1. Em Portugal, na sequência da extinção dos exames finais dos 4.º e 6.º anos de escolaridade, arrancam neste dia provas de aferição para os estudantes dos 2.º, 5.º e 8.º anos, com duas novidades: a oralidade será pela primeira vez avaliada em Português, e os pais receberão um relatório individual com informações sobre o desempenho dos estudantes em cada uma das disciplinas avaliadas (ver também aqui, aqui e aqui). A alunos, professores e pais, desejamos boas provas – incluindo os tradicionais exames.
2. Em tempo de exames e a propósito do ensino da gramática, ocorre perguntar: existirá alguma explicação geral do funcionamento linguístico? Entre filósofos, lógicos e linguistas, salienta-se Noam Chomsky (n. 1928) por ter criado e desenvolvido o chamado generativismo, um corpo teórico que cresceu ao longo de décadas. A sua primeira obra, Estruturas Sintáticas, publicado em 1957, tinha ele 28 anos, estabelecia já os fundamentos de uma gramática capaz formar (gerar) frases segundo regras e princípios comuns a todas a línguas do mundo. «60 anos depois, o que resta destas teorias que revolucionaram a línguística?» é o mote do artigo Noam Chomsky – à la recherche de la grammaire universelle (em português, Noam Chomsky – à procura da gramática universal), publicado em 2015 na revista francesa Sciences Humaines, que a respeito das teorias sobre a gramática universal, faz um balanço pessimista: «Depois de decénios de investigação, nenhum destes modelos conseguiu verdadeiramente impor-se, e a esperança de encontrar um modelo simples e generalizável que permitisse explicar o funcionamento profundo das línguas ainda não foi concretizada até agora.»*
* Sobre o conceito de gramática, leiam-se os seguintes artigos e respostas disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: "Gramática descritiva, gerativa, etc."; "O erro de Chomsky?"; "Gramática de texto, gramática de frase"; "As gramáticas + política de língua"; "A origem da gramática descritiva"; "Teorias sintáticas"; "Que gramática usar?".
3. O consultório recebe quatro novas dúvidas: homem e humano relacionam-se etimologicamente? Não haverá redundância na expressão «rumar a caminho de»? Qual o processo de formação do adjetivo preparatório? E que quererá dizer este curioso vocábulo – bifa?
4. Ainda o debate do galego "versus" a língua portuguesa e o mar de críticas à proposta do Governo português em atribuir ao Conselho da Cultura Galega o estatuto de observador na CPLP. Não haverá outras entidades mais aptas a protagonizar essa aproximação, como defende Renato Epifânio, presidente do Movimento Internacional Lusófono, no jornal Público (texto já aqui referido e disponível na rubrica Controvérsias; ver também reação dos Colóquios da Lusofonia)? Um debate com esta outra importância suplementar: finalmente, a discussão que, à volta da língua da Galiza, começa a ser feita em Portugal, com bem assinala o Portal Galego da Língua, sítio na rede promovido pela Associação Galega da Língua, no seguinte comentário a uma notícia que publicou em 3 de junho p. p.: «A questão linguística galega é cada vez menos invisível em Portugal, e textos como este do Público seriam impossíveis há poucos anos.»
5. Com a campanha SOS Ciberdúvidas, procuramos viabilizar o serviço gracioso e sem fins comerciais que aqui é prestado há quase 20 anos. Agradecimentos antecipados pelos contributos de quantos consultam regularmente este espaço para esclarecer, conhecer ou debater os temas da língua portuguesa em toda a sua riqueza e diversidade.