresa-fantasma». Para facilitar a compreensão das subtilezas desta terminologia, o jornal francês Le Monde organizou um breve glossário que a publicação eletrónica brasileira Carta Maior traduziu agora para português. Disponível também na página do Clube de Jornalistas, de Portugal.

6. Um poema de Álvaro Magalhães suscita uma dúvida sobre uma figura de retórica, a personificação. Quem esbraceja quer também conhecer o processo de formação deste verbo. E que vem a ser um hostel? Deve empregar-se o termo, ou há outros com maior tradição em português? Respostas e comentários no consultório.

6. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, refira-se que o Língua de Todos de sexta-feira, 6 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 7 de maio, depois do noticiário das 9h00*), se centra em aspetos gramaticais, tais como a sintaxe verbal. O Páginas de Português de domingo, 8 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), é também dedicado a várias questões da língua, entre elas, as que dizem respeito à supressão na escrita – por aplicação do Acordo Ortográfico – das consoantes mudas c e p, quando não pronunciadas (mais informação na Abertura de 4/05/2016).

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Comemora-se em 5 de maio o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, assinalado neste ano por várias cerimónias e encontros temáticos, tanto nos países de língua oficial portuguesa quer noutros pontos onde existam comunidades de falantes. Entre os títulos das notícias referentes a este dia ou que com ele se relacionam, por darem conta do que se faz para promoção da língua portuguesa, salientamos:

"200 ações em 58 países assinalam Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP" (Sapo24)

"Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP" (Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.)

"Uso do português no Comité Olímpico Internacional" (Observatório da Língua Portuguesa)

2. Em Portugal, continua o debate em torno da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, tido por «linguagem sexista». No artigo Os cidadãos e a gramática, publicado neste dia no jornal Público, a professora Maria Regina Rocha lembra que o signo linguístico é arbitrário e o género constitui uma categoria gramatical a não confundir com o sexo biológico.

3. Porquê desejar, e não o mais franco e direto querer? E porque não ter, em vez de possuir? Em memória do historiador e escritor português Paulo Varela Gomes, falecido em 29 de abril p. p., a rubrica O nosso idioma disponibiliza uma excelente crónica sua escrita em 2010 para o jornal Público, com o título E falar português, vai desejar?, a propósito de certas expressões que empecem as mentes e o trato entre os falantes de Portugal. Sobre esse mesmo texto à volta do "falar rebuscado" – recolhido posteriormente para o livro Ouro e Cinza (Tinta da China Edições, 2014) – vale a pena ouvir, ainda, o apontamento que lhe dedicou David Ferreira na rubrica A Contar, na Antena 1, no dia 3 p.p.

4. Se escrevemos ouro e besouro com ou, porque será que tantos de nós dizem "ôro" e "besôro"? Uma resposta do consultório procura dar algum enquadramento normativo e histórico à redução do ditongo ou, que, embora se mantenha entre falantes do terço norte de Portugal, raramente é proferido no resto deste país. Dá-se ainda atenção a dois neologismos de registos muito diferentes: "afinzão", uma criação popular brasileira, e pseudonomizar, que desponta no discurso administrativo e burocrático.

5.  Sobre os temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

o Língua de Todos de sexta-feira, 6 de maio (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 7 de maio, depois do noticiário das 9h00*), centra-se em aspetos gramaticais, tais como: «ele protestou a iniciativa», ou «ele protestou contra a iniciativa»?; e «ela entregou ao funcionário a carta», ou «ela entregou a carta ao funcionário»? 

– o Páginas de Português de domingo, 8 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), é integralmente dedicado a questões funcionais da língua, entre elas, as que dizem respeito à supressão na escrita – por aplicação do Acordo Ortográfico – das consoantes mudas c e p, quando não pronunciadas. As palavras direto e espetador, por exemplo, passam a ser pronunciadas, respetivamente, com e fechado e o chamado «e mudo», devido à queda do c? Há também muita confusão entre as preposições sob e sobre. Por exemplo, devemos dizer «estou sob pressão», ou «sobre pressão»? As respostas dos consultores Carlos Rocha e Sandra Duarte Tavares.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. No consultório, pergunta-se:

– Pode a locução «por acaso» marcar uma perspetiva negativa sobre o conteúdo de um enunciado?

– É correto pospor o determinante possessivo ao substantivo?

– Um carro da marca Ferrari é um ferrári, com minúscula (e acento agudo)?

2. No Pelourinho, retoma-se o recorrente mau uso de solarengo e da abreviatura do numeral 1.º, a propósito de um episódio recente da atualidade política portuguesa e da comemoração do Dia Internacional do Trabalhador, respetivamente.

3. Na Montra de Livros assinalamos a publicação de Doze Segredos da Língua Portuguesa, um livro do tradutor e professor universitário Marco Neves, que aí revê e desafia os mitos e os preconceitos mais comuns à volta do português de Portugal.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Precisaremos nós em Portugal de usar e inventar constantemente nomes ingleses para intitular programas e denominar espaços? Não será tudo isto caricato fora do contexto cultural anglo-saxónico? A rubrica O nosso idioma divulga um texto de Nuno Pacheco saído na edição deste dia do jornal Público, a propósito do abuso de anglicismos na vida mediática e institucional, como parece acontecer com o News Museum, que, em vernáculo, vem a ser o Museu das Notícias, localizado na portuguesíssima Sintra.1

Sobre o uso e abuso dos estrangeirismos em geral, entre outros apontamentos, lembramos estes textos disponíveiis no arquivo do Ciberdúvidas: Sobre os estrangeirismosEstrangeirismos q.b.; Anglicismos desenfreadosE o humor foi também em inglês?Talentos e talentaçosPor uma campanha de alfabetização de economistas, gestores e deputadosO anómalo "jihadista"Porquê Panama Papers... em Portugal?O aportuguesamento de vocábulos estrangeirosO uso de anglicismos e o seus aportuguesamento nas ciências computacionaisCampeão português. Logo, em inglêsFalar português...

2. «A bombeiro», ou «a bombeira»? «Portugueses», ou «portuguesas e portugueses»? «Cartão de cidadão», «cartão da cidadania», ou (já agora) «cartão da cidadã e do cidadão»? Até que ponto há sexismo na marcação do género em português? No Correio, comenta-se a proposta de um consulente, que propõe encarar o masculino como um neutro, evitando assim querelas à volta da referência a um mundo onde as mulheres têm voz e ação, muitas vezes em maioria.2

2 Vide, ainda, entre outros textos: Dobrar a línguaElas são eles e elas são eles?O feminino de maestroA juíza + a aprendizaPrimeira-ministraEmbaixadora e embaixatrizSenadora e senatrizO feminino de barão e de cônsulInfanta, um caso particular de femininoSobre o uso da forma presidenta no Brasil e em PortugalO feminino de músicoO feminino de generalSoldado ou soldada?A tropa no feminino.

3. O consultório traz uma curiosidade: o que terá motivado chamar «sopas de cavalo cansado» às tradicionais (e controversas) sopas de vinho com açúcar? Após um tópico de efeitos inebriantes, pergunta-se nem de propósito: como se forma a palavra anestesia?

4. Ainda sobre a relação entre língua, cultura e sociedade, refira-se outro artigo do jornal Público, que assinala um estudo sobre a correlação entre o significado das palavras e a atividade cerebral de um conjunto de falantes de inglês. Os investigadores concluíram que são ativadas diferentes áreas cerebrais, tanto no hemisfério esquerdo como no direito, mas são culturalmente dependentes os mapas funcionais que tornam observáveis as associações semânticas: por exemplo, a palavra inglesa mug poderá não estimular as mesmas áreas que o seu equivalente habitual em português, caneca.

5. Temas da presente semana dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– no Língua de Todos de sexta-feira, 29 de abril (às 13h153, na RDP África; com repetição no sábado, 30 de abril, depois do noticiário das 9h003), Sandra Duarte Tavares, colaboradora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, esclarece várias dúvidas;

– no Páginas de Português de domingo, 1 de maio (Antena 2, às 12h303, com repetição no sábado seguinte às 15h303), conversa com o diretor-geral da Educação, José Vítor Pedroso, sobre o Projeto de Cursos de Português Língua não Materna a Distância da Ciberescola, o qual assenta num processo de cooperação institucional e educativa entre o Ministério da Educação e Ciência de Portugal, através da Direção-Geral da Educação, a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa/Ciberescola da Língua Portuguesa e os agrupamentos de escolas participantes (mais informação na Abertura de 27/04/2016).

3 Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Regressam as atualizações do consultório com uma pergunta sobre a arte literária de Gil Vicente, mais especificamente sobre dois versos da Farsa de Inês Pereira: que figuras de estilo podem ser identificadas em «antes lebre que leão/antes lavrador que Nero»? Três outras questões focam aspetos do funcionamento da norma:

– Juntando o prefixo neo- ao adjetivo rural, como se escreve a palavra derivada: "neo-rural", ou "neorrural"?

– «Fazer que haja alegria», «fazer com que haja alegria»? O que é melhor?

– Qual é a frase correta: «eles não têm nada que vestir», ou «não têm nada que vestirem»?

Uma última dúvida diz respeito a um fenómeno detetável em várias línguas, incluindo o português: o que será a harmonia (ou harmonização) vocálica?

2. Temas da presente semana dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– no Língua de Todos de sexta-feira, 29 de abril (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 30 de abril, depois do noticiário das 9h00*), Sandra Duarte Tavares, colaboradora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, esclarece várias dúvidas: por exemplo, em «ele avisou-nos de que iria sair mais tarde», o verbo avisar deve ou não ser usado com a preposição de antes do que?

