Siglas e acrónimos são palavras formadas pelas letras iniciais de várias palavras: RTP é uma sigla que representa Rádio e Televisão de Portugal, assim como PT é uma sigla formada pelas iniciais das palavras Portugal Telecom.
De formação semelhante, os acrónimos apenas se distinguem das siglas por permitirem uma leitura silábica: se EDP é uma sigla, já REN é um acrónimo, uma vez que a constituição das letras de EDP nos obriga a uma leitura letra a letra, e REN nos permite uma leitura em sequência como qualquer palavra monossilábica. Unesco, ovni e sida são exemplos de acrónimos em português.
Em consequência da sua formação a partir das letras iniciais de outras, quer se trate de siglas ou acrónimos, estas palavras não variam em número, uma vez que o plural está já incluído na palavra da qual se considerou apenas a letra inicial. Assim, dir-se-á «os PALOP», e não «os *"PALOPs"» ou *"PALOPS" ou, pior ainda,*"PALOP's" (o asterisco marca a má formação da palavra). Nem apóstrofo nem plural. Deverá falar-se nas PPP, as parcerias público-privadas, nas PME, as pequenas e médias empresas, nos PALOP, os países africanos de língua oficial portuguesa. Note-se que o plural está já em parcerias, pequenas, países, palavras de que se retiraram apenas as letras iniciais.
Siglas e acrónimos não variam, pois, em número, nem com letra minúscula, nem com letra maiúscula, nem com apóstrofo.
A cultura portuguesa é muito permeável às importações de estrangeirismos (tecnicamente denominados neologismos externos: palavras novas de formação exterior à língua). Os produtos de proteção solar trazem a sigla inglesa SPF (sun protection factor), quando deveriam apresentar a sigla portuguesa FPS («fator de proteção solar»), fala-se também em CD (sigla inglesa de compact disc) em vez da sigla portuguesa, que seria DC («disco compacto»). Em todo o caso, nem "CDs", nem "CD's". Deverá dizer-se e escrever-se: «os CD que te emprestei», por exemplo, e não «os *CDs que te emprestei».
O anúncio em apreço também recorre à versão inglesa da sigla: personal computer em vez do português «computador pessoal». Mas não deveria fazer a sigla (inglesa ou portuguesa) variar em número: quer se trate de um, quer se trate de muitos, a palavra deverá sempre ser PC. Sendo tablets uma palavra inglesa, deveria vir grafada em itálico. Assim, o anúncio correto deveria contemplar: PC e tablets.
Cf. A Folha, Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias