1. Duas notícias contrastantes protagonizadas pela língua portuguesa e pela sua vária sorte – do interesse ao desleixo das próprias entidades oficiais:
– No contexto da visita oficial que, de 10 a 12 de junho p. p., o presidente da República e o primeiro-ministro portugueses fizeram a Paris para assinalar o Dia de Portugal, o presidente francês, François Hollande, comprometeu-se a alargar a presença do ensino de português neste país, esperando-se, para o efeito, a marcação «rapidamente» das reuniões de um grupo técnico luso-francês (ler mais aqui, aqui e aqui).
– Em Portugal, conforme informação veiculada pelo Jornal de Notícias do dia 13 p. p. (ler reprodução do texto no Pelourinho), os erros ortográficos da lista de devedores ao fisco permitem que os incumpridores se eximam ao pagamento das dívidas (os chamados calotes). Embora criada para reprimir a fuga aos impostos, pressionando os contribuintes devedores pela estratégia da «vergonha pela exposição pública», acontece que a lista em causa torna vários nomes próprios e apelidos impossíveis de detetar porque os regista com erros ortográficos básicos (falta de til ou cedilha, por exemplo). A presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, lembrando outro caso de incúria oficial – o de carros de algumas polícias municipais exibirem a forma incorreta "policia", sem acento gráfico –, comentou a situação: «É uma falta de cuidado, o que é grave, porque se trata do Estado» (ler também aqui e aqui).
2. Entretanto, realiza-se em Díli, de 15 a 17 de junho p.p., a III Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial. Com organização da Comissão Nacional de Timor-Leste para o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, os trabalhos deste encontro subordinam-se a quatro eixos de discussão: português, língua pluricêntrica do século XXI; ensino e formação em língua portuguesa em contextos multilingues; o potencial económico da língua portuguesa; português, língua de cultura, ciência e inovação. Pormenores na nota informativa disponibilizada pela página da CPLP.
3. No consultório, respostas às seguintes perguntas: qual a diferença entre oferta e promoção? Qual a origem da palavra jangada? Constança é variante de constância?
4. Regressamos na sexta-feira, 17 de junho, com novas perguntas e artigos. Esta data marca, na atividade do consultório, também o começo de uma pausa que se prolongará até ao próximo mês de setembro. Durante esse período, no entanto, continuaremos a dar conta aqui, na Abertura, de notícias sobre temas da língua portuguesa e de conteúdos eventualmente postos em linha nas demais rubricas.
5. Fundado há quase 20 anos, este espaço depende do apoio de quem o procura para esclarecer e debater temas da língua portuguesa na sua diversidade. Relembramos, por isso, a campanha SOS Ciberdúvidas, criada precisamente para garantir que o serviço aqui prestado possa continuar gracioso e sem fins comerciais, indo ao encontro de quantos falam e escrevem português por esse mundo fora. Agradecimentos antecipados pelos contributos que nos fizerem chegar.