O verbo rumar seleciona a preposição para (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Editora Objetiva, 2001; Novo Aurélio Século XXI, Nova Fronteira, 1999; Dicionário Gramatical de Verbos Portugueses, Texto Editores, 2007; ou Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, 2001). A forma correta será, então, «rumar para Lisboa».
Contudo, a expressão «rumar a» também é aceitável, conforme registam Francisco Fernandes (Dicionário de Verbos e Regimes, São Paulo, Globo, s. d.) e João Andrade Peres e Telmo Móia (Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Editorial Caminho, 1995, p. 146); está ainda atestada num número apreciável de textos, como se pode verificar através de uma pesquisa no sítio Corpus do Português. O substantivo rumo é usado na locução «rumo a», equivalente a «em rumo de» (cf. idem), o que pode estar na origem da "confusão" (será ainda confusão, ou um uso consagrado pela prática?). Remeto para a seguinte frase do escritor Mário Cláudio (Peregrinação do Barbabé das Índias, 1998):
«Progressivamente se ia afastando a armada do ancoradouro, a rumar a um norte que ninguém tocara, ou que se abrigava no fundo da arca dos tesouros dos fiéis do que nascera séculos depois de Jesus.»
A expressão «rumar a caminho de» é, de facto, pleonástica e não se conforma à norma do português. Resultará, possivelmente, de uma dupla confusão: primeiro, da transformação de «rumar para» em «rumar a» por influência de «rumo a», e depois da fusão entre «rumar a» com a locução «a caminho de».