– no Páginas de Português de domingo, 1 de maio (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*) põe em foco o Projeto de Cursos de Português Língua Não Materna a Distância da Ciberescola, o qual assenta num processo de cooperação institucional e educativa entre o Ministério da Educação e Ciência de Portugal, através da Direção-Geral da Educação, a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa/Ciberescola da Língua Portuguesa e os agrupamentos de escolas participantes. Este projeto-piloto de inovação educativa visa a disponibilização de cursos direcionados a alunos cuja língua materna não é o português e que não estão a usufruir de medidas educativas adequadas nesta área; propõe, portanto, um ensino especializado na área da aprendizagem do português, conducente não só à promoção da qualidade educativa, como ao desenvolvimento da formação tecnológica e digital dos alunos envolvidos, com vista ao seu sucesso escolar. O Páginas de Português conversou o diretor-geral da Educação, José Vítor Pedroso.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na rubrica Acordo Ortográfico (sub-rubrica Critérios a rever – propostas e sugestões*), no seguimento de um anterior contributo, o nosso consultor D'Silvas Filho propõe um conjunto de critérios para adaptação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 ao português de Portugal, tendo em conta alguns pontos mais controversos e de possível melhoria. A exposição de D'Silvas Filho articula-se por duas partes: na primeira, incluem-se os propósitos do autor e um resumo da sua proposta; e, no texto desenvolvido, enumeram-se vários critérios ortográficos que vão ao encontro das especificidades da variedade lusitana.

* Nesta sub-rubrica, especialmente concebida para o efeito, acolhem-se diferentes contributos para uma maior harmonização dos critérios de interpretação do texto oficial do Acordo Ortográfico, que vêm sendo ponderadas no quadro multilateral do Instituto Internacional da Língua Portuguesa e no âmbito concreto dos trabalhos do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa.

2. No consultório, procuram-se soluções de tradução do galicismo réchampir, que ocorre no fabrico de mobiliário, retoma-se um termo da gramática tradicional e fala-se da aceitabilidade do auxiliar ir no futuro simples.

3. Ainda em Portugal, a propósito da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, por considerá-la «linguagem sexista», depois de um anterior da autoria do jornalista Henrique Monteiro, nas Controvérsias disponibilizam-se mais duas tomadas de posição, saídos neste dia  em jornais portugueses:

– No Diário de Notícias, a jornalista Fernanda Câncio defende em Dobrar a língua que o debate sociopolítico das questões de género pode e deve ter impacto no uso da língua: «Podemos mudar a língua toda? Talvez não. Mas podemos fazer pequenas intervenções simbólicas para sinalizar que essa elisão das mulheres num suposto "neutro" masculino é tudo menos neutral (como o não seria integrar os homens num plural feminino).»

– Abertamente contra a proposta do Bloco de Esquerda se declara o também jornalista Nuno Pacheco com o artigo O sexo das palavras, publicado no jornal Público, observando: «Não bastava a tolice do acordo ortográfico, tolice aliás que o Bloco de Esquerda abraça estoicamente, voltámos agora à mais tola e inútil das cruzadas: a da chamada “linguagem inclusiva [...].»

4. Como já aqui foi assinalado, a crise política no Brasil vem tendo uma expressão marcante num discurso muito próprio, com palavras e termos de saborosa criatividade, como é corrente nos media do país. É o caso mais recente, já nos desenvolvimentos posteriores à tumultuosa votação da Câmara de Deputados sobre o processo de destituição da presidente Dilma Rousseff do dia 17 p. p., de como alguns jornais comentavam um alegado procedimento similar para com o "vice"  Michel Temer: «cheira a piza» e «vai dar piza». Ou seja: «vai ficar tudo em águas de bacalhau», como se diz em Portugal – assinalava neste seu despacho o correspondente do Diário de Notícias, em São Paulo, João Almeida Moreira, lembrando também aí a  origem do uso no Brasil.

5. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 22 de abril (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 23 de abril, depois do noticiário das 9h00*), pergunta-se: devemos dizer aderência, ou adesão? No Páginas de Português de domingo, 24 de abril, às 12h30*, na Antena 2 (com repetição no sábado seguinte às 15h30*), o tema são as VIII Jornadas de Atualização Docente de Português, que se realizaram nesta cidade espanhola nos dias 8 e 9 de abril de 2016 (pormenores na Abertura de 20/04/2016).

* Hora oficial de Portugal continental.

6. Devido ao feriado do 25 de Abril em Portugal, o Ciberdúvidas regressa com nova atualização na quarta-feira, 27 de abril. Neste 42.º aniversário do derrube da ditadura do Estado Novo, do fim da PIDE e da guerra colonial em África, relembramos alguns textos que assinalam o muito que se plasmou também na lingual oficial hoje de oito países independentes:

 

Palavras que nasceram com a década (1974-1984)

Palavras do 25 de Abril (1974-2014)

O 25 de Abril no léxico português

O 25 de Abril e a afirmação da língua portuguesa em África

Promover a língua pelo jornalismo pelo ensino nos 40 anos do 25 de Abril